Negócios

Justiça aceita pedido de recuperação judicial do Jockey Club de SP com dívidas de R$ 19 milhões

Plano de recuperação deve ser entregue até novembro; se descumprido, clube pode ter falência decretada

Jockey Club de SP: 150 anos de história (Wikimedia Commons)

Jockey Club de SP: 150 anos de história (Wikimedia Commons)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 27 de setembro de 2025 às 09h10.

A Justiça de São Paulo aceitou o pedido de recuperação judicial do Jockey Club de São Paulo.

A decisão, assinada pelo juiz Jomar Juarez Amorim, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, reconhece um passivo superior a 19 milhões de reais e suspende todas as ações e execuções contra a entidade.

Na petição apresentada em março, o clube apontou que enfrenta uma crise financeira agravada pela pandemia de covid-19 e pela promulgação da Lei Municipal 18.147, de 2024, que proibia a utilização de animais em atividades de jogos de azar — na prática, inviabilizando a realização de corridas de cavalo na cidade. A norma foi posteriormente considerada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

Na decisão, o juiz afirma que o Jockey, embora seja uma associação civil, atua como agente econômico.

“Não parece razoável excluir a entidade, enquanto agente econômico gerador de riqueza, do regime recuperatório conferido pela ordem jurídico-positiva”, escreveu na decisão.

O clube informou no processo que realiza atividades empresariais como locação de espaços para eventos de entretenimento, operação de restaurantes e prestação de serviços médico-veterinários. Atualmente, emprega 183 pessoas.

Também relatou que dois de seus imóveis foram leiloados, incluindo o Hipódromo da Boa Vista.

A administradora judicial nomeada para conduzir o processo é a AJ Ruiz Consultoria Empresarial, que terá 15 dias para apresentar um relatório sobre a situação do Jockey e proposta de honorários.

A entidade terá 60 dias para apresentar seu plano de recuperação judicial.

Credores e trabalhadores devem se manifestar

Com o deferimento do pedido, todas as ações judiciais e execuções contra o Jockey estão suspensas, com exceção das que tratam de créditos que não se sujeitam à recuperação, como os trabalhistas em fase de execução.

O juiz determinou que a entidade apresente a lista de credores em formato editável e publique edital com o valor do passivo fiscal.

Credores terão 15 dias, a partir da publicação do edital, para apresentar habilitações ou divergências. No caso de créditos trabalhistas, é necessário enviar a documentação diretamente ao e-mail do administrador judicial.

Próximos passos

Entre as obrigações determinadas pela Justiça, o Jockey deverá apresentar relatórios mensais de suas contas durante o processo, sob pena de destituição dos administradores.

A apresentação das certidões negativas previstas na lei também será exigida ao longo da recuperação.

A entidade ainda precisa atualizar seu registro oficial, incluindo a expressão “em Recuperação Judicial” em seus documentos, e comunicar a decisão aos demais juízos onde tramitam ações.

Acompanhe tudo sobre:Recuperação Judicial

Mais de Negócios

Academia mais cara do Brasil cobra até R$ 3.700 e deve faturar R$ 60 milhões em 2026

Quais são as 10 maiores empresas do Paraná? Veja quanto elas faturam

Quais são os maiores negócios do Rio Grande do Sul? Veja quanto eles faturam

Bilionário 'em dificuldades' tem indenização de US$ 400 milhões por obras de arte danificadas negada