Negócios

Venture capital mais inteligente, mais ágil e mais conectado às pessoas

Se antes os fundos apostavam em startups de IA como uma tendência de futuro, agora são esses mesmos fundos que começam a utilizar a tecnologia como ferramenta interna para acelerar decisões

Venture capital: fundos já utilizam plataformas baseadas em IA para identificar startups promissoras antes mesmo de entrarem no radar tradicional (wenjin chen/Getty Images)

Venture capital: fundos já utilizam plataformas baseadas em IA para identificar startups promissoras antes mesmo de entrarem no radar tradicional (wenjin chen/Getty Images)

João Kepler
João Kepler

CEO Equity Fund Group e colaborador

Publicado em 1 de julho de 2025 às 10h06.

Tudo sobreVenture capital
Saiba mais

 

A inteligência artificial deixou de ser apenas um setor promissor para se tornar um dos pilares da transformação no próprio mercado de venture capital.

Se antes os fundos apostavam em startups de IA como uma tendência de futuro, agora são esses mesmos fundos que começam a utilizar a tecnologia como ferramenta interna para acelerar decisões, ampliar a eficiência e melhorar a comunicação com investidores.

Essa mudança de postura vai além do simbólico. Tradicionalmente, o setor de venture capital se caracterizou por um alto nível de análise humana, redes pessoais de relacionamento e processos manuais.

Mas o cenário está evoluindo. Fundos como o norte-americano SignalFire já utilizam plataformas baseadas em IA para rastrear sinais de mercado e identificar startups promissoras antes mesmo de entrarem no radar tradicional. Análises que antes levavam semanas agora podem ser feitas em minutos — com mais profundidade e escala.

No Brasil, a Bossa Invest, uma das gestoras mais ativas da América Latina em investimentos early stage, tem liderado esse movimento. A empresa adotou a inteligência artificial não apenas para análise preditiva do portfólio, mas também para resolver um dos principais gargalos do setor: a comunicação com os investidores.

Enquanto muitos fundos ainda se apoiam em relatórios estáticos em PDF, a Bossa criou um aplicativo próprio de demonstração de resultados e, mais recentemente, lançou um ambiente conversacional via WhatsApp com tecnologia de IA integrada.

Salto em transparência para startups

Com a nova ferramenta, os investidores conseguem interagir em tempo real com os dados do fundo. É possível consultar métricas, comparativos, performance e variações do portfólio com agilidade e linguagem acessível. Essa abordagem, além de humanizar a experiência do investidor, reforça a transparência e aproxima o fundo de seus stakeholders.

A segurança dos dados, por sua vez, foi tratada como prioridade. A Bossa utiliza uma camada de conexão exclusiva com a OpenAI, voltada apenas a parceiros estratégicos.

Toda a operação da IA ocorre em servidores localizados no Brasil, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O modelo foi desenhado para manter o controle interno da informação, impedindo qualquer exposição externa e garantindo que os dados dos investidores e das startups sejam tratados com máxima confidencialidade.

Internamente, a gestora também vem utilizando algoritmos para mapear sinais de risco e indicadores de saúde nas mais de duas mil startups que compõem seu portfólio. A capacidade de consolidar dados de diferentes fontes, ciclos e métricas permite ao fundo antecipar riscos, propor soluções e atuar de forma ainda mais estratégica na governança dos negócios investidos.

Esse movimento aponta para um novo modelo de fundo de investimento: mais inteligente, mais ágil e mais conectado às pessoas.

O venture capital que emerge da integração com a IA não apenas amplia sua eficiência operacional, mas se reinventa como uma plataforma de inteligência que potencializa resultados e fortalece relações. Para os investidores, é um salto em transparência para as startups e, para o setor, um sinal claro de que a próxima fronteira da inovação começa dentro de casa.

 

Acompanhe tudo sobre:Venture capital

Mais de Negócios

Track e Indecx se juntam para expandir presença no mercado de experiência do cliente

Zuckerberg vai superar Musk? CEO da Meta ganha mais de R$ 5,4 bilhões em um dia

Ele vendeu a empresa por R$ 2,5 bi. Agora, aposta em IA para tratar ansiedade e depressão

Soviético, filantropo e bilionário: quem é o dono do OnlyFans