Robin Williams: vídeos feitos com IA do ator estão circulando nas redes (Peter Kramer/Getty Images)
Repórter
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 13h44.
A família do ator Robin Williams, morto em 2014, criticou a disseminação de deepfakes com a imagem do comediante, reacendendo o debate sobre o uso de inteligência artificial para recriar pessoas falecidas.
A discussão ganhou força após a filha do comediante, Zelda Williams, publicar um desabafo nas redes sociais pedindo que usuários parem de enviar esse tipo de vídeo.
“Por favor, parem de me mandar vídeos de IA do meu pai”, escreveu Zelda nos stories do Instagram na última terça-feira, 7. “Se você tiver um mínimo de decência, pare de fazer isso com ele e comigo — com todos, na verdade. É estúpido, um desperdício de tempo e energia. E, acredite, isso não é o que ele gostaria.”
A publicação reacendeu o debate sobre a ausência de regras claras para o uso de imagens de pessoas falecidas em plataformas de inteligência artificial.
Zelda Williams foi ainda mais dura ao criticar os criadores desses vídeos. “Ver o legado de pessoas reais ser reduzido a ‘isso se parece vagamente com eles, então está bom’ só para alguém despejar porcarias no TikTok é enlouquecedor”, escreveu.
“Você não está fazendo arte, está transformando vidas humanas e a história da arte em salsichas, enfiando goela abaixo das pessoas, esperando um joinha.”
A filha de George Carlin, Kelly Carlin-McCall, também denunciou a prática. Ela afirmou que recebe e-mails todos os dias sobre deepfakes usando a imagem do pai. “Estamos fazendo o possível para combater isso, mas é desgastante e deprimente”, escreveu em um post na rede social Bluesky.
Entre os vídeos que circulam nas redes, há falsificações de figuras como Michael Jackson fazendo stand-up comedy, Stephen Hawking realizando truques com a cadeira de rodas e Martin Luther King Jr. tropeçando em um discurso.
A polêmica sobre o uso de imagens de atores falecidos surge poucos dias após a OpenAI lançar a nova versão do Sora, ferramenta que permite criar vídeos hiper-realistas por meio de inteligência artificial. O avanço reacendeu preocupações em Hollywood, que já havia questionado o uso da tecnologia durante a greve de roteiristas e atores em 2023.
Em resposta ao site Axios, a OpenAI afirmou que há “fortes interesses de liberdade de expressão” que justificam permitir representações de figuras históricas.
A empresa ressaltou que representantes autorizados de celebridades recentemente falecidas podem solicitar a exclusão das imagens da plataforma — mas não deixou claro o que considera “recentemente falecido”.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, reconheceu que a empresa está em fase de ajustes. Em publicação recente, afirmou que a Sora passará por mudanças rápidas: “Vamos cometer alguns erros, mas vamos ouvir o feedback e corrigir rapidamente”.