A trajetória de Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, parece roteiro de cinema: ele foi removido da liderança da rede social que ajudou a fundar, processou a empresa, reconstruiu sua carreira fora dos Estados Unidos — e se tornou, em 2025, o homem mais rico do Brasil, com um patrimônio estimado em US$ 224,5 bilhões.
Saverin perdeu espaço no Facebook após conflitos com Mark Zuckerberg em 2004. Após uma série de desentendimentos, sua participação na empresa foi diluída de 34% para menos de 10%.
Apesar disso, seu nome permaneceu como cofundador da plataforma, e o acordo final garantiu uma fatia significativa da companhia, que se valorizou bilhões de dólares após a abertura de capital em 2012.
Do corte ao império bilionário
Desde 2009, Saverin vive em Singapura, onde fundou a empresa de investimentos B Capital, que hoje administra mais de US$ 7 bilhões em ativos globais.
Ele atua como co-CEO, lidera decisões estratégicas e supervisiona diretamente os investimentos no Sudeste Asiático e na Índia. Boa parte do seu tempo é dedicada a analisar startups de base tecnológica, em especial nos setores de saúde, transformação digital e sustentabilidade.
Além da carreira, sua vida pessoal também mudou. Casado com Elaine Andriejanssen desde 2015, ele vive em um condomínio de luxo e evita a vida social extravagante que marcou seus primeiros anos como bilionário.
Entre furacões e... Apple
Saverin mantém uma rotina discreta, mas cheia de detalhes inusitados.
Um dos mais curiosos é o fato de que ele mantém em sua casa um sistema com três monitores Apple, sendo que um deles exibe em tempo real softwares de rastreamento de furacões e tsunamis.
O interesse por meteorologia é antigo: ele mesmo afirma ser um hobby desde a infância. O sistema meteorológico caseiro está integrado ao seu escritório doméstico, onde também realiza videoconferências e acompanha indicadores financeiros globais e atividades dos mercados asiáticos e norte-americanos.
Ele é fã declarado dos sistemas operacionais da Apple e, em 2019, afirmou que utilizava exclusivamente iPhone, iPad e Mac. Seu ambiente de trabalho combina tecnologia de ponta com um nível extremo de organização e controle de agenda. Saverin revisa pessoalmente apresentações de investimento e participa de todas as decisões estratégicas da B Capital.
Em 2024, ele doou US$ 15,5 milhões para a Singapore American School, a maior doação da história da instituição, o que reforça seu envolvimento com a comunidade local e com causas educacionais.
Saverin evita entrevistas, mas mantém presença ativa em círculos de investimento global com foco em tecnologia, saúde e clima. Desde 2011, não possui mais cidadania americana nem brasileira, vivendo como "cidadão global".
“Nunca vou me aposentar em uma praia”
Saverin adotou o que chama de filosofia de “poder silencioso”. “Ainda estamos nos estágios iniciais de criar tecnologias que influenciarão o mundo. Nunca vou me aposentar em uma praia”, disse ele à Forbes em 2019.
Mesmo com uma fortuna superior à de diversos fundadores de big techs, ele segue atuando em ritmo intenso, com foco em criar o que chama de “a próxima geração de empresas transformadoras”.
Saverin acredita que o “novo Facebook” poderá surgir na interseção entre saúde e inteligência artificial — e quer estar entre os primeiros a investir quando isso acontecer.