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Startup da Lituânia quer imprimir pele de cachorro — depois, o rim humano

A empresa Vital3D desenvolveu um curativo, feito das células vivas do próprio animal, para acelerar o processo de cicatrização

Edição de cachorro com rins humanos ao fundo: tecnologia simula as estruturas biológicas naturais (Edição EXAME)

Edição de cachorro com rins humanos ao fundo: tecnologia simula as estruturas biológicas naturais (Edição EXAME)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 5 de julho de 2025 às 07h22.

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A startup lituana Vital3D está à frente de um projeto que promete revolucionar os transplantes de órgãos humanos. No entanto, a primeira grande inovação da empresa não está voltada para humanos, mas para cães: a bioimpressão de um curativo para acelerar a regeneração da pele dos animais.

O produto, chamado VitalHeal, é o primeiro curativo bioprintado do mundo, desenvolvido para tratar ferimentos em cães. Usando tecnologia de impressão 3D, a empresa deposita células vivas e biomateriais para criar um material capaz de promover a cicatrização mais rapidamente e com menor risco de infecção.

Segundo a empresa, fundada por Vidmantas Šakalys, o uso do VitalHeal pode reduzir o tempo de recuperação de 10-12 semanas para 4-6 semanas, além de diminuir significativamente a necessidade de visitas ao veterinário.

O mercado global de cuidados com ferimentos em animais deve crescer de US$ 1,4 bilhão em 2024 para US$ 2,1 bilhões até 2030. A Vital3D prevê que a demanda inicial no mercado da União Europeia e Estados Unidos atinja € 76,5 milhões, com planos de vender 100.000 unidades até 2028.

Órgãos bio impressos

Apesar da atenção inicial voltada para a medicina veterinária, o grande objetivo da Vital3D é um salto para a medicina humana. Com a tecnologia de impressão 3D de tecidos vivos, a startup planeja, em até quinze anos, imprimir órgãos humanos, começando pelos rins, um dos órgãos com maior escassez no mercado de transplantes.

Atualmente, menos de 10% dos pacientes que precisam de transplantes de órgãos recebem um, e nos Estados Unidos, cerca de 90.000 pessoas estão na fila por um rim. A necessidade de soluções inovadoras e sustentáveis no campo dos transplantes é urgente, e é justamente nesse contexto que a Vital3D se insere.

Porém, como explica o CEO Šakalys, imprimir órgãos completos é um desafio complexo, que exige superar enormes obstáculos científicos. Entre os maiores desafios estão a criação de redes de vasos sanguíneos (vascularização) e a diferenciação de células para reproduzir a diversidade de tecidos encontrados nos órgãos humanos.

Soluções personalizadas

A tecnologia de impressão 3D utilizada pela Vital3D usa lasers para depositar células vivas e biomateriais em padrões tridimensionais, simulando as estruturas biológicas naturais. Essa tecnologia permite, teoricamente, a impressão de órgãos sob medida para pacientes, criando um caminho para o que Šakalys chama de "medicina personalizada", onde órgãos e tecidos são impressos a partir das células dos próprios pacientes.

Embora o objetivo final seja a impressão de órgãos para transplante, a Vital3D também explora outros horizontes na medicina, como a criação de organoides para testar medicamentos contra o câncer, e a impressão de stents biológicos, que têm mostrado bons resultados em testes preliminares com animais.

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