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Bosch anuncia corte de 13 mil empregos e reforça crise da indústria automotiva alemã

Montadoras e fornecedores alemães ajustam produção e quadro de funcionários diante da queda da demanda e da competição global por veículos elétricos

Ministra classificou os cortes da Bosch como “um alerta grave para a indústria alemã” (Divulgação Bosch)

Ministra classificou os cortes da Bosch como “um alerta grave para a indústria alemã” (Divulgação Bosch)

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 06h09.

A Bosch planeja reduzir 13 mil postos de trabalho, reforçando sinais de crise na indústria automobilística alemã. O corte faz parte de uma reestruturação mais ampla, que afetará aproximadamente 3% da força de trabalho global do grupo até 2030, segundo informações da Bloomberg.

Nos últimos dois anos, o setor já perdeu cerca de 55 mil empregos, e a Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA) projeta que quase 100 mil vagas serão eliminadas até o final da década.

Além da Bosch, empresas como Volkswagen, Continental, ZF Friedrichshafen, Schaeffler, Audi, Porsche e Ford também anunciaram cortes significativos no quadro de pessoal.

Montadoras e fornecedores enfrentam queda na demanda, aumento dos custos de energia e mão de obra, além da concorrência de fabricantes chineses.

Pressões e desafios estruturais do setor automotivo

A transição para veículos elétricos avança mais lentamente do que o previsto, e concorrentes asiáticos, especialmente a BYD da China, conquistam mercado com carros mais baratos e bem equipados, pressionando margens e acelerando cortes na Alemanha.

O alto custo da mão de obra alemã, mais que o dobro de países como Eslováquia e República Tcheca, somado às tarifas nos EUA, leva fabricantes a ajustar a produção e reduzir investimentos locais.

A Volkswagen planeja cortar 35 mil empregos no país, enquanto Porsche e Audi já eliminaram milhares de postos nas suas unidades de veículos elétricos de luxo, segundo a Bloomberg.

Especialistas apontam que a transformação do setor exige requalificação de trabalhadores para áreas em crescimento, como defesa e tecnologia industrial.

Nicole Hoffmeister-Kraut, ministra da Economia, Trabalho e Turismo do estado de Baden-Württemberg, classificou os cortes da Bosch como “um alerta grave para a indústria alemã”. Ela defendeu que o governo federal adote políticas mais favoráveis às empresas e solicitou à União Europeia que revise o prazo de 2035 para a eliminação gradual dos motores a combustão.

Ainda de acordo com a Bloomberg, a Alemanha tenta apoiar a indústria por meio de investimentos em infraestrutura e defesa, mas a economia do país deve crescer apenas 0,2% em 2025, enquanto a pressão global de EUA e China pode afetar permanentemente a competitividade do setor automotivo.

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