Negócios

Essa startup fatura R$ 40 milhões vendendo fotos de corrida, surfe e bike — só pra você postar

Empresa cresceu 300% em 2024, fez duas aquisições, passou a vender vídeos, fotos impressas, lançou curso gratuito, firmou parceria com a AWS e está testando a operação na Europa

Valentim Magalhães, Maria Eduarda Guerra e Jonathas Guerra, da Banlek: meta para 2027 é bater 1 bilhão de reais em vendas na plataforma (Banlek/Divulgação)

Valentim Magalhães, Maria Eduarda Guerra e Jonathas Guerra, da Banlek: meta para 2027 é bater 1 bilhão de reais em vendas na plataforma (Banlek/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 4 de agosto de 2025 às 10h02.

Última atualização em 4 de agosto de 2025 às 10h12.

Já ouviu a frase “se não postou, não valeu”? A Banlek levou isso ao pé da letra.

A startup brasileira criou um modelo de negócio que transforma corridas, treinos na praia e partidas esportivas como surfe e futevôlei em um banco de imagens vendidas por até 100 reais — tudo para abastecer os feeds de quem quer se ver em ação.

Em vez de agendar um ensaio ou contratar um fotógrafo, o usuário simplesmente entra na plataforma da Banlek, faz upload de uma selfie e encontra imagens em que aparece praticando esporte. A compra é feita na hora, e as fotos vão direto para o celular — ou para a parede, se forem impressas.

Em 2025, a empresa quer bater 40 milhões de reais em receita.

Fundada em 2020 por Sérgio Illa, que teve a ideia enquanto fotografava o próprio filho na praia, a Banlek começou como uma aposta informal.

“Outras pessoas na praia viram que ele estava tirando fotos e pediram também. E disseram que pagariam”, afirma Jonathas Guerra, que entrou no negócio como programador e hoje é CEO da empresa. Illa saiu da sociedade em 2021.

Agora, a Banlek está vivendo uma nova fase. Cresceu 300% em 2024, fez duas aquisições, passou a vender vídeos, fotos impressas, lançou curso gratuito, firmou parceria com a AWS e está testando a operação na Europa. “Hoje temos mais de 5 milhões de usuários mensais e estamos entre os 500 sites mais acessados do Brasil”, diz o CEO.

“A meta é clara: ser a principal plataforma de venda de fotos do mundo para quem quer se ver no esporte — e quer postar”, afirma Guerra.

Com esse crescimento, a empresa entrou no ranking EXAME Negócios em Expansão 2025.

Como funciona a Banlek

O modelo é simples, mas potente. O fotógrafo vai a eventos, treinos ou locais movimentados — como praias, estádios ou pistas — e fotografa as pessoas praticando esportes.

Depois, sobe as imagens para a plataforma, que usa inteligência artificial para reconhecimento facial. O cliente entra no site, envia uma selfie e encontra todas as fotos em que aparece.

Hoje, a maior parte das vendas vem da fotografia esportiva: corrida, surf, bike, futebol amador, beach tennis, entre outros. “Nosso foco nunca foi o grande evento. O que mais vende é o treino do dia a dia, o futebol de sábado, a aula de crossfit. É quando a pessoa está mais disposta a se ver e se postar”, diz Guerra.

O preço médio de uma foto digital é de 20 reais. Já os vídeos, que passaram a ser comercializados no fim de 2024, saem por cerca de 100 reais. A Banlek ganha comissão de até 10% sobre as vendas — ou 50% no caso das fotos impressas. Segundo a empresa, há fotógrafos que faturam mais de 75.000 reais por mês na plataforma.

“Para faturar 1 milhão de reais com fotos digitais, preciso vender 10 milhões em imagens. Com impressas, só 2 milhões”, afirma Guerra. “É um caminho natural para aumentar nosso ticket médio.”

Além das fotos avulsas, a plataforma funciona como um marketplace. Os fotógrafos podem ter perfis com contato direto via WhatsApp, estilo OLX, e o cliente busca por local, especialidade ou tipo de evento. O uso da tecnologia de IA também permite que o fotógrafo organize os arquivos por rosto e entregue ao cliente todas as imagens sem precisar selecionar uma a uma.

Impressão, vídeos e inteligência artificial

A diversificação dos produtos virou uma das principais estratégias da Banlek para aumentar a receita.

Desde o fim de 2024, a empresa começou a vender fotos impressas, enviadas direto para a casa do cliente, com produção automatizada feita em parceria com a Digipix, empresa de Joinville que cuida de todo o processo logístico.

“O fotógrafo não faz esforço nenhum a mais e ganha comissão. Tudo é feito por uma máquina: impressão, embalagem, envio. A gente só dispara a logística quando o cliente compra”, diz Guerra. Com isso, a margem da Banlek sobre as fotos impressas chega a 50%, contra os 10% médios nas digitais.

Os vídeos foram incorporados ao modelo no mesmo período. Filmagens feitas por fotógrafos ou videomakers parceiros também são disponibilizadas para venda com preços definidos pelo próprio profissional. “É uma frente com potencial, porque aumenta o valor médio por venda e atende a uma nova demanda dos clientes”, afirma Maria Eduarda Guerra, CFO da Banlek.

Para suportar esse crescimento em dados, a empresa gasta atualmente cerca de 400 mil reais por mês em nuvem — seu maior custo fixo. “A gente armazena todas as fotos para sempre. Pelo menos por enquanto”, diz o CEO. “Nunca apagamos nada, mesmo quando não há venda. Mas sabemos que isso pode mudar se o custo escalar ainda mais.”

A IA também está integrada ao atendimento ao cliente e às ferramentas de criação de sites, herdadas da Epics, uma das empresas adquiridas pela Banlek. Segundo Guerra, a tecnologia permite que o fotógrafo crie um site personalizado em menos de sete minutos, com geração de texto, depoimentos e análise de redes sociais.

Qual é o plano de expansão

A Banlek está dando os primeiros passos fora do Brasil. A compra da Epics, que já operava na Europa, facilitou a entrada com base tecnológica e equipe local. A empresa começou um projeto-piloto em Portugal, com foco em eventos esportivos regionais. “Estamos iniciando testes durante a Portugal Cup, mas sem alarde. Queremos ajustar o modelo antes de escalar”, diz Guerra.

Além de Portugal, a meta é expandir a operação para outros países da Europa e América Latina. O processo está sendo feito com o apoio de tecnologias de tradução automática e reconhecimento facial multilinguagem, desenvolvidas com a AWS, parceira da Banlek desde 2024.

“Nosso plano é voltar todo mês para ampliar essa presença. Já temos receita na Europa, mas ainda é pouco. Queremos que isso se torne relevante para o faturamento global em dois anos.”

Segundo o CEO, a internacionalização também exigiu novos formatos de pagamento. Por isso, a empresa fechou parceria com o Mercado Pago para aceitar moedas estrangeiras e processar transações em tempo real. “Nosso público quer comprar rápido, com dois cliques, e ir direto pro Instagram”, resume.

Concorrência e o novo mercado que a Banlek criou

Hoje, a principal concorrente da Banlek no Brasil é a FotoTop, especializada em corridas de rua. Mas a Banlek decidiu seguir outro caminho desde o início. Em vez de mirar grandes eventos, construiu seu negócio sobre treinos informais, aulas, partidas casuais — a vida real.

“A gente criou esse mercado de venda de foto de treino. Antes, ninguém olhava para isso como fonte de receita”, diz Guerra. “A corrida de rua acontece uma vez por mês. Mas o treino é todo dia. O futebol com os amigos, o surf de manhã, a aula de crossfit. Escalar isso é muito mais fácil.”

Esse modelo atraiu não só fotógrafos, mas clubes e organizadores de eventos. Hoje, a Banlek tem operação fixa em locais como o Maracanã, Cristo Redentor, Pão de Açúcar e Nilton Santos. Em dias de jogo, mais de 50 fotógrafos da plataforma fazem registros da torcida — e as imagens vão para venda horas depois.

“Se você foi ao Maracanã este ano, provavelmente tem uma foto sua na Banlek. E talvez nem saiba”, diz o CEO. “A gente virou uma nova fonte de receita para fotógrafos, clubes e estádios.”

A startup também expandiu para cobertura de congressos e eventos corporativos. Um exemplo foi o Gramado Summit, onde dois fotógrafos da plataforma venderam 30 mil reais em imagens em apenas três dias. “É um modelo que escala bem, e o fotógrafo só precisa estar no lugar certo, na hora certa.”

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