Repórter
Publicado em 10 de julho de 2025 às 05h00.
A Neon, fintech brasileira focada nas classes B, C e D, anunciou nesta quinta-feira, 10, a conclusão de sua rodada de investimentos Série E, totalizando R$ 720 milhões.
O aporte contou com a participação de novos investidores internacionais, como a IFC (International Finance Corporation), braço do Banco Mundial, e a DEG, subsidiária do grupo KfW da Alemanha. A rodada também contou com a participação de investidores já presentes, como BBVA e General Atlantic.
Para Jamil Marques, VP de Operações da Neon, a chegada dos fundos internacionais é uma clara validação do potencial da fintech e da qualidade do seu modelo de negócios. "Esse investimento é uma chancela para o nosso trabalho e reforça a confiança em nossa estratégia. Isso nos motiva a seguir investindo em tecnologia e em soluções inovadoras para os nossos clientes", disse Marques.
Os recursos captados serão direcionados ao aprimoramento dos produtos financeiros da Neon, com foco em crédito privado e consignado privado.
Marques acredita que essa expansão é fundamental para ampliar o acesso ao crédito de forma responsável. "O mercado brasileiro tem grande potencial para oferecer crédito justo e acessível aos trabalhadores. Estamos comprometidos em atender essa demanda", afirma.
Outro ponto estratégico da Neon é a ampliação de suas soluções com o uso do Pix. A fintech, que já é pioneira no Pix Automático, quer expandir essa funcionalidade e fortalecer a plataforma.
O uso de inteligência artificial (IA) também é uma prioridade para a Neon. A contratação de Ben Serridge, ex-Google, como Diretor Executivo de Produto com foco em IA, vai ajudar a fintech a organizar e potencializar suas estratégias tecnológicas.
"Já investimos em IA há algum tempo, mas com a chegada do Ben, nosso foco será organizar melhor essa estratégia, especialmente para aprimorar os produtos e serviços que oferecemos aos nossos clientes", explica Marques.
Nos últimos anos, o "inverno das startups" afetou fortemente o mercado de venture capital, e a Neon foi uma das impactadas. Entre 2022 e 2024, o ecossistema de startups sofreu uma queda de 51,4% nas rodadas de captação de recursos no Brasil.
A fintech registrou prejuízos bilionários — R$ 880,6 milhões em 2023 e R$ 299,6 milhões em 2024 —, impulsionados por um crescimento desordenado da carteira de crédito, alta inadimplência e custos elevados de funding.
Com a escassez de capital, impulsionada pelo aumento da Selic e a aversão do investidor ao risco, a Neon precisou revisar sua estratégia.
A mudança de liderança, com Fernando Miranda assumindo no lugar de Pedro Conrade em dezembro de 2024, foi a 'cereja no bolo' nesse processo de reestruturação. Miranda já foi vice-presidente do Nubank, CEO da Easynvest e da Webmotors, além de diversos cargos de liderança em bancos nos EUA e Europa.
Com os R$ 720 milhões levantados na rodada Série E, a Neon conseguiu consolidar seu processo de recuperação. A rodada foi realizada em três etapas, com a maioria dos recursos captados até o final de 2024.
A rodada foi essencial para a fintech alcançar o breakeven operacional no final do ano passado. Em julho de 2025, o restante do aporte foi fechado, encerrando a rodada.
Agora, no primeiro trimestre de 2025, a empresa registrou lucro de R$ 9,3 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 161,7 milhões do ano anterior.
A receita bruta cresceu 63%, e a Neon consolidou mais de R$ 6 bilhões em sua carteira de crédito, mostrando uma recuperação robusta após o período de crise.