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Dona da Dudalina tem prejuízo de R$ 47 mi pelo coronavírus

A Restoque queria reduzir liquidações, o desconto médio e o número de peças enviadas a outlets; com o coronavírus, pediu recuperação extrajudicial

Dudalina (Germano Lüders/Exame)

Dudalina (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 30 de junho de 2020 às 13h05.

Última atualização em 30 de junho de 2020 às 13h12.

A Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc, Dudalina e Rosa Chá, estava no meio de um processo de recuperação. No ano passado, a companhia de vestuário de moda buscou eliminar conflitos entre canais de venda e reduziu de forma expressiva as vendas promocionais e liquidações. 

Parecia que o plano estava dando certo. O desconto médio caiu 6% e o período de liquidação, em dias, ficou 21% menor. As peças enviadas para outlets também foram reduzidas em 26%. No período antes da quarentena, do começo do ano até 11 de março, a receita aumentou 7% e o número de clientes 20%. 

No entanto, com a pandemia do novo coronavírus e o fechamento de lojas, a empresa teve prejuízo e pediu uma recuperação extrajudicial para renegociar até 1,4 bilhão de reais em dívida. O prejuízo líquido ajustado foi de 47,2 milhões de reais. Considerando medidas sem efeito caixa, o prejuízo foi de 1,4 bilhão de reais. 

Ao meio dia, a ação estava em queda de 0,28%. Desde o começo do ano, a ação perdeu 60% de seu valor. 

São 252 lojas próprias, além de distribuir seus produtos por meio de 31 outlets e 1.500 lojas multimarcas. A empresa afirma contar com 550.000 clientes ativos e deter 5% de participação no varejo de vestuário.

Impacto do coronavírus

Com a pandemia, as vendas da empresa de moda no total do trimestre caíram 17,5%. O canal mais afetado foi o atacado, de venda para outros lojistas, que encolheu 24,6%. As vendas em lojas próprias, que representam a maior parte do faturamento, diminuíram 19,2%. O ebitda, resultado antes de taxas, juros e impostos, caiu 39,4%, para 33,7 milhões de reais.  

As vendas das marcas Dudalina, Le Lis Blanc e Bo.Bô encolheram 0,7%, 19,8% e 12,2% no primeiro trimestre, respectivamente. 

A empresa teve dificuldades para se manter de pé. A empresa adotou medidas para preservar o seu caixa e fez um acordo junto a credores financeiros para mudar o perfil da dívida. A Restoque pediu recuperação extrajudicial no início do mês, 5 de junho. O plano busca renegociar dívidas de 1,4 bilhão de reais, cerca de 60% do que a empresa deve a bancos e instituições financeiras. 

Entre as medidas para enfrentar a pandemia, demitiu 26% dos funcionários, concedeu férias para as fábricas, reduziu jornada e remuneração de 25% a 40%, sendo 40% de redução para a diretoria e de 100% para o Conselho de Administração.

Também suspendeu cerca de 75% dos contratos de trabalho de colaboradores de lojas, fábricas e centros de distribuição por dois meses, e renegociou despesas de locação de lojas, fábricas e escritórios, entre outras medidas.

A empresa realizou impairment, ou seja, revisou e reduziu o valor dos ativos, medida sem efeito no caixa, como o ágio da aquisição da Dudalina, no valor de 664 milhões de reais. A Restoque ainda realizou impairment de  créditos tributários sobre prejuízo fiscal e referido ágio no valor de 650 milhões de reais.

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