Negócios

EXCLUSIVO: batata frita McCain vai investir R$ 1,8 bi para ampliar fábrica

Aporte bilionário em Araxá, Minas Gerais, marca nova fase da operação brasileira e reforça o país como mercado-chave para a multinacional

Aluízio Periquito Neto, diretor-geral do grupo McCain Brasil: “O Brasil caminha para se tornar o terceiro maior mercado de batatas fritas congeladas do mundo, posicionando-se como uma prioridade estratégica para a McCain” (McCain/Divulgação)

Aluízio Periquito Neto, diretor-geral do grupo McCain Brasil: “O Brasil caminha para se tornar o terceiro maior mercado de batatas fritas congeladas do mundo, posicionando-se como uma prioridade estratégica para a McCain” (McCain/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 29 de outubro de 2025 às 16h08.

O Brasil está prestes a se tornar o terceiro maior mercado de batatas fritas congeladas do mundo. E a canadense McCain, líder global no segmento, quer garantir seu lugar nesse pódio.

Três anos após inaugurar sua primeira fábrica no país, a empresa vai dobrar a aposta.

A companhia vai investir 1,8 bilhão de reais para expandir a unidade de Araxá, no interior de Minas Gerais — o maior investimento da história da McCain no Brasil.

O plano é ampliar a produção local, reduzir importações e crescer no varejo e no food service. O anúncio oficial deve ser feito ainda nesta quarta-feira, 29, nas próximas horas.

O projeto prevê duas novas linhas de produção — uma para batatas fritas e outra para produtos pré-formados —, além da construção de novos armazéns e da ampliação da câmara fria.

Fábrica da McCain: área para expansão já está preparada (McCain/Divulgação)

A expectativa é que a operação comece a funcionar no segundo semestre de 2027.

A expansão completa um movimento iniciado há sete anos, quando a McCain comprou parte da mineira Forno de Minas. De lá pra cá, a canadense construiu fábrica, assumiu o controle da Forno e adquiriu a Sérya, produtora de batatas pré-formadas.

Agora, parte para o maior salto.

Como está a McCain no Brasil

A McCain chegou ao país em 1992, mas sua presença no mercado brasileiro se limitava à importação e distribuição.

A mudança de rota começou em 2018, quando comprou 49% da Forno de Minas.

Em 2022, ergueu sua primeira fábrica nacional em Araxá, com investimento estimado em 150 milhões de dólares. Um ano depois, adquiriu o controle total da Forno e também da Sérya.

Com a nova ampliação, os aportes da empresa no Brasil passam de 2,5 bilhões de reais nos últimos sete anos — uma rara sequência de investimento contínuo no setor de alimentos congelados.

Empregos, batata e desafios de logística

A ampliação da planta vai permitir dobrar a capacidade produtiva da unidade mineira.

A McCain estima que mais de 350 novos empregos diretos sejam criados em Araxá, além de envolver cerca de 1.000 trabalhadores no campo, responsáveis pelo cultivo e fornecimento das batatas in natura.

A aposta da McCain acontece num momento em que o mercado de batatas congeladas está mais disputado. A mineira Bem Brasil, maior fabricante nacional, também ampliou sua produção nos últimos anos, com duas fábricas no estado de Minas Gerais e foco agressivo em food service.

No cenário global, a americana Lamb Weston, uma das principais rivais da McCain, também estuda formas de ampliar sua presença na América Latina, embora ainda sem produção própria no Brasil. Recentemente, anunciou investimentos na Argentina.

A disputa por fatia de mercado deve crescer à medida que o consumo brasileiro avança.

O Brasil como peça-chave da estratégia global

Presente em mais de 160 países, com 49 fábricas espalhadas por seis continentes, a McCain fatura mais de 16 bilhões de dólares canadenses por ano, cerca de 60 bilhões de reais.

Em 2022, quando anunciou a construção da fábrica, a empresa estimava que o Brasil representava cerca de 200 milhões de dólares em faturamento anual.

O consumo de produtos congelados à base de batata cresce cerca de 8% ao ano no Brasil. E o avanço do food service, em especial das redes de fast food, é o principal motor desse crescimento.

A expansão da fábrica de Araxá mira justamente esse mercado em ascensão — e deve colocar o Brasil de vez no mapa industrial da multinacional.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoIndústriaMinas Gerais

Mais de Negócios

Wilson Poit assume nova cadeira da Fiesp para micro e pequenas indústrias

Do luto ao lucro: ela criou um produto de nicho e agora o vende com receita de US$ 4 mil/mês

Colégio Bandeirantes usa metodologia da NBA para ensinar basquete – e educar para a vida

Eles são os 'médicos' para empresas que estão respirando por aparelhos