Redatora
Publicado em 29 de outubro de 2025 às 05h36.
O avanço dos medicamentos para perda de peso deve ganhar escala mundial a partir de 2026 com a expiração de patentes em grandes mercados emergentes, como China, Índia, Brasil e Turquia, segundo reportagem da The Economist.
A mudança abrirá espaço para versões genéricas — com preços mais acessíveis — de tratamentos como o Wegovy, da Novo Nordisk, e o Mounjaro, da Eli Lilly, ampliando o acesso a uma classe de fármacos que se tornou símbolo da nova indústria global para o controle da obesidade.
Na Índia, a procura por injeções de emagrecimento cresce rapidamente. Desde o lançamento do Mounjaro no país, em março, o tratamento se tornou o segundo medicamento de marca mais vendido em setembro, com entrega em domicílio em poucas horas. O custo mensal, de cerca de US$ 180, é um quarto do preço cobrado nos Estados Unidos, mas ainda elevado para a maioria da população local.
A Federação Mundial da Obesidade estima que dois terços dos adultos obesos do mundo vivem em países de baixa e média renda. O uso dos GLP-1, classe de medicamentos que inclui os produtos da Novo Nordisk e da Eli Lilly, era até recentemente restrito a países ricos, mas a abertura de mercado nos emergentes pode alterar esse cenário.
As patentes da semaglutida, princípio ativo do Wegovy, devem expirar em 2026 em vários países, liberando a produção de versões genéricas. Analistas estimam que um quarto da população obesa global vive em nações onde a proteção de patentes terminará no próximo ano.
O JPMorgan Chase projeta que o mercado indiano de GLP-1 suba de US$ 179 milhões em 2025 para US$ 1,5 bilhão em 2030, impulsionado também por subsídios do governo.
Na China, onde há o maior número de adultos obesos do mundo, o mercado também está se abrindo. Cerca de 20 medicamentos baseados em semaglutida aguardam aprovação regulatória. Além de reproduzir fórmulas existentes, empresas chinesas estão desenvolvendo novas moléculas.
Em junho, a Innovent, em parceria com a Eli Lilly, teve aprovado o mazdutida, que apresentou resultados equivalentes ao Mounjaro. A Novo Nordisk e a Regeneron também investiram mais de US$ 4 bilhões em acordos com empresas chinesas para licenciar novos tratamentos, segundo a The Economist.
As versões atuais de GLP-1 são administradas por injeções semanais, o que limita a adesão em alguns mercados. Tanto a Eli Lilly quanto a Novo Nordisk trabalham em alternativas em comprimidos, que devem facilitar a distribuição em países com infraestrutura precária de refrigeração.
A consultoria Citeline estima que o mercado global de medicamentos para perda de peso alcance US$ 26 bilhões em 2025, o dobro do valor de 2024.