Negócios

Tesla é ninho de comportamento racista, diz funcionário

Funcionário alega que os trabalhadores negros da fabricante de automóveis elétricos sofrem assédio forte e generalizado

Tesla: nunca informou publicamente suas estatísticas de diversidade (Mike Blake/Reuters)

Tesla: nunca informou publicamente suas estatísticas de diversidade (Mike Blake/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 15 de novembro de 2017 às 08h01.

Última atualização em 15 de novembro de 2017 às 17h24.

São Paulo - O chão de fábrica da Tesla é um “ninho de comportamento racista”, afirma um funcionário afro-americano em ação judicial na qual alega que os trabalhadores negros da fabricante de automóveis elétricos sofrem assédio forte e generalizado.

O funcionário afirma ser um dos mais de 100 trabalhadores afro-americanos da Tesla afetados e pede permissão a um juiz para entrar com ação em nome do grupo. Pede danos monetários gerais e punitivos não especificados e uma ordem para que a Tesla implemente políticas de prevenção e combate ao assédio.

“A Tesla se destaca por ser uma empresa inovadora que está na vanguarda da revolução dos carros elétricos, mas seu procedimento operacional padrão na fábrica é de discriminação racial anterior à era dos direitos civis”, disse o funcionário na denúncia, aberta na segunda-feira no Tribunal Superior do Condado de Alameda, Califórnia.

A Tesla tem cerca de 33.000 funcionários em todo o mundo, mas nunca informou publicamente suas estatísticas de diversidade. Mais de 10.000 pessoas trabalham em sua única unidade de montagem de automóveis, em Fremont, Califórnia, onde o United Auto Workers lançou uma campanha para convencer os trabalhadores a entrar para o sindicato. Na conferência de resultados mais recente da Tesla, o CEO Elon Musk reconheceu que a empresa recentemente demitiu cerca de 700 funcionários por baixo desempenho.

O processo foi aberto em nome de Marcus Vaughn, que trabalhou na fábrica de Fremont de 23 de abril a 31 de outubro. Vaughn alegou que funcionários e supervisores usavam regularmente a “palavra que começa com N”, em referência a um termo ofensivo em inglês, perto dele e de outros colegas negros. Vaughn disse que reclamou por escrito ao setor de recursos humanos e a Musk, e que foi demitido no fim de outubro por “não ter uma atitude positiva”.

A Tesla disse, em nota, que é “absolutamente contra qualquer forma de discriminação, assédio ou tratamento injusto de qualquer tipo”. Disse também que demitiu três funcionários que trabalhavam na equipe de Vaughn ou próximos a ele.

Larry Organ, advogado do California Civil Rights Law Group, disse que Vaughn o abordou depois que o escritório de advocacia processou a Tesla em nome de outros funcionários afro-americanos que se queixaram de perseguição racial neste ano.

Um funcionário da linha de montagem da Tesla entrou com ação em março, alegando que a empresa não se esforçou para impedir que os colegas de trabalho o atormentassem. Em agosto, um juiz enviou o caso para arbitragem. Um juiz também concordou parcialmente com o pedido da Tesla para forçar arbitragem no processo de uma mulher que entrou com ação em novembro de 2016 alegando assédio generalizado.

E-mail de Musk

Segundo a queixa de segunda-feira, Musk enviou e-mail aos funcionários da fábrica da Tesla em 31 de maio.

“Uma forma de evitar ser um grande babaca é levar em consideração os sentimentos de pessoas que fazem parte de um grupo historicamente menos representado”, escreveu Musk no e-mail. “Às vezes essas coisas acontecem de forma não intencional, e nestes casos você deve se desculpar. Em um ambiente de justiça, se alguém age como um idiota com você, mas pede desculpas sinceras, é importante mostrar resiliência e aceitar o pedido de desculpa.”

“A lei não exige que você seja resiliente”, disse Organ, em entrevista, na segunda-feira. “A Tesla não está se empenhando o suficiente. É quase o mesmo que dizer ’deixe de ser politicamente correto’. Quando se tem uma força de trabalho diversificada, é preciso tomar medidas para garantir que todos se sintam bem-vindos na força de trabalho.

 

Matéria atualizada às 16h23 com posicionamento da companhia.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)JustiçaRacismoTeslaAssédio moral

Mais de Negócios

MIT revela como empreendedores estão usando IA para acelerar startups

Um dos cientistas de IA mais brilhantes do mundo escolheu abandonar os EUA para viver na China

Investimentos globais em IA devem atingir 1,5 trilhão de dólares em 2025, projeta Gartner

IA pode elevar comércio global de bens e serviços em até 40% até 2040, projeta OMC