Divulgação/Guia Michelin
Redatora
Publicado em 18 de julho de 2025 às 17h21.
Mohammed Noorman Bin Mubarak Ahmad tinha o que muitos consideraram uma carreira dos sonhos. Como comissário de bordo da Singapore Airlines, viajava para destinos na Europa e na África do Sul, recebia cerca de 5 mil dólares de Singapura por mês e levava uma vida confortável.
No entanto, a sensação de estar desperdiçando seu potencial o perseguia. “O trabalho era fácil demais. Eu pensava: ‘Não precisava ter feito uma graduação para isso’”, disse ao Business Insider.
Em 2011, após sete anos nos ares, pediu demissão. Passou a trabalhar na área de manutenção de uma empresa de óleo e gás, subindo para cargos gerenciais. Mas o incômodo de não construir algo próprio persistia.
Foi então que, em 2017, com apoio da esposa e um investimento inicial de SG$ 40 mil (divididos com um sócio), decidiu abrir sua própria banca de comida: Nasi Lemak Ayam Taliwang, no centro gastronômico Yishun Park, localizado em frente à sua casa.
O início foi duro. Durante meses, Noorman conciliou o novo negócio com o emprego formal. Acordava às 2h45 da manhã para preparar os ingredientes, ia para o trabalho das 9h às 18h e, à noite, voltava para a banca até as 22h.
Com jornadas de 18 horas diárias e lucros abaixo dos SG$ 5 mil mensais — o mesmo que ganhava como comissário anos antes — ele quase desistiu. “Não queria trabalhar o dobro por um salário que eu já tive dez anos atrás.”
A virada veio com o tempo — e uma visão estratégica. Ele soube diferenciar seu produto combinando duas tradições culinárias: o clássico nasi lemak da Malásia com o ayam taliwang, prato picante típico da Indonésia, feito pela esposa.
A inovação virou marca registrada. A clientela cresceu. Em 2021, o reconhecimento definitivo: sua banca entrou para o Guia Michelin.
O sucesso da marca não se deu por acaso. Noorman investiu com disciplina, reinvestiu os lucros e estruturou a operação com olhar de empresário.
Hoje, a rede Nasi Lemak Ayam Taliwang conta com 31 unidades, incluindo uma no sofisticado shopping Marina Bay Sands, ponto turístico e financeiro de Singapura. A gestão eficiente de fluxo de caixa e a padronização de processos permitiram escalar sem perder a essência.
Cada unidade fatura entre SG$ 800 e SG$ 4 mil por dia, um total de US$ 96 mil por dia somando as 31 franquias. Ao todo, são cerca de 100 colaboradores sob sua gestão. E o ex-comissário, que já virou noites no fogão, hoje não precisa mais colocar a mão na massa. “Faz seis meses que não pego numa concha. Se posso sentar, relaxar, jogar golfe e ainda receber por isso, por que não?”
A trajetória de Noorman ilustra com precisão como as decisões financeiras são o coração de qualquer negócio bem-sucedido. Ele abriu mão da estabilidade para apostar em uma visão empreendedora. Foi paciente nos momentos difíceis, reinvestiu com inteligência e expandiu com controle.
Sua história é um exemplo concreto de como a capacidade de tomar decisões financeiras conscientes pode alavancar trajetórias profissionais, inclusive fora do ambiente corporativo tradicional. E reforça a importância de que todo profissional — seja de gastronomia, engenharia ou marketing — domine ao menos os fundamentos da gestão financeira.
Por isso, a EXAME, em parceria com a Saint Paul Escola de Negócios, lançou o Pré-MBA em Finanças Corporativas — um treinamento criado para quem quer dominar a lógica dos números e utilizá-la como diferencial na trajetória profissional, por R$37,00.