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Ela transformou o Wi-Fi público pelo Brasil num negócio de R$ 10 milhões

Empresa organiza, fornece e encontra maneiras de ganhar dinheiro com wifi em espaços públicos

Katie Pierozzi, da Mambo Wifi: "O que fazemos é transformar o Wi-Fi em um diferencial competitivo, com controle, transparência e economia” (Mambo Wifi/Divulgação)

Katie Pierozzi, da Mambo Wifi: "O que fazemos é transformar o Wi-Fi em um diferencial competitivo, com controle, transparência e economia” (Mambo Wifi/Divulgação)

Isadora Aires
Isadora Aires

Freelancer

Publicado em 18 de novembro de 2025 às 16h11.

Última atualização em 18 de novembro de 2025 às 16h12.

No Brasil, 67% da população acessa a internet exclusivamente pelo celular, e cada pessoa passa, em média, 9h32 por dia conectada.

Nesse cenário, o Wi-Fi público deixou de ser apenas um custo e passou a ser visto como um canal estratégico de dados, mídia e relacionamento.

A Mambo WiFi, criada em 2016, aposta nesse reposicionamento.

Fundada pela americana Katie Pierozzi, que chegou ao Brasil em 2005, a empresa oferece produtos de conectividade inteligente com foco em monetização, inclusão digital e controle de redes. Em bom português: organiza, disponibiliza e encontra maneiras de ganhar dinheiro com wifi em espaços públicos, como praças, escolas e centros urbanos.

Agora, a Mambo também entra em dois mercados com alta complexidade: embarcações offshore e mobilidade turística.

A meta da empresa é alcançar 10 milhões de reais em faturamento em 2025.

“A conectividade hoje é um ativo operacional. O que fazemos é transformar o Wi-Fi em um diferencial competitivo, com controle, transparência e economia”, afirma Katie, CEO da empresa.

Qual é a história de Katie

Katie nasceu na região de Nova York e chegou a São Paulo para morar com o então namorado.

Novata no país, conseguiu uma vaga de emprego no iG, portal de internet brasileiro famoso no início da década.

“Fui contratada para trabalhar com publicidade, mas acabei responsável pelo produto de Wi-Fi. Entrei no setor sem querer”, diz.

Quando o namorado tornou-se marido, os dois mudaram para o Rio de Janeiro, onde participou da criação da agência Rio Negócios e do programa de aceleração Startup Rio. Ali, entendeu o potencial do ecossistema de tecnologia e decidiu empreender.

A primeira tentativa de negócio não decolou.

A ideia era criar um canal de mídia via Wi-Fi, mas a adesão dos anunciantes era baixa.

“Não era o momento. O mercado não aceitava bem esse formato. Decidimos pivotar”, diz. A virada veio com o modelo SaaS — software como serviço — para gestão de redes. Com isso, a empresa passou a vender sua plataforma para ambientes com fluxo intenso, como shoppings, supermercados e redes públicas.

Durante a pandemia, a Mambo passou por uma fusão com outra empresa do setor e consolidou a marca atual. Hoje, tem mais de 40.000 pontos de acesso e 30 milhões de usuários conectados.

Controle de dados e monetização como estratégia

Em 2025, a Mambo lançou dois produtos que expandem o uso do Wi-Fi para contextos críticos.

O primeiro é o Mambo Offshore, pensado para locais com internet via satélite, como navios e plataformas de petróleo. “A internet é essencial, mas cara e limitada. Nosso sistema ajuda a controlar o uso por usuário e garantir que a rede funcione de forma previsível”, afirma Katie.

O segundo é o Mambo Mobility, focado em empresas de mobilidade que trabalham com turismo que percorrem regiões sem cobertura 4G.

Em parceria com a Autotrac, a empresa oferece Wi-Fi aos passageiros, com pagamento via Pix ou cartão de crédito, fazendo a conexão por meio das antenas Starlink.

Cidades inteligentes

Entre os principais desafios do mercado brasileiro, ela cita a lentidão em negociações com grandes clientes e as exigências legais do setor.

Mesmo assim, Katie aposta no potencial do Wi-Fi como infraestrutura estratégica para cidades inteligentes. “A espinha dorsal de uma cidade conectada é a internet. E nosso papel é ajudar isso a acontecer com controle e impacto”, diz.

E além de fornecer conexão, a Mambo quer transformar o Wi-Fi em canal de engajamento.

Antes mesmo de navegar, o usuário pode ser impactado por campanhas, cupons ou ofertas. Durante o uso, o sistema coleta dados de navegação e gera relatórios em tempo real — tudo em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

“As marcas se aproximam do consumidor em um canal acessível. E as cidades ganham dados valiosos para gestão pública. É um modelo de valor compartilhado”, afirma Katie.

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