Frankenstein: filme estreou na Netflix na última semana (Frankenstein/Netflix)
Redação Exame
Publicado em 10 de novembro de 2025 às 09h53.
A adaptação de Frankenstein, lançada pela Netflix, se distancia do romance de Mary Shelley ao transformar o horror gótico em um drama sobre perdão e trauma.
Dirigido por Guillermo del Toro, o filme estrelado por Oscar Isaac, Jacob Elordi e Mia Goth traz mudanças estruturais e temáticas profundas que geraram debates entre fãs da obra original e novos espectadores.
A seguir, confira as principais diferenças entre o novo filme e a obra publicada em 1818.
Atenção: contém spoilers.
Na obra original, Victor cresce em um lar estável e amoroso, sem grandes tragédias. No filme, sua infância é marcada pela morte da mãe e pela figura de um pai severo e controlador, o que molda sua obsessão por controlar a vida e desafiar a morte. A mudança transforma Victor de um jovem ambicioso em um homem ferido e guiado por traumas.
Enquanto no livro Elizabeth é uma personagem passiva, criada como prima e prometida de Victor, no filme ela é uma cientista independente e questionadora.
Com forte presença intelectual e moral, ela se torna peça central na reflexão sobre os limites da ciência e desenvolve até uma conexão afetiva com a Criatura.
No romance de Mary Shelley, o monstro mata o irmão de Victor, seu amigo e, mais tarde, Elizabeth.
No filme, a Criatura reage com violência apenas em legítima defesa, o que reforça sua condição de vítima da intolerância e do abandono, e não de vilão.
O filme introduz Harlander, um magnata morrendo de sífilis que financia os experimentos de Victor com interesse pessoal.
Ele simboliza a elite que busca dominar a ciência pela promessa da imortalidade. Essa figura não existe no livro e representa uma crítica moderna à exploração da ciência por ganância.
No livro, a cena da criação é breve e cercada de mistério. Já no filme, o processo é meticuloso, gráfico e perturbador.
O espectador acompanha Victor manipulando corpos com frieza, em uma sequência visual intensa que evidencia sua obsessão e desumanização.
A obra de Shelley termina em tragédia, com Victor morto e a Criatura desaparecendo na neve. Del Toro opta por um desfecho conciliador, no qual criador e criatura têm um último diálogo marcado pelo arrependimento e pelo desejo de perdão. A cena final abandona o tom sombrio do livro e propõe uma saída mais humana e esperançosa.