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Holding de Semenzato investe em 'escola para idosos' com oficinas de memória, dança e fisioterapia

A Fiuza aposta em centros de convivência diurna para idosos autônomos e estreia no franchising com apoio da SMZTO

Fiuza: 'escola para idosos' tem atividades para cognição, mobilidade e socialização (Drazen Zigic/Freepik/Divulgação)

Fiuza: 'escola para idosos' tem atividades para cognição, mobilidade e socialização (Drazen Zigic/Freepik/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 29 de junho de 2025 às 09h27.

A SMZTO, holding de franquias de José Carlos Semenzato, adicionou mais uma franquia ao seu ecossistema de longevidade. Depois de investir no Terça da Serra, rede de residenciais sênior com mais de 160 unidades no país, o grupo passou a apostar também no atendimento a um público ainda mais ativo.

A nova investida é a Fiuza – Convivência para Idosos, rede de centros de atendimento diurno voltada para idosos independentes, com foco em atividades que estimulam a cognição, a mobilidade e a socialização. É uma 'escola para idosos' com planos de até cinco vezes na semana. 

O modelo, fundado em 2014 no interior de São Paulo, passa a integrar a estratégia de crescimento do grupo no setor da economia prateada — nome dado aos negócios voltados para a população com mais de 60 anos, que já representa 15% dos brasileiros e deve chegar a 24% até 2030, segundo o IBGE.

A meta da SMZTO é expandir o novo negócio por meio de franquias e ocupar um espaço ainda pouco explorado no setor de bem-estar e saúde. A Fiuza estreia oficialmente como franquia durante a ABF Franchising Expo 2025, feira do setor que aconteceu nesta semana em São Paulo.

“O Fiuza já nasce como uma peça estratégica no nosso portfólio. Ele atende um público complementar ao do Terça da Serra, com um modelo leve, escalável e com alta demanda reprimida no Brasil”, diz Pedro Moraes, CFO do Terça da Serra.

De grupo de fisioterapia a franquia

A fundadora da Fiuza, Raquel Zotti Rocha Servidão, é fisioterapeuta formada em Ribeirão Preto, com especialização em Fisioterapia Cardiopulmonar pelo Hospital das Clínicas da USP. Antes de empreender, atuou por anos com atendimento a idosos e percebeu que muitos pacientes não sofriam apenas de dores físicas, mas de isolamento e falta de rotina.

A primeira versão da Fiuza nasceu como um grupo de fisioterapia com um café ao lado, pensado para estimular o convívio entre os atendidos. “Eu percebia que muitos idosos não precisavam só de tratamento físico, mas de um espaço onde pudessem se sentir pertencentes e ativos”, afirma Raquel. “O movimento de transformar esse espaço em uma rotina estruturada partiu da escuta deles.”

Com o tempo, a proposta evoluiu para um centro de convivência com metodologia padronizada e foco na promoção da autonomia e do bem-estar. “Era nítido que as dores do corpo vinham acompanhadas de uma solidão profunda”, diz a fundadora. “Faltava um lugar para esse idoso existir com propósito, e não apenas sobreviver.”

A decisão de transformar o modelo em franquia veio apenas em 2025, após a entrada do grupo Terça da Serra e da holding de José Carlos Semenzato no negócio — que também controla o Revitari, modelo hospitalar de transição com 110 leitos. “A parceria com o grupo foi essencial para darmos um salto de impacto”, diz Raquel. “Percebemos que era possível padronizar a metodologia sem perder a alma do que a gente criou.”

A unidade piloto, em Ribeirão Preto, opera com estrutura semelhante à de uma escola: entrada pela manhã, atividades ao longo do dia e retorno para casa no fim da tarde.

O público-alvo são idosos autônomos, mas com sinais de isolamento, luto ou leve perda de mobilidade — para aqueles que, por pequenas limitações, deixaram de frequentar clubes, igrejas ou centros comunitários.

O modelo de negócio

A Fiuza oferece uma programação de atividades de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. As famílias escolhem entre cinco planos diferentes, com variação no número de dias frequentados por semana. A diária parte de R$ 210.

Entre os serviços oferecidos estão:

  • Fisioterapia e alongamentos
  • Terapia ocupacional em grupo
  • Oficinas de memória e leitura guiada
  • Atividades cognitivas e motoras
  • Coral, rodas de conversa, dança adaptada

A metodologia é organizada com base em apostilas próprias, desenvolvidas ao longo de mais de uma década.

O modelo trabalha com três pilares principais: cognição, mobilidade e socialização.

O espaço médio de uma unidade é de 300 metros quadrados, com capacidade para até 25 idosos por dia. A equipe mínima conta com cinco profissionais fixos e instrutores que atuam por demanda.

A expansão nacional

A entrada da Fiuza na SMZTO foi resultado de uma negociação que durou cerca de um ano e meio. A validação do modelo incluiu pesquisas de mercado e análise de franqueabilidade conduzida pela consultoria Praxis Business.

No início de 2025, a marca foi incorporada oficialmente ao grupo Terça da Serra e passou a integrar o portfólio da SMZTO. O plano de investimento prevê R$ 5 milhões ao longo de cinco anos, com expectativa de chegar a 500 unidades no Brasil. Até o fim de 2025, a meta é comercializar 20 franquias e inaugurar ao menos cinco.

O investimento inicial por unidade é de R$ 498 mil, já incluindo taxa de franquia (R$ 60 mil), capital de giro e custos de implantação. O faturamento médio é estimado em R$ 111 mil por mês, com margem de 30% e retorno entre 18 e 30 meses. Os royalties são de 6% e a taxa de propaganda, de 2%.

A expansão começa pelo interior de São Paulo, em cidades com mais de 200 mil habitantes. A segunda unidade está sendo implantada em Campo Grande (MS), operada por um franqueado que já atua com residenciais do Terça da Serra. As marcas, no entanto, funcionam de forma independente.

“O centro de convivência não é uma etapa anterior ao residencial. Ele atende um público diferente, que quer conviver e permanecer ativo”, afirma Moraes.

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