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Marcus Rossi, fundador e CEO do Gramado Summit Foto: Leandro fonseca Data: 04/06/2025 (Leandro Fonseca )
Editor da Região Sul
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 09h59.
Nas salas onde a equipe desenha a Gramado Summit 2026, numa rua tranquila de Gramado, afastada da rota dos turistas, a contagem regressiva para a próxima edição já começou. Com o tema “Make it human” (humanizar), o evento acaba de anunciar entre os primeiros palestrantes o empresário uruguaio Gustavo Zerbino Stajano. Zerbino é um dos 16 sobreviventes da tragédia conhecida como Milagre dos Andes.
Hoje com 72, aos 19, ele passou 72 dias enfrentando as adversidades da cordilheira inabitável, até o resgate, depois que o avião que partiu de Montevidéu com 45 pessoas – um time de rúgbi e seus familiares – caiu a caminho de Santiago, em outubro de 1972.
“Será um dos cases mais incríveis a pisar no palco principal da Gramado Summit. Independentemente de toda a tecnologia e conceitos que o festival apresenta, a gente sempre colocou o ser humano em primeiro lugar, e as histórias mais verdadeiras são as que conectam e inspiram. A história do Zerbino e dos demais sobreviventes mostra que o impossível pode ser alcançado”, diz Marcus Rossi, criador do evento na Serra Gaúcha.
Na edição 2025, os pavilhões do Serra Park, em Gramado, receberam mais de 20 mil pessoas ao longo de três dias dedicados à inovação. Lá dentro, empresas do porte de Magazine Luiza e Google dividiram espaço com jovens que têm um gadget na mão e uma ideia na cabeça. Mais do que um evento, o que se consolida na Gramado Summit é um movimento que navega entre a cultura e a contracultura, no sentido da busca por novas formas de viver e se conectar.
Aliás, a fase punk rock da adolescência nunca saiu da vida de Marcus Rossi, fundador do que ele chama de festival, palavra que, não por acaso, se aproxima da música. Rossi lembra que shows são muito mais do que concertos, mas a união de pessoas com o mesmo propósito. “Hoje me sinto um garoto liderando um movimento que busca um mundo melhor, mais conectado e, principalmente, mais democrático”, define.
O garoto que coleciona 40 pares de tênis e nunca aprendeu a usar sapatos – “em toda tentativa que fiz, fiquei frustrado” –, toca um negócio que fatura R$ 8 milhões por ano com o estilo casual que o trouxe até aqui.
São formas que encontra para não perder a essência e que acabam refletindo na alma do evento que lidera. Ver um sentido maior no que faz ajuda a explicar o nível de entrega, atraindo sob o mesmo teto jovens tentando o primeiro negócio e megaempresários que querem se comunicar com esses jovens, como Luiza Helena Trajano.
Rossi confessa que a parceria com o Magalu era um sonho antigo porque via sentido e conexão entre as marcas. Ao mesmo tempo, reconhece a responsabilidade que é fazer negócio com peixe grande. “Eventos concorrentes talvez não tenham alma porque, muitas vezes, nem conhecem as pessoas. É legal ter contrato com o Magalu, mas, se eu não der resultado, sei o que vou perder. Coloco minha cara em jogo e garanto que vai dar resultado”, afirma.
Outros nomes de peso também foram garantidos na edição: a psicanalista Maria Homem, os atores Marcos Veras e Danni Suzuki, o jornalista Felipe Suhre, o judoca medalhista olímpico Flávio Canto, a escritora Leila Ferreira, autora do livro “A arte de ser leve”, o filósofo Emanuel Aragão e o empresário do ramo de bebidas José Felipe Carneiro. A Gramado Summit 2026 ocorre de 6 a 8 de maio.
A julgar pela intensidade com que a Gramado Summit tem mexido com o mercado e tirado a exclusividade da inovação dos grandes centros, Rossi está no sentido certo. Se até algum tempo atrás ele se permitia ser levado majoritariamente pela intuição, o crescimento da empresa aumentou a demanda por precisão.
“Agora que começamos a chamar atenção de um país inteiro, tenho que trazer minha habilidade mais executiva, ou seja, nem tudo pode ser emoção”, admite. Ele está mais diligente, sob pena de tomar decisões erradas.
Depois do sucesso da última edição, a meta é alcançar R$ 12 milhões em faturamento. Isso, para começo de conversa. “Particularmente, tenho a convicção de que a gente pode, só com o evento, em um curto prazo, chegar a R$ 30 milhões”, garante. No entanto, não vê esse salto alicerçado na quantidade de participantes e, sim, na relevância do ecossistema, dos patrocinadores aos espaços de deal flow.
O passo seguinte é a internacionalização, que teve um primeiro evento em Punta del Este. Novos voos estão no radar, mas, sem as garantias de fechar a conta, nada feito. O Rossi de um ou dois anos atrás teria fechado negócio para dar visibilidade ao projeto. Se hoje a razão fala mais alto, a essência permanece: “sigo rebelde, mas cresci”, explica.