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Esta empresa está crescendo como nenhuma outra — e está no centro da corrida da IA

A Super Micro Computer é fornecedora de infraestrutura para data centers, o que a torna essencial para gigantes como a Nvidia, e teve lucro de US$ 1,15 bilhão em um ano

Charles Liang, CEO da Supermicro: empresa subiu 206 posições em um ano no ranking da Fortune (Event Media/Getty Images for HumanX Conference)

Charles Liang, CEO da Supermicro: empresa subiu 206 posições em um ano no ranking da Fortune (Event Media/Getty Images for HumanX Conference)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 2 de junho de 2025 às 11h00.

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Enquanto gigantes da tecnologia cortavam equipes e lidavam com oscilações de demanda em 2024, a Super Micro Computer subiu 206 posições no ranking Fortune 500, a maior escalada do ano.

Pouco conhecida fora do setor de infraestrutura, a empresa dobrou sua receita para US$ 14,99 bilhões e registrou um lucro de US$ 1,15 bilhão em apenas um ano. O crescimento de 110% é resultado direto da corrida por servidores capazes de rodar aplicações de inteligência artificial.

Fundada em 1993 por Charles Liang, um engenheiro taiwanês radicado na Califórnia, a Super Micro — ou Supermicro — começou como uma fabricante de placas-mãe. Hoje, é fornecedora central de infraestrutura para data centers, com destaque para sistemas compatíveis com os chips da Nvidia e soluções de resfriamento líquido otimizadas para cargas pesadas de IA.

A Supermicro ficou em 292° lugar no ranking da revista americana, que destaca as 500 maiores empresas americanas deste ano. Walmart, Amazon e UnitedHealth lideram a lista completa.

Do Vale do Silício para os supercomputadores

A virada começou com um movimento raro no setor: manter toda a cadeia sob controle. Liang apostou na verticalização total — projeto, testes e montagem são feitos dentro de casa. Isso permitiu lançar servidores no mesmo ritmo dos chips da Nvidia, antes dos concorrentes.

A empresa já entregou mais de 1,3 milhão de servidores e nós de armazenamento, que alimentam data centers ao redor do mundo. Com clientes como a xAI, de Elon Musk, a Supermicro fornece a infraestrutura para um novo centro de dados de 750 mil metros quadrados em Memphis, nos Estados Unidos.

A projeção para o ano fiscal de 2025 é atingir entre US$ 26 bilhões e US$ 30 bilhões em receita — com ambição declarada de alcançar US$ 50 bilhões no longo prazo.

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Bastidores e denúncias

Mas nem tudo são boas notícias. A história recente da empresa inclui episódios controversos. Em 2018, foi retirada da bolsa Nasdaq por não entregar documentos financeiros no prazo. Voltou a ser listada apenas dois anos depois.

Em agosto de 2024, um relatório da Hindenburg Research acusou a Supermicro de práticas contábeis irregulares e transações opacas com terceiros. A denúncia foi seguida da renúncia da auditoria EY e da abertura de investigações pela SEC e pelo Departamento de Justiça dos EUA.

A empresa afirma ter se reestruturado, contratado um novo diretor jurídico e está em busca de um novo CFO. Os relatórios financeiros foram regularizados até fevereiro de 2025.

Aposta na refrigeração líquida

A resposta da empresa aos desafios regulatórios tem sido acelerar a aposta em tecnologia de ponta.

O destaque é o sistema de resfriamento líquido em escala de rack, que permite lidar com a geração de calor extremo dos servidores de IA. As soluções reduzem em até 89% o custo de eletricidade dos componentes de resfriamento, e em até 40% o consumo energético total dos data centers.

Com sua abordagem modular, a empresa também promete acelerar a implementação de infraestruturas complexas. Uma de suas soluções, o Data Center Building Block Solution, reduz o tempo de instalação de grandes data centers para apenas três meses.

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