Lourival Araújo, CEO da Blue Company: “Nunca nos comportamos como uma empresa pequena. Desde o início, pensamos grande, com disciplina e velocidade, e isso fez toda a diferença” (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)
Repórter
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 11h38.
Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 11h44.
Em apenas três anos de operação, a Blue Company se consolidou entre as operadoras de saúde em expansão no país. Fundada em 2022 por Lourival Araújo, executivo com mais de três décadas de experiência no setor médico-hospitalar, e Isaías Pertrelli, especialista em tecnologia e inteligência artificial, a companhia projeta ultrapassar R$ 1 bilhão em faturamento em 2025.
O avanço ocorreu a partir de três frentes principais: investimento em vendas, ampliação da rede credenciada — que cresceu de 240 prestadores na Bahia para 36 mil pontos de atendimento em todo o Brasil — e o lançamento de novos produtos. Entre eles, estão os cartões-presente para serviços médicos, que poderão ser adquiridos no varejo e usados em consultas, exames e até tratamentos estéticos.
“Queremos democratizar o acesso à saúde. A pessoa vai poder comprar um gift card de telemedicina e exames como presente, algo que antes parecia inacessível para boa parte da população”, afirma Araújo.
O crescimento ajudou a companhia a ser destaque pela segunda vez no Prêmio EXAME Negócios em Expansão, conquistando o primeiro lugar entre as empresas com receita entre R$ 300 milhões e R$ 600 milhões.
Em entrevista à EXAME, o presidente Lourival Araújo conta o que motivou o crescimento de 927% de receita da companhia no último ano e como pretende chegar ao 1º bilhão.
O modelo de expansão chamou atenção em 2023, quando a Blue se tornou a primeira operadora do setor a aplicar um reajuste negativo, de -12%, em um cenário em que as concorrentes praticaram aumentos de até 15%. A decisão, segundo a empresa, foi possível pelo controle de custos e pela diversificação da carteira.
“Nunca nos comportamos como uma empresa pequena. Desde o início, pensamos grande, com disciplina e velocidade, e isso fez toda a diferença”, diz Araújo.
Além da rede credenciada, a Blue apostou em uma estratégia de vendas intensiva. Lourival, que iniciou a carreira como corretor, manteve a proximidade com os profissionais de intermediação. A empresa promoveu campanhas e treinamentos e realizou lives que reuniram até 48 mil corretores simultaneamente. Também passou a organizar encontros presenciais com parceiros comerciais, chamados de “café com o presidente”.
“Investimos no vendedor porque eu mesmo já estive do outro lado. Sei o que significa sair sem dinheiro para almoçar, mas com uma meta para bater”, afirma o executivo.
Para sustentar a expansão, a Blue negocia a venda de 30% da companhia a fundos de investimento, com expectativa de captar R$ 500 milhões. O montante deve ser direcionado a tecnologia e novos modelos de negócio, em vez da aquisição de hospitais próprios.
Entre as iniciativas em andamento está o Banco de Créditos Médicos Hospitalares, que adquire dívidas de hospitais com deságio e converte em serviços. Outra frente é a NoviTec, braço de telemedicina que oferece consultas a partir de R$ 29,90 em mais de 35 especialidades, com a possibilidade de parcelar exames e procedimentos.
Os cartões-presente de saúde são a aposta mais recente para ampliar o acesso: consumidores poderão adquirir combos de consultas e exames em lojas físicas e digitais, nos moldes de cartões de streaming ou telefonia.
A Blue também expandiu sua sede, atualmente em um escritório de 2.400 m² em São Paulo. O espaço conta com áreas de descompressão e regime híbrido de trabalho.
“Trabalhamos em ritmo forte, mas saudável e equilibrado. O funcionário precisa sentir que a empresa cuida dele para que cuide bem dos clientes”, diz Araújo.
Hoje, a operadora atende mais de 25 mil empresas e atua também em contratos públicos, como o firmado recentemente no valor de R$ 64 milhões. Araújo destaca, no entanto, que a concorrência mais significativa não está apenas em outras operadoras, mas nos entraves estruturais do setor.
“O maior concorrente não são Bradesco, SulAmérica ou Amil, mas o desperdício e irregularidades que oneram o sistema. O setor de saúde suplementar precisa ser ressignificado. Nosso papel é oferecer eficiência, acesso e transparência”.
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