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Exclusivo: Disney quer faturar US$ 1 bilhão com streaming — e o Brasil, com Pix, faz parte da meta

Companhia trabalhou diretamente com o Banco Central nos últimos meses e passa a aceitar, a partir do final de junho, pagamento via Pix automático

Disney+: Brasil como parte da meta ambiciosa da Walt Disney Company para o streaming (Disney/ Mickey)

Disney+: Brasil como parte da meta ambiciosa da Walt Disney Company para o streaming (Disney/ Mickey)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 14 de maio de 2025 às 07h02.

Última atualização em 14 de maio de 2025 às 07h08.

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Na casa do Mickey, pela primeira vez desde 2020, o streaming anda pagando as contas. Ele tem agora uma meta ambiciosa para 2025: atingir US$ 1 bilhão em faturamento até o fim do ano. E os assinantes do Brasil fazem diferença nessa conta.

É claro, o setor de experiências, como sempre foi, gera uma parte considerável da receita da Walt Disney Company, mas o Disney+ tem gerado bons resultados nos dois últimos trimestres fiscais — um casamento quase perfeito entre as boas estreias do cinema, os lançamentos no streaming, em especial os títulos famosos do Star+, como "The Bear", "Abbott Elementary" e "Only Murders in the Building", e os conteúdos esportivos.

Já são mais de 180 milhões de assinantes em todo o mundo e a tendência é crescer mais até o fim do ano. Uma das estratégias globais, pelo menos para o Brasil, conta Juliana Oliveira, Vice Presidente Direct to Consumer do Disney+ Brazil na The Walt Disney Company, é ampliar a base oferecendo o tipo de pagamento mais usado na atualidade: o Pix automático.

"Banco Central anunciou recentemente 76% da população brasileira utiliza Pix. É um método muito mais simples para os brasileiros e, com isso, nós queremos trazer mais acessibilidade para a plataforma", disse a executiva. "Esperamos não só novos assinantes com essa nova modalidade, mas também que parte dos antigos passe a usar o Pix como principal meio de pagamento, já que nem todo mundo tem acesso a cartão de débito e crédito".

Pix automático no streaming

O Banco Central já havia anunciado, em abril, que começaria a testar o Pix automático para pagamentos no streaming e o Disney+ foi um dos principais parceiros a desenvolver a estratégia com o órgão público, mesmo que não seja o único serviço a oferecê-lo.

Entre os pontos de benefício apontados por Gabriel Galípolo, presidente do BC, estão principalmente a acessibilidade das plataformas para quem não tem cartão de crédito ou débito, além da continuidade de pagamentos quando há fraudes financeiras, como cartões roubados ou clonados.

"O Banco Central está fazendo um piloto com algumas poucas companhias. Nós somos uma delas, então, estamos trabalhando muito próximo a ele, há meses, para avaliar quais são as necessidades das plataformas de streaming", explica Juliana.

A nova modalidade de pagamento é importante para a Disney não só para aumentar a aquisição, como também para manter e ampliar a taxa de retenção das assinaturas, tendo em vista que o Pix acaba sendo menos instável que os cartões para manter a clientela.

Com um horizonte da meta de US$ 1 bilhão de faturamento no streaming, a nova modalidade de pagamento da assinatura do Disney+ cai como uma luva. A Walt Disney Company não abriu dados sobre o número de assinantes brasileiros na plataforma, mas Juliana reiterou que o mercado brasileiro é um dos mais substanciais para o streaming hoje.

"O Brasil é um mercado internacional super importante para a companhia. A gente contribui bastante não só em termos de rentabilidade, mas também em número de assinantes. A ideia é seguir nessa tendência global de aumentar o número de assinantes e se tornar cada vez mais relevante, somos parte da meta, sim", complementa ela.

A estratégia é pensada também para pagamento de contas de luz e visa, em conjunto com a acessibilidade, ser uma das estratégias para diminuir a alta taxa de inadimplência dos brasileiros no longo prazo, que já ocupa 40,17% da população adulta, segundo dados do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil do Serasa.

Esportes e fusão com Star+: os triunfos do Disney+

Os resultados do segundo trimestre fiscal da Disney para 2025 são bem claros: o streaming veio para ficar e vai, mês após mês, ficando mais robusto. O segmento de entretenimento, que inclui o Disney+ e cinema, teve receita de US$ 10,68 bilhões.

Entre os motivos para o sucesso da plataforma, lista Juliana, estão a oferta cada vez maior de conteúdos esportivos — em especial os da ESPN — e a fusão com o Star+, que trouxe os tão aguardados resultados positivos para a companhia. 

"As pessoas passam mais tempo dentro do app unificado do que quando era separado. Consequentemente, a gente achava que isso melhoraria a retenção e, com a fusão, essa hipótese foi confirmada", acrescenta Juliana. "Assim como a aquisição, manter a nossa base de assinantes é fundamental".

A retenção e a aquisição, no caso do Brasil, também são uma meta ambiciosa para 2026. Com planos iniciais mais acessíveis, boa estratégia de preço e aprimoramento do canal de distribuição, a ideia é que o próximo ano já comece com um número maior de assinantes. O principal atrativo, conta Juliana, são os títulos ofertados no Disney+.

"O maior driver de aquisição para uma plataforma de streaming hoje é o conteúdo. Vamos seguir com a produção dos conteúdos globais que já são fortes, ja fazem sucesso, claro, mas também queremos ampliar o número e o acesso a conteúdos fortes locais. A gente está fortalecendo a nossa estratégia de conteúdos brasileiros que sejam realmente relevantes para esse mercado". 

Somado a tudo isso, o Disney+ também espera crescer até o fim do ano e começo de 2026 com mudanças tecnológicas na plataforma. Há um alto investimento por parte da companhia, como foi mencionado pelo CEO da Disney, Bob Iger, durante a última reunião com investidores. 

Estão previstas no médio prazo melhorias da interface do aplicativo e na busca por novos títulos, o chamado "content discovery". A expectativa é ficar cada vez mais fácil encontrar um conteúdo que seja atraente para o assinante. Para isso, a Disney vem investindo mais forte nos algoritmos, enriquecidos com a inteligência artificial. 

"A interface vai ficar cada vez mais interativa, esse é um investimento alto que a Disney tem feito nos últimos tempos. Tem muitas coisas aí no roadmap de melhoria de produto, em especial para que a interface fique cada vez mais intuitiva, porque a gente sabe que com isso a pessoa vai ficar mais tempo na plataforma — e mais tempo na plataforma significa maior a retenção", finaliza Juliana.

A guerra dos streamings parece já ter um ganhador, mas os demais players não se deram por vencidos. Boa notícia para quem passa a maior parte do tempo livre maratonando séries e filmes e quer mais do que só uma plataforma oferece.

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