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Na St. Nicholas School, jovens vivem rotina de “gente grande” antes de escolher a profissão

Programa Job Shadowing conecta estudantes do ensino médio a empresas, permitindo que conheçam o dia a dia das profissões antes de decidir o futuro

Antes da escolha, a vivência: na St. Nicholas School, jovens conhecem o dia a dia das profissões  (Arquivo Pessoal)

Antes da escolha, a vivência: na St. Nicholas School, jovens conhecem o dia a dia das profissões (Arquivo Pessoal)

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 31 de outubro de 2025 às 15h53.

Em um momento em que a indecisão sobre o futuro profissional é comum entre jovens, a St. Nicholas School, uma das principais escolas internacionais de São Paulo, criou um caminho alternativo: permitir que os alunos conheçam o mercado de trabalho antes de chegar a ele.

Desde agosto de 2024, o Job Shadowing Programme oferece a estudantes do ensino médio a oportunidade de vivenciar o cotidiano de diferentes profissões por meio de parcerias com empresas como CNN, Meta e fintechs brasileiras.

Com 20 horas de atividades por semestre, o programa foi desenhado para unir autoconhecimento e prática profissional. “A maioria dos alunos nunca teve contato com o ambiente de trabalho”, afirma Ai-Lien Nguyen Vasconcelos, diretora do departamento de University and Career Guidance da escola.

“Eles têm uma ideia abstrata sobre as carreiras. Por isso, essa experiência permite decisões mais conscientes”, defende a diretora.

Como funciona o programa

O Job Shadowing é optativo, mas segue um processo seletivo rigoroso. Os alunos dos últimos três anos do ensino médio (Grades 10, 11 e 12) precisam enviar currículo, carta de motivação, referência de um professor e passar por entrevista com a equipe de orientação.

A nota acadêmica não é o principal critério. “O que mais conta é a motivação e o compromisso. Queremos que o aluno reflita sobre o que realmente deseja para o futuro”, diz Ai-Lien.

Conhecimento com propósito: alunos descobrem que entender o próprio perfil é o primeiro passo para planejar o futuro acadêmico e profissional (Arquivo Pessoal)

As experiências são realizadas fora do horário escolar e podem ocorrer durante o semestre ou em períodos concentrados, como as férias. Cada parceria oferece vagas em áreas específicas e os alunos escolhem até três opções de interesse.

O projeto começou com cinco estudantes em 2024 e hoje já reúne 14 participantes e oito empresas parceiras, com planos de expansão.

O modelo foi estruturado em colaboração com pais e familiares da comunidade escolar, que atuam como mentores e facilitadores dentro das empresas. “Essa rede de apoio é fundamental. São profissionais que se dispõem a abrir suas rotinas e a ensinar com generosidade”, comenta Ai-Lien.

A importância da experiência prática

Mais do que apresentar ambientes corporativos, o Job Shadowing busca formar repertório e senso crítico. A vivência permite que o aluno descubra se determinada profissão combina ou não  com suas expectativas.

“Às vezes, eles percebem que o sonho que tinham não é o que imaginavam. E isso também é um aprendizado valioso”, afirma Ai-Lien.

Esses resultados também têm valor estratégico para quem pretende estudar fora ou em universidades com processos de admissão inspirados em modelos internacionais. Segundo Ai-Lien, universidades americanas e britânicas, por exemplo, valorizam esse tipo de vivência em seus processos seletivos.

“Nos Estados Unidos, o processo é holístico e avalia o estudante como um todo. Já no Reino Unido, contam mais as experiências ligadas ao curso escolhido. O Job Shadowing atende aos dois modelos”, explica.

O olhar dos alunos

Entre os participantes, o estudante Nicholas Gomes de Oliveira, do ensino médio, resume o impacto do programa. Ele passou alguns dias na Carpa Family Office, onde acompanhou decisões de investimento e a rotina de profissionais do mercado financeiro.

“Achei que seria um ambiente estressante, com gritaria e pressão, mas vi o contrário: decisões tomadas com calma e respeito”, conta.

“Foi uma experiência incrível e solidificou minha vontade de seguir carreira em finanças.”

Depois da experiência, Nicholas se tornou presidente do clube de investimentos da escola e diz se sentir mais preparado para o próximo passo. “Aprendi muito sobre diferentes áreas e acredito que esse conhecimento vai ser essencial para a universidade e para o mercado de trabalho”, afirma.

Rotina de “gente grande”: estudantes vivenciam jornadas reais em empresas e percebem que maturidade também se aprende (Arquivo Pessoal)

Resultados e perspectivas

Em pouco mais de um ano, o Job Shadowing consolidou-se como um laboratório de escolhas profissionais dentro da St. Nicholas. Além do aumento no número de parceiros, o programa amadureceu pedagogicamente.

Ai-Lien adianta que a proposta para o futuro é ampliar a rede de empresas (especialmente em áreas como medicina e direito) e integrar o modelo de orientação à metodologia internacional do International Baccalaureate (IB).

“A preparação para o mundo não começa na faculdade. Começa quando o aluno entende quem ele é e o que faz sentido para ele”, diz Ai-Lien.

Para ela, a vivência profissional é uma forma concreta de desenvolver habilidades socioemocionais e consciência de propósito. “Quando um aluno aprende a se apresentar, observar uma reunião e pensar sobre o que realmente quer, ele já está aprendendo sobre o mundo”, resume.

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