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O engenheiro misterioso que tinha múltiplos empregos e enganou o Vale do Silício

O jovem Soham Parekh virou assunto no X (antigo Twitter) após fundadores de startups revelarem que o engenheiro trabalhava em múltiplas empresas ao mesmo tempo

 (Getty Images)

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Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 6 de julho de 2025 às 07h05.

Soham Parekh se tornou o protagonista de uma história que tem gerado reações divididas no Vale do Silício. Engenheiro de software com habilidades impressionantes, ele passou a ser conhecido por uma prática incomum: trabalhar em diversas startups ao mesmo tempo, sem que as empresas soubessem disso. Um comportamento controverso, mas que evidenciou um fenômeno que a indústria de tecnologia tem se esforçado para compreender.

A saga de Parekh foi revelada em uma publicação de Suhail Doshi, CEO da Playground AI, publicado no X (antes Twitter). Na postagem, Doshi alertou que Parekh havia trabalhado simultaneamente para várias startups, incluindo algumas aceleradas pelo Y Combinator, sem que seus empregadores soubessem da sobrecarga de funções. O alerta viralizou rapidamente, com outros empreendedores compartilhando suas próprias experiências.

Além de Doshi, outros fundadores confirmaram que contrataram Parekh, mas o dispensaram ao descobrirem que ele estava trabalhando em outras empresas. A informação gerou uma reação em cadeia, com mais relatos sobre o comportamento do engenheiro.

"Contratamos ele semana passada. Demitimos hoje de manhã. Ele foi super bem nas entrevistas, deve ter treinado bastante. Tomem cuidado por aí", respondeu o fundador da Get Lindy.

O CEO da startup Antimetal também respondeu: "Soham foi nosso primeiro engenheiro em 2022. Super esperto e legal, gostei de trabalhar com ele. Percebemos rapidamente que ele estava trabalhando em várias empresas e precisamos desligá-lo. Não consigo nem imaginar quanto equity ele já deixou para trás", escreveu.

A resposta de Parekh

Ao ser questionado sobre o comportamento de trabalhar em várias empresas ao mesmo tempo, Parekh admitiu que iniciou essa prática em 2022. Ele argumentou que o objetivo não era enganar, mas sim otimizar a carreira ao extremo, utilizando os múltiplos empregos para aprender e aprimorar as habilidades. Para ele, a experiência de trabalhar em empresas com modelos diferentes era uma forma de acelerar o crescimento como programador.

Em entrevista ao programa Technology Business Programming Network (TBPN), Parekh forneceu mais detalhes sobre os motivos que o levaram a adotar essa estratégia. O engenheiro afirmou que enfrentava dificuldades financeiras e, por isso, precisou buscar múltiplos empregos para se manter financeiramente estável.

No entanto, os relatos sobre a gestão do tempo e a quantidade de trabalho parecem questionáveis, já que ele afirmou trabalhar até 140 horas por semana — uma carga horária que, segundo especialistas, beira o impossível. Restariam somente 28 horas na semana inteira para descanso, lazer e outras atividades.

A escassez de profissionais qualificados e a pressão para entregar resultados rápidos no Vale do Silício criam um cenário onde práticas como o “moonlighting” (trabalhar em múltiplos empregos ao mesmo tempo) se tornam mais comuns. As informações são do site Tech Crunch.

Após a grande repercussão de sua história, Parekh parece tentar virar o jogo a seu favor. Recentemente, ele anunciou a entrada em uma nova startup, a Darwin Studios, especializada em remixagem de vídeos com IA. No entanto, o anúncio foi apagado rapidamente tanto por Parekh quanto pelo CEO da empresa. A atitude levantou ainda mais especulações sobre os próximos passos do engenheiro.

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