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Este fundo está à procura de uma empresa para adquirir. Será que pode ser a sua?

A Mamba Capital é um 'Search Fund', modelo de investimento que tem ganhado cada vez mais adeptos no Brasil

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 14 de julho de 2025 às 06h00.

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A Mamba Capital, liderada pelo empreendedor Patrick Wladimirski, é um dos novos representantes do modelo Search Fund no Brasil, uma estratégia de investimento que tem ganhado cada vez mais adeptos no país.

O fundo busca empresas de médio porte, com faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 200 milhões, para adquirir e transformar em negócios mais eficientes, sustentáveis e com potencial de crescimento a longo prazo.

A principal diferença desse modelo é que, ao invés de começar um negócio, o empreendedor investe em uma empresa já estabelecida, que precisa de um novo direcionamento para seguir em frente. "É uma maneira de empreender sem começar do zero", afirma Wladimirski.

Antes da Mamba Capital, o empreendedor passou pela Stone e foi um dos primeiros sócios da Caju Benefícios, startup referência no mercado de benefícios flexíveis. Foi justamente essa vivência em empresas em expansão que despertou nele o interesse por adquirir e liderar negócios de médio porte.

Agora, a meta é adquirir uma empresa que tenha uma base sólida e uma trajetória construída com consistência, mas que precise de novos investimentos e, principalmente, um novo olhar estratégico.

O que é Search Fund?

O modelo de Search Fund, que surgiu nos Estados Unidos na década de 1980, visa conectar empreendedores experientes com donos de empresas que buscam uma saída estratégica ou sucessão.

Enquanto os fundos de Private Equity buscam adquirir empresas em estágios mais avançados, e o Venture Capital investe em startups, o Search Fund preenche uma lacuna no mercado intermediário, oferecendo uma oportunidade para empresas que já têm um bom histórico, mas precisam de uma injeção de energia.

No Brasil, o conceito está em expansão, mas já apresenta números interessantes. Desde 2016, 23 aquisições foram realizadas com uma taxa de insucesso abaixo de 10%.

Um dos exemplos é a Voke, empresa de locação de equipamentos de TI: antes conhecida como Agasus, foi adquirida pelo fundo de Search Fund da 220 Capital e viu o faturamento saltar de R$ 38 milhões em 2019 para R$ 500 milhões em 2024.

"Acredito muito no potencial do modelo no Brasil, especialmente em um cenário onde muitas empresas fundadas há duas ou três décadas estão sem sucessores naturais e enfrentando dificuldades de liquidez", explica Patrick.

Qual o investimento?

A Mamba Capital já recebeu um aporte inicial de US$ 350 mil (cerca de R$ 2 milhões), que será utilizado nas fases de busca e diligência. Esse valor é proveniente de um grupo seleto de investidores, todos com grande experiência no mercado de Search Fund e Private Equity.

Quem está investindo?

Entre os investidores estão a Spectra Investimentos, gestora de Search Fund da América Latina; a Kanoa Capital, liderada por Guilherme Bonifácio, cofundador do iFood; e a Vonzeo Capital, de Jan Simon, referência global no mercado de investimentos.

Outros investidores individuais também participam do fundo. Todos têm um papel ativo na execução da estratégia. Eles oferecem suporte contínuo, desde o processo de aquisição até a gestão da empresa comprada.

“Os investidores estão sempre próximos, não só no processo de aquisição, mas também na fase de operação e gestão. Esse modelo de proximidade constante é o que diferencia o Search Fund de outros modelos tradicionais de investimento”, diz Wladimirski.

O que a Mamba procura?

A Mamba Capital está à procura de empresas que atendam aos seguintes critérios:

  • Setor: foco no setor de serviços, com operações bem estruturadas;
  • Faturamento: empresas com faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 200 milhões;
  • Margem: EBITDA superior a 15%, com margens consistentes e resilientes

“Estamos atrás de negócios resilientes, que operam em setores anticíclicos e que não são tão afetados pelas flutuações econômicas. Isso é um dos principais fatores para o sucesso a longo prazo da operação”, diz o executivo.

O que acontece após a aquisição?

Após encontrar a empresa ideal, Wladimirski planeja uma 'primeira etapa' de cerca de um ano. Durante esse período, ele se dedicará a entender profundamente a operação, a cultura da empresa, o perfil dos funcionários e os processos internos.

O primeiro ano será crucial para garantir uma transição suave, preservando o legado da empresa enquanto se prepara para as mudanças necessárias.

“É um exercício de humildade. Não estou comprando a empresa para começar tudo de novo. O objetivo é pegar o que foi feito até aqui e potencializar. O sucesso vem com o entendimento profundo da operação e a aplicação de energia nova nas áreas-chave”, afirma Patrick.

O foco principal será aprender tudo o que é possível sobre a empresa adquirida. Isso inclui estabelecer um bom relacionamento com os funcionários, respeitar a cultura da empresa e, simultaneamente, identificar áreas com potencial de melhoria.

A ideia não é modificar drasticamente a operação, mas sim otimizar processos, explorar novos mercados e introduzir pequenas inovações que possam acelerar o crescimento da empresa.

No segundo ano, a próxima etapa do processo: aplicar mudanças estruturais baseadas nos aprendizados adquiridos, com foco em expansão e aceleração do crescimento.

“O modelo de Search Fund respeita a história construída. A minha missão é dar continuidade ao legado, com energia nova e foco no crescimento”, diz o executivo. “Para os donos de empresas que estão considerando uma transição, eu vejo essa jornada como uma chance de preservar o que eles construíram, mas com a certeza de que o futuro pode ser ainda mais promissor”.

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