Miguel Falabella: 'regulamentação é fundamental' (Cleiton Thiele/Ag.Pressphoto)
Repórter de POP
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 14h18.
Gramado (RS)* - Na noite da última segunda-feira, 18, o ator Miguel Falabella declarou à EXAME, durante estreia de seu filme no 53º Festival de Cinema de Gramado, que acredita que a regulamentação do streaming seja o mínimo a se fazer para a classe artística.
"É o básico para a sobrevivência de todos nós. Acima de tudo é justo, todos nós trabalhamos, os produtos têm nossa marca, têm nosso nome, têm nosso talento", disse o ator e diretor à EXAME.
"É justo que seja regulamentado e que a gente receba alguma coisa decente, e não as migalhas que recebemos sempre. Acima de remunerações há todo um conceito de direitos autorais, de respeito à criação artística, que precisa ser regulamentado", completou ele.
Com streaming na mira, secretário do MinC diz que cinema precisa de leis 'que ultrapassem governos'O ator esteve no Festival de Gramado para a estreia de "Querido Mundo", filme do qual é diretor. A produção é uma adaptação cinematográfica da peça de teatro homônima, escrita por Falabella e lançada em 2008.
O longa mostra a história de dona Elsa (Malu Galli) e Oswaldo (Eduardo Moscovis), que se encontram por acaso quando ficam presos nos escombros de um prédio abandonado, às vésperas do Ano Novo. Para Falabella, mesmo 17 anos após o lançamento da peça, o roteiro ainda é atual.
O longa é uma produção da Ananãs, em parceria com a O2 Filmes e distribuição da Star (Disney+). Concorre à Mostra Competitiva de Longas Metragens brasileiros do Festival de Cinema de Gramado. O vencedor será anunciado no dia 23 de agosto.
A proposta de regulamentação do streaming está em debate no Congresso. Já foi aprovada no Senado e retornou à Câmara, onde segue com alvos de questionamento sobre as alíquotas e tem dificuldade de aprovação pela bancada de oposição ao governo Lula. O relator é Nelsinho Trad (PSD-MS). O projeto altera a Medida Provisória 2228/01, que criou a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a Lei da TV Paga.
No início de julho, a votação foi retirada da pauta da Câmara dos Deputados. Não foi a primeira vez: houve sucessivos adiamentos na comissão devido a obstruções e manobras da oposição, como inversão de pauta e requerimentos para retirada do projeto da ordem do dia.
O projeto ainda não foi votado no Plenário da Câmara neste ano, e o texto está sob relatoria da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) na Comissão de Cultura.
Os motivos pelos quais a oposição está barrando a aprovação do projeto de regulamentação do streaming são sobretudo políticos e ideológicos. Parte da bancada teme que a regulação configure algum tipo de censura ou restrição excessiva da atuação das plataformas digitais na internet, o que pode gerar resistência ao projeto em temas que envolvem o espaço digital e a liberdade de expressão online.
Mas há também pressão das grandes empresas e setores contrários a certos pontos da regulação, devido à cobrança de impostos (Condecine), cotas obrigatórias de conteúdo nacional e fiscalização pela Ancine.
Hoje, o problema maior para as companhias de streaming são as alíquotas. Feghali quer propor uma taxa de 6%. No texto atual, a alíquota para companhias com faturamento acima dos R$ 96 milhões — como é o caso das gigantes do streaming Netflix, Disney+, Prime Video e HBO Max — é de 3%.
*A repórter viajou a convite da Gramado Parks para a cobertura do 53º Festival de Cinema de Gramado