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Pix por áudio e muita IA: ex-PagSeguro tem R$ 60 milhões para expandir banco no WhatsApp

Depois de fundar a Bankly, Davi Holanda volta a empreender com o Jota; a startup possibilita o gerenciamento de todas as finanças pelo app de mensagens

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 7 de agosto de 2025 às 15h23.

Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 15h24.

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Aplicativo mais usado do Brasil, o WhatsApp lentamente se transforma de um simples mensageiro para uma plataforma de conversas, compras e transações financeiras. O cearense Davi Holanda já falava sobre o potencial do aplicativo para os negócios cinco anos atrás — e acaba de anunciar uma startup que funciona direto no 'Zap'.

Em 2020, o especialista em pagamentos digitais deu uma entrevista à Exame e alertou: "Quem não se preparou, comeu bola". Hoje, o aplicativo é usado por 96% dos brasileiros diariamente, consolidado como uma ferramenta central na vida (online e offline) dos brasileiros.

Holanda tem uma passagem extensa pelo setor financeiro. Foi executivo na Cielo e também peça-chave na expansão da PagSeguro, responsável pela entrada da marca no segmento de maquininhas. Fundou a Bankly, de infraestrutura bancária, em 2020 e atingiu faturamento de R$ 70 milhões dois anos depois. No ano seguinte, vendeu a empresa ao Banco Votorantim.

Agora, ele volta a empreender com o Jota. A startup quer mudar como os brasileiros lidam com as finanças, controlando tudo pelo WhatsApp e com auxílio de inteligência artificial.

O assistente financeiro já chega ao mercado com uma captação de R$ 60 milhões. A rodada seed foi liderada pela Maya Capital e teve participação da HOF Capital, que investiu na OpenAI, dona do ChatGPT. O valor e os players envolvidos são um indicativo do potencial da startup.

A meta de Davi Holanda é alcançar 100 mil clientes até o final de 2025 — e, segundo ele, essa projeção pode ser superada, com a expectativa de atingir até 200 mil clientes.

Como funciona o Jota?

Com conta no Jota, o usuário consegue consultar extratos, fazer pagamentos e até gerar QR codes de cobrança via áudio, texto ou imagens — tudo dentro do WhatsApp. Também é possível solicitar para ser lembrado de ações corriqueiras, como um remédio, a entrega de um trabalho importante ou uma reunião.

Uma novidade no Jota é o Rende+, que permite a automação do rendimento do saldo a 100% do CDI. Para fazer isso, só precisa pedir a transferência para a conta e o dinheiro ficará guardado e rendendo.

"Pode, por exemplo, instruir o assistente a puxar uma parte do salário todo quinto dia útil para a conta Jota e ver o saldo render 100% do CDI na hora — sem esforço manual e sem correr o risco de esquecer de colocar para render", diz Holanda.

"É automático, sem letra fina, sem valor mínimo para render ou sacar, sem 30 dias para tirar. Não tem cofrinho, não tem caixinha", diz Holanda.

Como crio a minha conta?

Para começar, o usuário só precisa adicionar o número oficial do Jota no WhatsApp e seguir os passos para criar a conta. Depois, pode começar a interagir com o assistente para verificar saldos, fazer pagamentos ou até agendar lembretes para tarefas do dia a dia.

É seguro?

O Jota adota diversas medidas para proteger os dados e o dinheiro dos usuários. Além da autenticação facial e do uso de senhas de seis dígitos para transações, o dinheiro dos clientes não fica armazenado dentro do WhatsApp. Ele é mantido em uma instituição financeira regulada pelo Banco Central, o que garante maior proteção ao saldo dos usuários.

Banco no WhatsApp é comum?

O sucesso do Jota não é único no mercado. Outras empresas também estão apostando no WhatsApp como plataforma para serviços financeiros, o que só reforça o potencial da ferramenta.

"Não adianta criar uma plataforma do zero, quando você já tem uma base de clientes ativa no WhatsApp", resume Holanda.

A Magie, por exemplo, foi fundada em 2024 e já atingiu a marca de R$ 1 bilhão em volume transacionado. Assim como o Jota, oferece uma conta digital inteiramente no WhatsApp, ou seja, também não tem aplicativo próprio.

Outros exemplos, como a fintech Friday, tem assistentes virtuais no WhatsApp, mas não são nativos do aplicativo.

"O WhatsApp, por ser uma plataforma universalmente usada, é o lugar certo para fazer a transição dos serviços financeiros para a vida cotidiana das pessoas. Estamos numa fase de 'juntar os pontos' — a plataforma já existe e agora é hora de transformar esse uso em algo funcional para o financeiro", diz o cearense.

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