Jared Isaacman: indicado por Trump para comandar a NASA em dezembro, Isaacman teve a nomeação retirada meses depois (AFP/AFP)
Redatora
Publicado em 9 de julho de 2025 às 06h01.
O bilionário americano Jared Isaacman, CEO da Shift4 e astronauta da SpaceX, foi inesperadamente lançado ao centro da disputa entre Elon Musk e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Indicado por Trump para comandar a agência de exploração espacial americana Nasa em dezembro, Isaacman teve a nomeação retirada meses depois, após críticas relacionadas a seu passado político — movimento que gerou atrito com Musk e alimentou uma série de ataques públicos entre o bilionário e o presidente.
Isaacman é uma figura de destaque na chamada nova corrida espacial. Ele financiou e liderou duas missões da SpaceX, além de ter sido o primeiro civil a comandar uma caminhada espacial privada.
Aos 41 anos, acumula um patrimônio estimado em US$ 1,7 bilhão, segundo a Forbes, e já declarou que seu sonho é ver humanos voltando à Lua e, futuramente, chegando a Marte.
A trajetória empresarial começou cedo. Aos 16 anos, largou o ensino médio para fundar sua primeira empresa, a United Bank Card, que viria a se tornar a Shift4, especializada em soluções de pagamento.
Em 2012, criou também a Draken International, companhia de aviação militar privada, vendida sete anos depois para o fundo de private equity Blackstone.
Com a abertura de capital da Shift4 em 2020, ele consolidou sua fortuna e ampliou sua atuação no setor aeroespacial.
Sua trajetória empresarial e vínculo com o setor espacial o colocaram no radar da Casa Branca para chefiar a Nasa, mas a escolha foi revertida em maio, após críticas vindas do próprio presidente.
Em postagens no Truth Social, Trump afirmou que Isaacman era “um democrata de sangue azul” que nunca havia apoiado candidatos republicanos. O presidente insinuou ainda que Musk estaria tentando favorecer um aliado próximo, já que a SpaceX mantém contratos relevantes com a NASA.
Musk respondeu rapidamente. Disse que é raro encontrar alguém “tão competente e de bom coração” quanto Isaacman e intensificou as críticas a Trump. A disputa escalou, com trocas de acusações nas redes sociais. Musk insinuou ligações de Trump com os arquivos do polêmico caso Epstein; em contrapartida, Trump ameaçou cortar contratos do governo com as empresas de Musk.
Isaacman, por sua vez, adotou um discurso de respeito institucional. Agradeceu ao presidente e ao Senado pela indicação e afirmou que o processo lhe deu “uma compreensão mais profunda do peso que os líderes políticos carregam”.
Isaacman afirmou não acreditar que suas doações políticas tenham sido o motivo principal do veto. “Não culpo o presidente. Eu o apoio totalmente”, declarou.
Com atuação também em causas filantrópicas, como a campanha de US$ 240 milhões para o hospital infantil St. Jude, Isaacman vive com a esposa e duas filhas em Nova Jersey.
Ao que tudo indica, deve continuar sendo peça-chave na transformação da exploração espacial em uma indústria liderada pela iniciativa privada, mesmo que, por ora, fora dos bastidores de Washington.