House of Guinness: nova série da Netflix mostra ascensão da dinastia cervejeira (House of Guinness/Netflix/Divulgação)
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 07h16.
Última atualização em 20 de agosto de 2025 às 07h24.
Ambientada em Dublin e Nova York no século 19, a trama acompanha os quatro filhos de Sir Benjamin Guinness , herdeiros da cervejaria que, à época, já eram um dos maiores empreendimentos do mundo.
O enredo se inicia logo após a morte do patriarca, mostrando como Arthur (Anthony Boyle), Edward (Louis Partridge), Anne (Emily Fairn) e Ben (Fionn O'Shea) lidam com as pressões de manter e expandir o negócio familiar.
Knight descreveu a produção como “a extraordinária história de uma família que herda a maior cervejaria do mundo”. Para o criador e roteirista, a prioridade dos personagens é dupla: preservar o legado construído com tanto esforço e, simultaneamente, ampliar o alcance e a influência da marca. A série promete uma combinação envolvente de drama familiar, disputas de poder e a representação da decadente e atmosfera de Dublin vitoriana.
O elenco conta ainda com estrelas como James Norton (Happy Valley), interpretando o intrigante Sean Rafferty, além das participações de Jack Gleeson (Game of Thrones), Dervla Kirwan (True Detective: Night Country) e Danielle Galligan (Shadow and Bone), que dão personagens de vida a que orbitam uma família protagonista.
A escolha de focar no universo Guinness reforça o peso cultural da cervejaria fundada em 1759 por Arthur Guinness. Mais de 260 anos depois, a marca segue sólida, presente em mais de 150 países e com produção espalhada ao redor do globo.
Fundada em 1759, a Guinness nasceu quando Arthur Guinness assinou um contrato de 9.000 anos para instalar sua cervejaria em St. James's Gate, em Dublin, na Irlanda.
Esse documento original, ainda preservado nos arquivos da empresa, simboliza a visão e ambição de longo prazo que permeiam toda a trajetória da marca.
Nos anos seguintes, Arthur tomou uma decisão ousada de abandonar a produção das cervejas tradicionais para investir exclusivamente no estilo porter, uma cerveja escura que se tornaria a base da Guinness. Essa mudança foi crucial para firmar a bebida como referência de qualidade e inovação na Irlanda.
Em 1801, a família lançou a West India Porter, pensada para resistir às longas viagens marítimas, que se tornaria a base da atual Guinness Foreign Extra Stout, conquistando rapidamente mercados internacionais.
A cerveja chegou aos Estados Unidos em 1817, à África dez anos depois e à Austrália em 1858. No final do século 19, a cervejaria de St. James's Gate era a maior do mundo, produzindo anualmente cerca de 1,2 milhão de barris.
A liderança atual da Guinness está sob a responsabilidade da CEO Debra Crew, uma executiva externa à família Guinness, refletindo a profissionalização e o foco corporativo da empresa dentro do grupo Diageo, do qual a Guinness é peça central.
Em 2025, a marca Guinness impressionou ao registrar um crescimento de dois dígitos em suas vendas, superando o desempenho geral do grupo Diageo, que teve um aumento orgânico de 1,7% nas vendas líquidas.
Segundo os relatórios financeiros da Diageo, a companhia reportou vendas líquidas totais superiores a US$ 20,25 bilhões, sustentadas em grande parte pelo sólido desempenho de suas marcas-chave, como o Guinness.
A popularidade da Guinness cresceu significativamente entre o público jovem e feminino, com o consumo feminino no Reino Unido aumentando 27% entre 2022 e 2023. A marca tem fortalecido sua conexão com o público por meio de campanhas com influenciadores e parcerias de peso, como a colaboração com a Premier League, além de engajamentos com celebridades como o ator Jason Momoa.
Além do sucesso comercial, a Guinness tem sido pioneira em investimentos sustentáveis, com a cervejaria de St. James's Gate comprometida em 100% de operação movida a energia renovável até 2030, alinhando tradição e modernidade de forma responsável.
Após mais de 260 anos desde a sua fundação, o Guinness mantém viva a sua capacidade de inovação. Projetos como o Brewers Project resgatam receitas históricas para reinventar clássicos como o Dublin Porter, enquanto lançamentos como o Guinness 0.0 , voltados para o mercado de bebidas sem álcool, refletem sua adaptação às tendências contemporâneas.
Esse legado sólido ajuda a explicar por que a Guinness é uma peça fundamental no portfólio da Diageo, grupo que surgiu em 1997 da fusão entre a Guinness plc e a Grand Metropolitan e que controla outras marcas globais, como Johnnie Walker e Smirnoff.
Embora a Diageo tenha registrado uma queda de 28% no lucro operacional no exercício fiscal encerrado em junho de 2025, o Guinness manteve sua trajetória de crescimento robusto, com destaque para o mercado britânico, onde liderou as vendas tanto em bares quanto no varejo, consolidando-se como um verdadeiro ícone mundial da cerveja.
A família Guinness realmente existiu e desempenhou um papel decisivo na história da cervejaria Guinness, que se tornou uma das maiores e mais importantes do mundo.
Benjamin Guinness foi uma figura central para o sucesso extraordinário da cervejaria na época. A família tem grande influência social e econômica na Irlanda, com membros envolvidos em negócios, política e filantropia.
A série também reflete pressões familiares reais, incluindo disputas e a gestão da herança após a morte do patriarca. Além disso, eventos como a expansão da cervejaria, a importância da marca Guinness e o contexto histórico da Irlanda vitoriana servem de base para o enredo.
A série dramatiza e reimagina muitos detalhes das relações familiares, diálogos e conflitos para dar mais intensidade e ritmo ao roteiro. Personagens e tramas secundárias podem ser criadas ou alteradas para fins dramáticos, sem base comprovada na história real.
A cronologia e alguns eventos são interpretados de forma a fortalecer a narrativa, não como retratos precisos dos fatos. Aspectos sombrios da família, como a chamada “maldição Guinness” envolveram tragédias pessoais, são usados para efeito de suspense e drama.