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Exclusivo: distribuição brasileira de 'O Agente Secreto' custará entre R$ 2 e 3 milhões

Informação foi revelada à EXAME com exclusividade pela sócio-fundadora da Vitrine Filmes, Silvia Cruz, em entrevista no Rio2C

'O Agente Secreto': elenco desfila no tapete vermelho de Cannes (Soraya Ursine/ Divulgação)

'O Agente Secreto': elenco desfila no tapete vermelho de Cannes (Soraya Ursine/ Divulgação)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 29 de maio de 2025 às 11h56.

Última atualização em 29 de maio de 2025 às 13h49.

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Rio de Janeiro (RJ)* - Os olhos estão cada vez mais atentos ao cinema brasileiro, e a nova produção de Kleber Mendonça Filho, "O Agente Secreto", é a nova estrela: venceu dois prêmios no 78º Festival de Cinema de Cannes — Melhor Ator para Wagner Moura e Melhor Direção para Mendonça —, feito incomum até mesmo nas regras do festival, que não permitem mais de um prêmio por filme na cerimônia principal.

Rumo ao Brasil, a campanha de divulgação começa mais forte para o público nacional com a pretensão de repetir o sucesso de "Ainda Estou Aqui" — que arrecadou mais de R$ 107 milhões em bilheteria — nos cinemas brasileiros.

Mas fechar a conta não é tão simples assim.

Em entrevista a EXAME, Letícia Friedrich e a Silvia Cruz, sócias da Vitrine Filmes, distribuidora do longa, revelaram com exclusividade que o custo da distribuição vai variar entre R$ 2 a 3 milhões.

"O investimento é da distribuidora, mas também vem através do fundo setorial, que já apoiou, por exemplo, o filme na sua produção, junto da Ancine. Eventualmente terá investimentos de marcas ou patrocínios Eu diria que seria só essa parte de distribuição custou em torno de 2, 3 milhões de reais", contou Silvia Cruz, fundadora da Vitrine Filmes, em entrevista à EXAME no Rio2C, maior evento de criatividade da América Latina.

Os gastos com distribuição, no entanto, podem ficar mais altos a depender dos prêmios e festivais participantes — por isso a necessidade de parcerias privadas. A expectativa inicial, comenta Silvia, é que o filme seja lançado em 300 a 500 salas de cinema brasileiras. Até o ano passado, o Brasil contava com 3.509 salas ativas, segundo dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine).

No exterior, o filme será lançado pela NEON (EUA e Canadá) e pela MUBI (Reino Unido, Irlanda, Índia e América Latina).

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E quando chega no Brasil?

Ambientado em Recife no ano de 1977, "O Agente Secreto" é um thriller político. Na trama, Marcelo (Wagner Moura) é um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta ao Recife em busca de paz. Ele logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura.

Além de Wagner, o elenco reúne grandes nomes do cinema nacional, incluindo Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Hermila Guedes, Alice Carvalho, Roberto Diogenes, entre outros artistas.

O longa-metragem será distribuído no Brasil pela Vitrine Filmes no segundo semestre, ainda sem data de estreia. Silvia explica que a campanha de divulgação é mais longa no exterior antes que o filme chegue às salas de cinema brasileiras como parte da estratégia para o público comprar o ingresso.

"Uma campanha de distribuição leva um tempo, a gente precisa preparar os materiais, tem questões até burocráticas, como tirar as classificações indicativas e tudo isso. Mas, na verdade, o que a gente precisa construir muito bem antes de tudo é essa vontade do espectador assistir ao filme no cinema", explica a executiva.

"Claro, quando o filme sai premiado nos Cannes, é fácil pensar que todo mundo vai querer assistir, mas não é bem assim. Tem muito mais por vir também, o filme seguir sendo exibido e talvez concorrer a alguns prêmios em outros festivais, são coisas que dá no público mais vontade ainda de ver", completa.

A tática é comum entre outras produções brasileiras de destaque nos últimos dois anos.

"Ainda Estou Aqui" estreou no Festival de Cinema de Veneza em setembro de 2024 e chegou aos cinemas brasileiros somente em novembro. "Manas" foi destaque no mesmo evento e estreou somente em maio de 2025. Ambos os filmes foram exibidos pela primeira vez no Brasil pelo Festival de Cinema do Rio e pela Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, abertos ao público.

Fomento à cultura

Diferente de "Ainda Estou Aqui", que contou com orçamento privado, a produção de Kleber Mendonça Filho foi realizada com o uso de leis de fomento à cultura e ao cinema nacional.

"O Agente Secreto" teve orçamento de R$ 13 milhões. R$ 7,5 vieram foram adquiridos com fomento da Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), por meio da Chamada Pública Produção Cinema via Distribuidora 2023, aprovada em fevereiro do ano seguinte, e os outros R$ 5,5 milhões foram arrecadados no setor privado.

O FSA é um mecanismo do Ministério da Cultura que financia o desenvolvimento da indústria audiovisual no Brasil. Foi criado em 2006 para apoiar projetos, oferecer financiamentos e investir em empresas para fortalecer toda a cadeia produtiva do setor.

Os recursos vêm principalmente de contribuições do mercado, como a CONDECINE e o FISTEL. A gestão do fundo é feita por um Comitê Gestor, com apoio da Ancine e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que definem estratégias e acompanham os resultados.

A produção de "O Agente Secreto" é assinada por Emilie Lesclaux, parceira de Kleber, e é uma coprodução com a CinsemaScópio (Brasil), MK Productions (França), Lemming Film (Holanda) e One Two Films (Alemanha), e conta com distribuição no Brasil pela Vitrine Filmes.

*A repórter viajou a convite do Rio2C.

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