Negócios

O bilionário que não fez faculdade, varre a fábrica e lidera um império de chás de US$ 4 bilhões

Mesmo com fortuna bilionária, Don Vultaggio ainda dirige empilhadeira e limpa banheiros na fábrica da AriZona Beverages

Vultaggio: fundador lidera a AriZona como uma família e participa do chão de fábrica (Newsday LLC / Colaborador/Getty Images)

Vultaggio: fundador lidera a AriZona como uma família e participa do chão de fábrica (Newsday LLC / Colaborador/Getty Images)

Publicado em 14 de setembro de 2025 às 09h01.

Aos 73 anos, sem diploma da faculdade e com uma fortuna estimada em US$ 6 bilhões, Don Vultaggio é o líder de um dos maiores impérios de bebidas dos Estados Unidos, mas ainda passa seus dias na fábrica operando empilhadeiras e varrendo o chão.

Para o fundador da AriZona Beverages, só é possível manter a excelência quando se vive o dia a dia da operação.

“Ele não nos pede para fazer algo que ele não faria”, disse Amish Patel, chefe de operações da empresa, à Forbes. Recentemente, segundo os funcionários, o empresário operou uma empilhadeira por oito horas para demonstrar como queria o novo sistema de organização do estoque.

A rotina de Vultaggio inclui testes de sabor, reuniões de alto nível e conversas com trabalhadores de todas as áreas da fábrica. Para os funcionários, é comum vê-lo conversando com seus colaboradores, limpando banheiros ou organizando móveis.

Vultaggio fundou a AriZona Beverages em 1992, sem conhecimento técnico sobre chá gelado, mas com um forte senso comercial e visão de longo prazo. Desde o início, decidiu manter o preço de US$ 0,99 estampado na lata — uma estratégia que permanece até hoje, mesmo com a inflação e o aumento de custos logísticos.

Sem depender de marketing tradicional, a marca cresceu com base em embalagens chamativas, sabor aprovado no boca a boca e preços acessíveis. Enquanto concorrentes apostavam em campanhas publicitárias, Vultaggio investia em eficiência, design e relacionamento com funcionários.

Gestão como comunidade e decisões na prática

O estilo de liderança de Vultaggio inclui visitar setores da empresa como se estivesse caminhando por sua própria casa.

Os funcionários dizem que seria impossível para ele participar do programa Undercover Boss, já que conhece todos pelo nome.

A busca por inovação constante é o que permite que a AriZona mantenha, há 33 anos, o preço de US$ 0,99 nas latas de chá, mesmo em meio à inflação e à alta de insumos. Parte da estratégia está no controle total da cadeia: “Nós possuímos tudo. Não temos acionistas ou um conselho dizendo o que fazer”, explica.

Outro princípio que norteia sua gestão é o de tratar o ambiente de trabalho como se a própria família estivesse ali. Um exemplo foi quando demitiu um gerente após encontrar o banheiro da fábrica em condições precárias. “Se sua irmã trabalhasse lá, você deixaria esse banheiro assim?”, disse ele, segundo a Forbes.

Educação fora da escola, mas dentro da realidade

Sem formação universitária, Vultaggio credita seu sucesso a uma educação prática, obtida nas ruas de Nova York, nos supermercados e na observação dos consumidores. “A escola não funcionou para mim. Aprendi muito mais fora dela”, afirmou.

Com a mesma mentalidade, da fundação ao topo

Para Vultaggio, o segredo é nunca se acomodar. “Você tem de andar com uma pedrinha no sapato. Isso te lembra de não dar nada como garantido”, disse ele à Forbes. Ele acredita que a atenção aos detalhes e a proximidade com os funcionários são as bases de um negócio saudável. “Você precisa administrar uma empresa como se fosse uma família.”

Com quase 2 bilhões de latas vendidas por ano e presença consolidada nas prateleiras dos Estados Unidos, Vultaggio segue presente em cada etapa do processo. “Quando alguém coloca um dólar na mesa e diz ‘isso vale a pena’, eu conquistei esse cliente."

Acompanhe tudo sobre:BilionáriosEmpresasBebidas

Mais de Negócios

O executivo que trocou a estabilidade por uma empresa pequena — e fez ela crescer 2.233%

O bilionário do SharkTank que responde mil e-mails assim que acorda e leva a filha para a escola

Como a Stihl enfrenta tarifas nos EUA, concorrência chinesa e a transição para baterias

Mulher de 41 anos abriu negócio que rende US$ 600 mil por ano: 'É a melhor forma de ganhar dinheiro'