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Após virar hub de jatinhos do agro, aeroporto de GO aposta em outro setor bilionário: o farmacêutico

Graças à pujança do agro, o aeroporto de Goiânia é o quarto mais movimentado do país na aviação executiva. Agora, abre um terminal refrigerado para atender as farmacêuticas — mais uma potência de Goiás

Embarque no terminal de Goiânia: Em 2024, por ali passaram 3,5 milhões de pessoas, alta de 10% em 12 meses e recorde histórico do aeroporto (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Embarque no terminal de Goiânia: Em 2024, por ali passaram 3,5 milhões de pessoas, alta de 10% em 12 meses e recorde histórico do aeroporto (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 09h00.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 09h26.

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GOIÂNIA* — Um importante hub para a aviação executiva no Brasil, o aeroporto de Goiânia inaugura nesta terça-feira, 23 de setembro, um terminal de cargas 100% refrigerado. O objetivo é atender a demanda crescente das indústrias farmacêuticas de Goiás, segundo maior pólo do setor no Brasil, atrás apenas de São Paulo.

O novo terminal ocupa uma área de 2.133 metros quadrados e tem câmaras frias para um controle rigoroso de temperatura necessário ao transporte de medicamentos e insumos farmacêuticos. Ele está capacitado para receber produtos com temperaturas que variam entre -18ºC e 25ºC, ideal para o estoque de matérias-primas do setor.

"A indústria farmacêutica deve crescer acima da média nacional nos próximos anos, e este terminal contribuirá para uma maior eficiência da cadeia logística deste segmento", diz Monique Henriques, diretora de negócios Brasil da Motiva Aeroportos (antiga CCR Aeroportos), concessionária responsável pela gestão do aeroporto desde 2022, quando assumiu das mãos da estatal Infraero.

A concessionária investiu cerca de R$ 25 milhões para a construção do terminal de cargas refrigeradas.

A força do setor farmacêutico em Goiás

Goiás é o segundo maior polo farmacêutico do Brasil, atrás apenas de São Paulo. A região de Anápolis, a 60 quilômetros dali, abriga o Distrito Agroindustrial (DAIA), onde se localizam grandes indústrias, como Neo Química, Laboratório Teuto e Brainfarma, entre outras.

O estado responde por cerca de 20% da produção nacional de medicamentos, sendo responsável por seis dos dez remédios mais vendidos no país. Em Anápolis, estima-se que anualmente sejam produzidas entre 7 e 8 bilhões de unidades de medicamentos, o que torna a logística de transporte e armazenamento uma parte fundamental do crescimento do setor.

Fundado em 1955, o Aeroporto Internacional de Goiânia passou por diversas fases de modernização. Em 1974, passou a ser administrado pela Infraero e, desde então, o terminal foi ampliado e modernizado várias vezes.

Em 2016, o novo terminal de passageiros foi inaugurado. Entre 2024 e 2025, novas obras de ampliação e modernização foram realizadas, com investimentos totais de R$ 65 milhões.

Novo terminal de cargas refrigeradas de Goiânia: investimento de R$ 25 milhões (Divulgação/Divulgação)

Expansão pós-concessão

Desde que a Motiva assumiu a gestão do Aeroporto Internacional de Goiânia, diversas melhorias foram implementadas no terminal, com foco em expandir a capacidade de atender tanto à aviação comercial quanto à executiva.

A começar pela expansão no mix de lojas ali presentes. O aeroporto passou a contar com 46 lojas e serviços em 2025, comparado às 22 existentes em 2022. A área ocupada pelo varejo também cresceu, saltando de 1.141 metros quadrados em 2022 para 1.732 metros quadrados em 2025.

Entre as novas operações comerciais estão a Living HNK, bar conceito da Heineken na área de embarque com bebidas sofisticadas, além das salas vip W Lounge e BRB Vip Lounge.

No setor de passageiros, o aeroporto registrou um aumento no número de passageiros. Em 2024, por ali passaram 3,5 milhões de pessoas, alta de 10% em 12 meses e recorde histórico do aeroporto, o 14º do país em movimento. No Centro-Oeste, o terminal só perde para o de Brasília.

Além disso, o aeroporto ampliou sua oferta de voos. Em cinco anos, a alta foi de 11%. No período, o terminal passou a contar com novas conexões para destinos como Rio de Janeiro, Recife e Salvador, além dos tradicionais Guarulhos, Congonhas e Brasília.

Esse crescimento é impulsionado pela forte presença de empresas de aviação executiva. Hoje, o aeroporto é o quarto mais movimentado do Brasil em termos de aviação executiva, atrás apenas de Pampulha (Belo Horizonte), Jundiaí (SP) e Campo de Marte (SP).

Em julho de 2025, o aeroporto registrou 2.505 operações de jatinhos e turboélices, um reflexo da forte presença do agronegócio, com muitos fazendeiros utilizando Goiânia como base para suas operações no Centro-Oeste e no Norte do Brasil.

O aeroporto conta com mais de 20 hangares e abriga 18 empresas de aviação executiva, além de vários serviços de manutenção e logística.

O processo de desinvestimento

Apesar das recentes melhorias e do crescimento contínuo, a Motiva está conduzindo um processo de desinvestimento em alguns de seus ativos aeroportuários, incluindo o Aeroporto de Goiânia.

A empresa contratou assessores financeiros para avaliar a venda de sua plataforma de aeroportos, o que inclui o terminal goiano.

No entanto, a Motiva garantiu que o plano de investimentos para 2025 no aeroporto de Goiânia continua em andamento, com foco na expansão das operações e na melhoria da infraestrutura.

O futuro do aeroporto de Goiânia é promissor, com o contínuo crescimento da aviação executiva e da logística farmacêutica, reforçando seu papel estratégico para o setor.

O terminal refrigerado e as recentes expansões são reflexo do desenvolvimento e da adaptação do aeroporto às novas demandas do mercado.

*O jornalista viajou a convite da Motiva Aeroportos

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