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O CEO que quer viver para sempre, faz transfusões com o sangue do filho e dorme 9h por dia

Bryan Johnson desafia os limites da biotecnologia e da bioética em sua busca pela juventude eterna, com tratamentos experimentais e uma disciplina baseada em dados

Bryan Johnson: empresário já usou plasma do filho para ficar mais jovem (Instagram/Reprodução)

Bryan Johnson: empresário já usou plasma do filho para ficar mais jovem (Instagram/Reprodução)

Publicado em 12 de julho de 2025 às 19h26.

Aos 47 anos, Bryan Johnson quer descobrir o segredo para viver para sempre. Com uma visão futurista e um enfoque na biotecnologia, o empresário e investidor americano tem voltado todo o seu esforço e recursos para encontrar maneiras de reduzir sua idade biológica, buscando reverter os efeitos do envelhecimento. O Project Blueprint, programa criado e mantido por Johnson, é um experimento radical e altamente estruturado, que mistura ciência de ponta, intervenções médicas e uma disciplina incansável.

Johnson não se contenta apenas em envelhecer com dignidade, ele busca literalmente reverter seu próprio processo de envelhecimento, com o objetivo de fazer sua biologia funcionar como a de um jovem de 18 anos. Para isso, ele gasta cerca de US$ 2 milhões por ano (cerca de R$ 10 bilhões na cotação atual), utilizando uma combinação de tratamentos experimentais, dieta rigorosa, medição contínua de biomarcadores e até mesmo técnicas não convencionais, como transfusões de plasma — do próprio filho adolescente.

O uso do plasma mais jovem.

Uma das práticas mais controversas de Bryan Johnson foi a experiência com transfusões de sangue jovem. Em 2023, Johnson realizou um experimento que envolvia plasma extraído de seu filho adolescente, com a esperança de que o sangue jovem tivesse propriedades regenerativas capazes de rejuvenescer seu organismo.

Esse tipo de procedimento foi inspirado por estudos em roedores, onde transfusões de sangue jovem mostraram efeitos rejuvenecedores em órgãos e tecidos mais envelhecidos.

Mas, após realizar o procedimento e não observar benefícios mensuráveis, Johnson abandonou a prática. Apesar de seu entusiasmo inicial, ele reconheceu que a ciência atual não corrobora os efeitos de rejuvenescimento a partir de plasma jovem em humanos. Além disso, Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, órgão análogo à Anvisa) já se manifestou contra esse tipo de tratamento, alertando para os riscos e a falta de evidência científica.

Uma dieta controlada

A dieta de Johnson é um dos pilares centrais do Projeto Blueprint. Cada refeição é minuciosamente planejada para maximizar a ingestão de nutrientes e otimizar a longevidade. Johnson adota uma alimentação baseada em plantas, com um consumo diário de 2.250 calorias, aproximadamente 10% abaixo de suas necessidades energéticas de manutenção. Johnson também segue um regime de jejum intermitente, onde faz todas as suas refeições antes das 11h da manhã e fica sem comer por entre 16 e 18 horas diárias.

Além da dieta, o exercício físico também desempenha um papel crucial na rotina de Johnson. Sua programação de atividades físicas inclui uma combinação de treinamento de alta intensidade e resistência, somada a mais de 25 diferentes tipos de exercícios ao longo da semana.

Outro aspecto do Projeto Blueprint é a utilização de terapias avançadas para acelerar os processos de regeneração celular e melhorar a saúde dos tecidos. Johnson segue uma rotina que inclui terapias de luz infravermelha e vermelha, usadas para promover a regeneração celular e melhorar a saúde da pele.

Ele também recorre à oxigenoterapia hiperbárica, um tratamento que envolve o uso de uma câmara de alta pressão para aumentar a quantidade de oxigênio no sangue, e inclui em sua rotina tratamentos de ondas de choque, que, segundo ele, têm como objetivo o rejuvenescimento de tecidos e o aumento do fluxo sanguíneo, melhorando a vitalidade e a recuperação dos tecidos danificados.

Mas Johnson não é um autodidata quando se trata de saúde. Ele mantém uma equipe de mais de 30 médicos e especialistas, que monitoram constantemente sua saúde e biomarcadores. A monitorização intensiva é uma das características mais exclusivas de seu projeto, com testes de mais de 70 biomarcadores realizados regularmente para ajustar sua dieta, suplementos e práticas de saúde.

O dia a dia de Johnson

A rotina diária de Johnson é cuidadosamente estruturada com base em dados, o que significa que ele segue um protocolo data-driven para cada aspecto de sua vida. Isso implica que todas as suas ações, desde a alimentação até os exercícios e tratamentos, são informadas e ajustadas conforme os dados coletados sobre seu corpo, saúde e biomarcadores. A ideia central do data-driven é a personalização extrema de seu estilo de vida, onde ele utiliza tecnologias e medições para ajustar continuamente seu comportamento para melhorar a longevidade e retardar o envelhecimento.

HoraAtividade
4:30 AMTerapia de luz de 10.000 lux, medição de biomarcadores
5:00 AMCuidados pessoais (soro capilar, massagem no couro cabeludo)
6:00 AMExercício de alta intensidade e treinamento de força
7:00 AMRefeição (café da manhã vegano, como a "Super Veggie Bowl")
8:00 AMInício da ingestão de suplementos (40–100+ por dia)
11:00 AMÚltima refeição do dia e início do jejum

Os perigos do 'biohacking'

Apesar de seu sucesso pessoal, o trabalho de Bryan Johnson levanta várias questões sobre o biohacking, o uso de tecnologias experimentais para alterar o corpo humano e a ética de algumas de suas práticas, já que a eficácia de muitos de seus tratamentos ainda está sendo discutida na comunidade científica.

Sua busca incessante por longevidade e juventude eterna coloca em foco as fronteiras do que pode ser considerado bioética e práticas médicas válidas. O uso de tecnologias e intervenções experimentais, como transfusões de plasma jovem, uso de substâncias não regulamentadas e tratamentos como a oxigenoterapia hiperbárica ou ondas de choque, levanta preocupações entre especialistas. A principal crítica é que muitas dessas técnicas ainda não possuem evidência científica robusta que comprove seus benefícios, e algumas delas nem sequer passaram por testes clínicos de largo alcance em humanos.

O biohacking é frequentemente abordado como uma prática perigosa que pode resultar em consequências imprevistas e danosas à saúde. Muitos críticos sugerem que, apesar de suas boas intenções de prolongar a vida humana, Johnson poderia estar ignorando o equilíbrio entre riscos e benefícios em busca de um ideal de longevidade, e que essa abordagem extrema pode ser arriscada para o corpo humano.

Johnson, por outro lado, defende seu projeto com um forte apelo à ciência e à personalização dos cuidados de saúde. Ele acredita que, ao contrário de terapias tradicionais, seu protocolo intensivo e baseado em dados é fundamentado em uma aplicação rigorosa da ciência e no monitoramento contínuo de biomarcadores, o que o torna, em sua visão, mais seguro e mais eficaz do que qualquer prática convencional. Johnson afirma que não está apenas experimentando consigo mesmo, mas mostrando ao mundo o potencial da medicina personalizada e da tecnologia de ponta para transformar a maneira como entendemos o envelhecimento. Para ele, o Projeto Blueprint não é somente uma busca pessoal, mas uma missão para apontar o futuro da saúde humana, onde os indivíduos podem ter controle total sobre sua biologia.

Em várias declarações públicas, Johnson expressou que "não é contra a medicina tradicional, mas contra o modelo de negócios que coloca o lucro acima do bem-estar do paciente", criticando a falta de personalização e atenção aos dados individuais nas abordagens médicas convencionais. Ele defende que, em um futuro próximo, tecnologias como a que ele usa possam ser acessíveis a todos, democratizando o controle da saúde e da longevidade. Para a ciência, no entanto, é melhor esperar. E envelhecer enquanto isso.

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