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Caixa eleva provisão contra riscos de calote

Levantamento feito pela Austin Rating mostra que a reserva extra feita pela Caixa para os casos de inadimplência subiu 24,8% na comparação com os seis primeiros meses do ano passado

Agência da Caixa: o banco elevou a provisão de recursos no seu balanço contra o risco de calote no primeiro semestre (.)

Agência da Caixa: o banco elevou a provisão de recursos no seu balanço contra o risco de calote no primeiro semestre (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.

Brasília - A Caixa Econômica Federal é o único dos grandes bancos que elevou a provisão de recursos no seu balanço contra o risco de calote no primeiro semestre. Levantamento da Austin Rating mostra que a reserva extra feita pela instituição para os casos de inadimplência subiu 24,8% na comparação com os seis primeiros meses de 2009 e atingiu R$ 1,9 bilhão. Enquanto isso, o valor caiu nos concorrentes.

Com o aumento dos empréstimos nos últimos meses, já há expectativa de que haja necessidade de nova capitalização do banco em 2011. O reforço nas provisões da Caixa vai na contramão do mercado. Diante das perspectivas de que a economia deve continuar a crescer com mais renda e emprego, concorrentes reduziram a reserva contra calote. Banco do Brasil e Itaú, por exemplo, cortaram novas provisões em 16% e Bradesco reduziu em 38,9%. Na Caixa, foi diferente.

Segundo o banco, o aumento reflete o forte aumento do volume de crédito e não representa temor de piora da inadimplência. Se por um lado a divulgação do balanço da Caixa, no fim da semana passada, mostrou uma surpreendente expansão de 50,3% do crédito em 12 meses - bem acima dos concorrentes, que tiveram crescimento médio em torno de 19,6% no período -, esse desempenho acendeu a luz amarela, porque sinaliza que o banco poderá precisar de um aporte do Tesouro para manter sua capacidade de emprestar. Fonte do governo afirma que, mantido o ritmo atual dos empréstimos, a ajuda terá de ser dada já no próximo ano.

Apesar de os números do balanço mostrarem uma fotografia com um quadro positivo, cresce a avaliação na área econômica do governo de que o ritmo atual de crescimento não é sustentável no médio prazo e terá de ser contido, sob o risco de comprometimento da saúde financeira do banco e da rentabilidade das suas carteiras. Segundo um assessor do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a manutenção desse ritmo de crescimento "não é razoável" e mais cedo ou mais tarde a Caixa vai precisar de nova capitalização, provavelmente no fim de 2011 ou no início de 2012. "É um problema para o próximo governo", disse a fonte.

"A elevação das provisões não tem relação com o aumento do risco, é só o aumento do crédito", diz o vice-presidente de Controle e Risco do banco, Marcos Vasconcelos. A provisão é uma reserva exigida pelo BC para cobrir eventuais calotes. Há um mínimo exigido pela lei, mas a instituição pode realizar reserva maior.

O vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, avaliou que o crescimento da carteira é sustentado e que o banco amplia sua captação por meio de depósitos à vista, CDBs, poupança, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras Financeiras. O executivo informou que o banco vai até mesmo rever sua meta de expansão do crédito em 2010, hoje fixada em 40%, para um porcentual entre 45% e 47%.

Ele negou rumores do mercado de que o banco já enfrenta problemas de rentabilidade na sua carteira do crédito imobiliário por causa da política de incentivo à habitação, com o lançamento do "Minha Casa, Minha Vida". A carteira imobiliária cresceu 58% nos últimos 12 meses. "A nossa margem da carteira imobiliária nunca esteve negativa. Ela é menor do que nos bancos comerciais, mas é positiva", garantiu Percival.

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