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'O Píer': nova série da Netflix é ou não baseada em fatos reais?

Trama sobre império pesqueiro e crimes familiares remete ao passado do roteirista, cujo pai foi acusado de tráfico nos anos 1980

"O Píer": nova série da Netflix é parcialmente baseada em fatos reais (Netflix/Reprodução)

"O Píer": nova série da Netflix é parcialmente baseada em fatos reais (Netflix/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 21 de junho de 2025 às 16h01.

Tudo começa com uma família à beira da ruína. Um império pesqueiro, heranças em disputa, esquemas ilegais. Mas o que parece apenas ficção, guarda conexões inesperadas com a realidade. "O Píer", série da Netflix, tem origem em uma história tão íntima quanto sombria: a juventude de seu criador, Kevin Williamson, marcada pelo passado criminoso do próprio pai.

Famoso por Dawson’s Creek e The Vampire Diaries, Williamson revelou que seu pai, pescador no litoral dos Estados Unidos, foi acusado de conspiração para traficar maconha nos anos 1980. Essa vivência foi transformada em ficção, com a criação da família Buckley — protagonistas de uma narrativa sobre crime, lealdade e sobrevivência em meio a redes de pesca e negócios familiares.

A série retrata os esforços desesperados de uma família para proteger seu legado, mesmo que isso signifique ultrapassar os limites da lei. Os personagens são fictícios, mas os dilemas morais e a atmosfera de tensão familiar ecoam situações vividas pelo próprio roteirista.

Segundo Williamson, a intenção nunca foi contar a história de sua família, mas explorar o que leva alguém a cometer erros em nome de quem ama. A ambientação em uma vila pesqueira, os conflitos entre irmãos, os negócios ameaçados — tudo isso brota de memórias transformadas em roteiro.

Ficção com DNA real

Apesar da carga pessoal, O píer não retrata a trajetória profissional de seu criador. Williamson segue como roteirista e produtor, mas a série expõe uma faceta pouco conhecida de sua origem: as cicatrizes de uma juventude marcada por segredos familiares e escolhas perigosas feitas em nome da sobrevivência.

Enquanto algumas fontes descrevem a obra como “baseada em fatos reais”, o termo se aplica de forma simbólica: o enredo não reconta um caso documentado, mas traduz em drama os ecos de uma história familiar — os silêncios em torno de um pai envolvido com o tráfico de drogas, os dilemas de crescer entre o orgulho e a vergonha, entre a necessidade de esconder e o impulso de contar.

A série transforma memórias íntimas em um thriller emocional, no qual a pesca se mistura ao contrabando, e o amor à família caminha lado a lado com a criminalidade. Não há um retrato literal dos acontecimentos, mas uma reconstrução poética e sombria da atmosfera em que o próprio criador foi formado.

O resultado é uma obra onde a linha entre invenção e realidade é tênue — um suspense familiar nascido da dor, da lealdade e do silêncio de um passado que insiste em emergir, revelando que, muitas vezes, as histórias mais impactantes não vêm dos tribunais ou jornais, mas das sombras que pairam sobre a mesa de jantar.

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