Negócios

Super-heroínas podem salvar Mattel da queda da Barbie

A Barbie vem declinando há anos. Para salvar a fabricante, estão chegando as super-heroínas da DC, como a Mulher Maravilha

Ilustração da linha DC SuperHero Girls, que será lançada pela Mattel em parceria com a DC Comics (Reprodução/Facebook)

Ilustração da linha DC SuperHero Girls, que será lançada pela Mattel em parceria com a DC Comics (Reprodução/Facebook)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2015 às 19h12.

Na sede da Mattel, ao sul do Aeroporto Internacional de Los Angeles, Christine Kim agarra um escudo e dispara um disco de plástico em uma sala de reunião.

“Vou brincar com todos os meus filhos, desviar dos tiros deles e ameaçar disparar contra eles”, disse Kim, uma das principais designers de brinquedos da Mattel e mãe de três filhos. “O alcance é de mais de seis metros”.

Kim tem em mãos uma ideia que a Mattel considera inovadora, uma ideia que poderia acabar com os anos de um mal-estar que derrubou as vendas e o preço das ações e que fez com que o último CEO da companhia fosse demitido.

Mas, ainda mais importante, é que essa ideia poderia significar que a fabricante de brinquedos conseguiu se reconectar com seu cliente mais importante: as meninas.

Porque o escudo não é do Capitão América – ele pertence à Mulher Maravilha.

E trata-se de uma Mulher Maravilha criada por mulheres para as meninas, não uma feita por homens para os meninos. Para mostrar o quanto isso faz a diferença, Kim cita os bonecos com busto grande de Mulher Maravilha e Batgirl que povoam as prateleiras atualmente.

“Lindas, mas extremamente sexualizadas”, disse Kim. “Há uma ênfase muito direta em uma parte do corpo da mulher”.

As super-heroínas existem há quase tanto tempo quanto os super-heróis – a Mulher Maravilha surgiu em 1941, só três anos depois do Super-Homem – e elas não mudaram muito nos últimos 75 anos.

As personagens residem na fantasia masculina: muitas vezes atraentes, musculosas demais e vestidas com trajes sumários.

Parceria com DC

As novas personagens da Mattel, criadas através de uma parceria com a DC Comics, da Warner Bros., visam meninas de seis anos.

A linha DC SuperHero Girls, que será lançada na primavera do Hemisfério Norte, incluirá bonecas de 30 centímetros, bonecas articuladas de 15 centímetros e acessórios como o cinto de utilidades da Batgirl.

Alguns dos produtos serão revelados pela primeira vez nesta semana durante a Comic Con de Nova York.

As duas companhias uniram forças no ano passado ao perceber um buraco no mercado, que a Warner Bros. quer preencher com livros e seriados animados on-line voltados para as meninas.

O estúdio também está dando destaque às super-heroínas com Supergirl, um programa de televisão que será transmitido neste mês pelo canal ABC, e com um filme da Mulher Maravilha, agendado para 2017.

A pesquisa da Mattel descobriu que as meninas já compram cerca de 9 por cento dos bonecos articulados, embora a maioria dos filmes, programas de TV e brinquedos não seja feita pensando nelas.

“Todo mundo ignorou isso, mas o mundo mudou”, disse Jim Silver, editor da revista Time to Play.

“As barreiras de gênero estão se desmoronando, as meninas brincam com Hot Wheels e os meninos brincam com forninhos. Por que as meninas não podem salvar o mundo?”.

De psicótica a brincalhona

Para a Mattel, o movimento do empoderamento feminino tem um aspecto mais pragmático.

A Barbie – a maior marca dessa fabricante de brinquedos, com cerca de US$ 1 bilhão em receita anual – vem declinando há anos.

No próximo ano, para piorar o problema, a Hasbro arrebatará as licenças das Princesas Disney e de Frozen.

O conselho da Mattel substituiu o CEO neste ano, e SuperHero Girls será um dos primeiros testes importantes da tentativa da nova administração para recuperar a empresa.

A DC forneceu as personagens de suas histórias em quadrinhos e a Mattel então criou uma história em que elas são adolescentes em idade escolar – um enredo batido e bem-sucedido que a companhia já usou com marcas próprias, como Monster High –. As personagens também foram suavizadas para o público mais jovem.

Por exemplo, Arlequina: a namorada do Coringa é descrita pela DC como “psicótica” por “matar inúmeros civis”. A versão colegial é uma “brincalhona” que adora as gargalhadas.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas americanasCriançasBrinquedosSuper-heróisBarbieMattel

Mais de Negócios

Por que essa empresa brasileira vê potencial para crescer na Flórida?

Quais são as 10 maiores empresas do Rio Grande do Sul? Veja quanto elas faturam

‘Brasil pode ganhar mais relevância global com divisão da Kraft Heinz’, diz presidente

O paulista e o catarinense que vão faturar R$ 250 milhões com churrasco 'tipicamente' gaúcho