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Fim de uma era: turnê de US$ 2 bi de Taylor Swift vira série no Disney+

Nova série documental "Taylor Swift: The End of an Era" mostra os bastidores da turnê mais lucrativa da história e consolida a cantora como modelo de negócio na indústria do entretenimento

Taylor Swift: entenda como a cantora construiu um ecossistema multimídia em torno da The Eras Tour (Emma McIntyre/TAS24 / Colaborador/Getty Images)

Taylor Swift: entenda como a cantora construiu um ecossistema multimídia em torno da The Eras Tour (Emma McIntyre/TAS24 / Colaborador/Getty Images)

Maria Eduarda Lameza
Maria Eduarda Lameza

Estagiária de jornalismo

Publicado em 18 de novembro de 2025 às 05h52.

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A cantora Taylor Swift está prestes a presentear os fãs com mais um produto audiovisual sobre a The Eras Tour, mas, desta vez, o foco vai além dos palcos. A série documental "The End of an Era", que estreia em 12 de dezembro no Disney+, ganhou seu primeiro trailer na última semana e promete revelar os bastidores do que se tornou o maior fenômeno econômico da história da música ao vivo.

Com seis episódios dirigidos por Don Argott, a produção documenta como uma turnê de 21 meses e 149 shows gerou receita de US$ 2,07 bilhões em bilheteria, mais que o dobro de qualquer outra turnê já realizada.

A série chega ao Disney+ ao lado de outro filme que registra a última apresentação da turnê em Vancouver, no Canadá, em dezembro de 2024. É mais uma camada do ecossistema de produtos que Swift construiu em torno da The Eras Tour, uma estratégia de distribuição multiplataforma que vem se mostrando extremamente lucrativa.

Império bilionário

Taylor Swift não é apenas a cantora pop mais bem-sucedida de sua geração, ela se tornou um fenômeno econômico completo. Segundo a Forbes, seu patrimônio líquido atual é estimado em US$ 1,6 bilhão, número que a coloca como a musicista mulher mais rica do mundo, superando Rihanna.

Enquanto a fortuna de Rihanna vem principalmente de seus negócios de beleza e moda, a riqueza de Swift deriva quase inteiramente de sua música e turnês.

A The Eras Tour vendeu mais de 10 milhões de ingressos, com preço médio de US$ 204, bem acima da média de US$ 131 para as 100 maiores turnês globais em 2023, segundo dados da Pollstar, site que monitora faturamentos no mundo artístico

Para colocar em perspectiva, Swift precisou de apenas 149 shows para superar a turnê de despedida de Elton John, que arrecadou US$ 939 milhões em mais de 330 apresentações ao longo de cinco anos (2018-2023). O resultado também deixou para trás a Music of the Spheres Tour do Coldplay, que faturou cerca de US$ 1 bilhão em aproximadamente 170 datas durante o mesmo período.

Além dos US$ 2 bilhões em bilheteria, a The Eras Tour gerou receitas adicionais significativas com merchandising. Estimativas indicam que Swift faturou mais de US$ 500 milhões apenas com a venda de camisetas, moletons e outros produtos nos shows, uma média impressionante de US$ 2 milhões por apresentação.

Dos palcos para as telonas

Em outubro de 2023, Swift lançou "Taylor Swift: The Eras Tour" nos cinemas, quebrando paradigmas ao fechar um acordo direto com a AMC Theatres e ignorar os grandes estúdios de Hollywood. A estratégia foi ousada e lucrativa: o filme arrecadou US$ 261 milhões globalmente, tornando-se o documentário e filme de show de maior bilheteria de todos os tempos, superando "Michael Jackson's This Is It" (2009).

O filme custou entre US$ 10 milhões e US$ 20 milhões para ser produzido, uma fração do que seria gasto com o modelo tradicional de distribuição, e Swift ficou com cerca de 57% da receita bruta, enquanto os exibidores mantiveram o restante e a AMC cobrou apenas uma pequena taxa de distribuição. Na semana de estreia, faturou cerca de US$ 95 milhões apenas nos Estados Unidos.

A jornada cinematográfica continuou em março de 2024, quando uma versão estendida chegou ao Disney+, incluindo três canções que não estavam no corte inicial.

Taylor Swift

Histórico de produções audiovisuais

A série documental que estreia agora é o capítulo mais recente de uma estratégia audiovisual cuidadosamente construída por Swift ao longo dos anos. Em 2020, ela lançou "Miss Americana" na Netflix, um documentário dirigido por Lana Wilson que ofereceu um retrato íntimo de sua vida durante um período de transformação pessoal e política. O filme, que documentou desde a turnê Reputation (2018) até o lançamento do álbum "Lover" (2019),  tornou-se o documentário biográfico de artista mais bem avaliado da Netflix na história do IMDb.

Ainda em 2020, Swift estreou como diretora de cinema com "Folklore: The Long Pond Studio Sessions", lançado no Disney+ em novembro. O filme documenta uma sessão intimista no Long Pond Studio, um estúdio isolado em uma cabana nas florestas de Nova York, onde Swift performou todas as 17 faixas do álbum "Folklore" ao lado de seus co-produtores Aaron Dessner e Jack Antonoff.

O especial foi aclamado pela crítica pelas revelações sobre o processo criativo do álbum, que foi gravado remotamente durante a pandemia. O projeto também gerou um álbum ao vivo que vendeu 75 mil cópias em vinil na primeira semana, esgotando completamente.

Antes disso, Swift já havia testado o formato com "Taylor Swift: Reputation Stadium Tour" (2018), lançado diretamente na Netflix. O filme de show foi o primeiro passo de Swift no mercado de streaming e ajudou a pavimentar o caminho para os acordos milionários que viriam depois.

Propriedade intelectual e impacto econômico

O que diferencia Taylor Swift de muitos outros artistas é seu controle absoluto sobre sua carreira e propriedade intelectual.

A decisão de regravar seus primeiros seis álbuns após perder os direitos de suas gravações originais para seu ex-empresário Scooter Braun em 2019 foi um movimento estratégico que a transformou em case de negócio.

As regravações, identificadas como "Taylor's Version", não apenas devolveram a Swift o controle sobre suas músicas, como também geraram dezenas de milhões de dólares em novas vendas. Em maio de 2025, a cantora adquiriu seu catálogo original por cerca de US$ 300 milhões.

Taylor Swift

A U.S. Travel Association estimou que a turnê gerou um impacto econômico total superior a US$ 10 bilhões apenas nos Estados Unidos. Os fãs gastaram em média US$ 1.300 em viagens, hospedagem, alimentação e outros custos além do ingresso. Em Toronto, autoridades estimaram que os seis shows da cantora trouxeram US$ 282 milhões em atividade econômica para a cidade.

Fim de uma era, começo de outra

Em outubro de 2025, ela lançou "The Life of a Showgirl", seu 12º álbum de estúdio, que se tornou o álbum de vendas mais rápidas da história dos Estados Unidos: 4 milhões de unidades na primeira semana. O álbum, inspirado pela própria turnê, foi produzido com Max Martin e Shellback durante as pausas da turnê na Europa.

O que chama atenção do ponto de vista de negócios é como Swift orquestrou o lançamento. Ao anunciar o álbum no podcast "New Heights", apresentado por seu noivo Travis Kelce e o irmão dele, Swift garantiu audiência massiva e cobertura midiática gratuita. O filme promocional "The Official Release Party of a Showgirl", de 89 minutos, arrecadou US$ 46 milhões globalmente em apenas três dias (US$ 33 milhões nos EUA e US$ 13 milhões no exterior).

O interesse das marcas foi imediato. A Screenvision Media, que opera 14 mil telas de cinema incluindo AMC, reportou que os anúncios para o filme esgotaram em tempo recorde. "A demanda foi sem precedentes", afirmou Christine Martino, diretora de receita da empresa.

Com "The End of an Era" chegando ao Disney+, Taylor Swift fecha um ciclo extraordinário de 21 meses que redefiniu o que é possível na indústria da música ao vivo. Mas longe de desacelerar, Swift já provou que sabe transformar o fim de uma era no começo de outra igualmente lucrativa.

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