Negócios

"Houve várias propostas pela Jequiti", diz seu presidente

Lásaro do Carmo Jr. afirma que a empresa cogitou criar uma parceria, mas agora o foco é aumentar os investimentos para crescer

Lásaro do Carmo Jr, presidente da Jequiti: nesse ano os investimentos na empresa serão 35% maiores que em 2010  (Divulgação)

Lásaro do Carmo Jr, presidente da Jequiti: nesse ano os investimentos na empresa serão 35% maiores que em 2010 (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2011 às 12h58.

São Paulo - A Jequiti fechou 2010 com um faturamento de 360 milhões de reais – o valor é 64,8% superior ao de 2009. E, neste ano, a expectativa é de faturar 508 milhões de reais. Os números são um bom indicador do porquê, com ou sem banco PanAmericano, a marca de cosméticos é a maior aposta do Grupo Silvio Santos.

Em meio à crise causada pelo rombo, a Jequiti chegou a ser alvo de “várias propostas”, segundo Lásaro do Carmo Jr., presidente da empresa e vice-presidente do Grupo Silvio Santos, em entrevista à EXAME.com. Mas, depois que o empresário e apresentador se livrou da sombra do PanAmericano, a ordem é voltar a investir. “Não necessitamos de aporte de nenhum parceiro para crescer”, diz. Leia os principais trechos da entrevista:

EXAME.com - A Jequiti não deve mais ser vendida pelo Grupo Silvio Santos, então?
Lásaro do Carmo Jr - A Jequiti nunca esteve no plano de ser 100% vendida. Chegou-se a cogitar... Olha, houve várias propostas. Chegamos a cogitar uma sociedade com um parceiro estratégico, mas no momento não há nada. No mundo dos negócios, nunca diga nunca, mas o nosso objetivo hoje é continuar trabalhando muito. Não necessitamos de aporte de nenhum parceiro para crescer.

EXAME.com - Agora a Jequiti é a maior aposta do grupo?
Carmo Jr – Ela sempre foi, mesmo com o PanAmericano. Por causa dos resultados gerados, a Jequiti sempre foi vista como uma empresa de futuro dentro do grupo. Há outras empresas que também terão um futuro brilhante, mas a Jequiti é a nossa grande aposta.

EXAME.com - Mas a Jequiti está longe de ser responsável pela maior parte do faturamento, como era o banco.
Carmo Jr - Ela está longe. Mas tinha possibilidade de gerar lucratividade muito maior num futuro próximo. Nesse ano, os três grandes focos do grupo são SBT, Liderança Capitalização (dona da Tele Sena) e a Jequiti. E o grande foco do grupo é cosméticos, simplesmente por uma questão mercadológica. Se a gente vê o Brasil hoje caminhando para o segundo lugar do mundo em cosméticos, já é o segundo em perfumaria, seria um contra-senso não apostar no segmento.

EXAME.com - Quais serão os primeiros passos da Jequiti no Grupo Silvio Santos pós-PanAmericano?
Carmo Jr - No dia-a-dia da empresa, não muda nada. A Jequiti nunca dependeu do PanAmericano financeiramente. As parcerias que temos com o banco são comercialmente importantes e interessantes para as duas empresas e serão mantidas, como o cartão de crédito cedido aos nossos consultores.


EXAME.com - Quanto será investido pela empresa em 2011?
Carmo Jr - O número ainda não está fechado. De acordo com nossa velocidade de crescimento, eu vou definindo o investimento de forma sustentável; mas, no mínimo, podemos esperar uma alta de 35% sobre o investido em 2010. Os recursos virão do próprio Grupo Silvio Santos e do mercado. Nossa área de inovação, pesquisa e desenvolvimento deverá receber mais de 15 milhões de reais de investimentos.

EXAME.com - Qual a projeção de crescimento para este ano?
Carmo Jr - Vamos crescer “modestos” 40%. No nosso orçamento, planejamos faturar 508 milhões de reais.

EXAME.com – E como a empresa pretende alcançar essa meta?
Carmo Jr - Com um foco muito grande no crescimento do canal de vendas. Temos uma procura muito grande de mulheres querendo ser consultoras, e temos aumentando o tamanho dos nossos pedidos. Nossas consultoras, além de serem novas, estão a cada dia mais produtivas. Fora no final de ano, em que o pedido chega a um média de 350 reais por vendedora, a média do pedido é de 280 reais. O valor vem crescendo todo ano. Vamos focar no tamanho do pedido da consultora e no tamanho do nosso canal.

EXAME.com - O crescimento no número de consultoras já vem desacelerando...
Carmo Jr – É uma coisa normal. No início, dobrávamos de volume de consultoras. Encerramos 2010 com 160.000, e esperamos fechar esse ano com um pouco mais de 200.000. Não basta apenas cadastrar. Vamos cadastrar umas 60.000, mas 20.000 saem, porque a gente tem um controle muito rígido. De vez em quando, eu escuto empresas falando que têm 250.000 consultoras no Brasil. Não têm. É cadastro podre, que está aí, adormecido. O nosso não; é cadastro ativo. Então é óbvio que desacelera com o passar do tempo, igualzinho às duas empresas líderes de mercado.

EXAME.com – Falando nelas, o mercado de cosméticos cresce muito, mas tem dois grandes concorrentes que estão nele há muito tempo. O que a Jequiti faz para se destacar nesse meio?
Carmo Jr - Eu acho isso uma grande oportunidade. Você pega um país continental como o Brasil, com uma diversidade de público gigantesca. E nesse país há apenas dois grandes players no porta-a-porta. Eu vejo isso não como uma ameaça, mas como uma oportunidade gigante de espaço. Por isso que a Jequiti nasceu há quatro anos e vai alcançar 500 milhões de faturamento neste ano. Desde 2008, nós fizemos uma reestruturação interna muito grande para não morrer de sucesso.

EXAME.com – Morrer de sucesso?
Carmo Jr - Nos dois primeiros anos da Jequiti, ela patinou muito porque iria morrer de sucesso. Ela não tinha uma estrutura apropriada para crescer. Se a empresa cresce e você não atende bem o seu cliente, a empresa morre. A Jequiti tinha produtos de qualidade, mas precisava melhorar muito na prestação de serviço, na entrega e no atendimento às consultoras. A gente focou muito nisso desde 2008. Hoje nosso índice de satisfação de consultores é muito alto. Entregamos em São Paulo muito mais rápido do que qualquer grande player. Eu gasto mais com isso, mas a gente preza pela alta qualidade e melhores serviços. Isso associado a um mercado extremamente crescente, impulsionado pela nova classe C ávida por consumo. E num mercado onde você tem duas grandes opções.


EXAME.com – A chegada do O Boticário na venda porta-a-porta, com a marca Eudora, preocupa?
Carmo Jr - Uma das coisas que a gente sempre fala é respeitar os concorrentes. Se ele tem dinheiro e gente competente, alguma coisa ele vai fazer. Mas uma marca como O Boticário é sempre um ponto de atenção. É uma marca de valor no Brasil e de muitos anos. É claro que a Jequiti respeita esse novo entrante, mas não muda a nossa determinação e a nossa vontade de crescer. Preocupar-se em combater quem está entrando é perda de energia.

EXAME.com – Há planos para novos centros de distribuição ou novas fábricas?
Carmo Jr – Nosso atual centro de distribuição está localizado em São Paulo e tem capacidade para 15.000 pedidos por dia. Em 2011, deveremos abrir mais dois centros de distribuição, um em Goiás para atender o Centro-Oeste e Norte do Brasil, e outro em Recife para o Nordeste.

 EXAME.com - Qual vai ser a capacidade desses dois centros de distribuição?
Carmo Jr - A capacidade será de 30.000 pedidos por dia, distribuídos nos três centros. Existem também projetos bem avançados para centros de distribuição no Sul, mas no Nordeste e em Goiás faltam só alguns acertos. Isso melhora nossa logística e encurta o prazo para as consultoras da região. Ao aumentar a distribuição, você melhora o atendimento. Também temos o projeto conceitual da fábrica pronto e devemos começar a construí-la nesse ano. Só não começamos no final do ano passado, ou no começo desse ano, pelos problemas que você já sabe. Mas, de qualquer forma, a gente já ia começar. A fábrica não vai produzir tudo. Vai ser um modelo híbrido de fábrica e terceiros. Todos os terceiros sabem que vão continuar trabalhando conosco.

EXAME.com - Há intenção de ter pontos de venda, além do porta-a-porta e das consultoras?
Carmo Jr – Não. Somos uma empresa de venda direta com respeito total ao nosso canal de venda.

EXAME.com - Qual a garantia, para o mercado, que as contas da Jequiti não têm os mesmos problemas das do PanAmericano?
Carmo Jr - A mesma garantia dada por todas as outras empresas de cosméticos do Brasil e do mundo. A Jequiti é uma indústria séria, cujo modelo comercial impossibilita qualquer ação parecida com o que aconteceu no PanAmericano. Toda diretoria é composta por profissionais do mercado com bastante experiência no modelo de negócio e no segmento de cosméticos. Somos reconhecidos por todos nossos fornecedores e parceiros. Somos uma empresa jovem, mas com processos rigorosos dentro dos padrões de mercado e auditados.
 

Acompanhe tudo sobre:Banco PanAmericanoBancosBancos quebradosBilionários brasileirosCosméticosEmpresasGrupo Silvio SantosPersonalidadesSilvio Santos

Mais de Negócios

Até mês passado, iFood tinha 800 restaurantes vendendo morango do amor. Hoje, são 10 mil

Como vai ser maior arena de shows do Brasil em Porto Alegre; veja imagens

O CEO que passeia com os cachorros, faz seu próprio café e fundou rede de US$ 36 bilhões

Lembra dele? O que aconteceu com o Mirabel, o biscoito clássico dos lanches escolares