Repórter
Publicado em 27 de julho de 2025 às 10h29.
Última atualização em 27 de julho de 2025 às 10h34.
A Netflix está à procura de um novo líder para sua área de podcasts para integrar essas produções, no formato de vídeo, à plataforma de streaming. A iniciativa reforça os planos da empresa de diversificar seu catálogo e buscar novas formas de engajamento com o público, informaram fontes da empresa ao Business Insider, em condição de anonimato.
Segundo o site, a companhia já havia avaliado possíveis parcerias com criadores de podcasts como parte de uma estratégia para ampliar oportunidades de crescimento. A contratação de um executivo dedicado ao segmento de podcasts em vídeo sinaliza a intenção da Netflix de competir com mais força nesse mercado.
O momento coincide com a consolidação do YouTube como referência em conteúdos de vídeo e também em podcasts audiovisuais. A Netflix, por sua vez, tem mostrado interesse em fortalecer a presença de criadores de conteúdo em sua plataforma.
"Estamos muito animados com 'The Sidemen' e 'Pop the Balloon' e com uma grande variedade de criadores e podcasters de vídeo que podem ser uma boa opção para nós, principalmente se estiverem fazendo um ótimo trabalho e buscando maneiras diferentes de se conectar com o público", disse o co-CEO Ted Sarandos na teleconferência de resultados do segundo trimestre da empresa deste mês. "The Sidemen" e "Pop the Balloon" são duas séries da Netflix que começaram no universo dos criadores de conteúdo.
Ted Sarandos comparece ao tapete vermelho da festa de 10º aniversário da Netflix Espanha na Galería de Cristal em 10 de junho de 2025 em Madri, Espanha. (David Benito/FilmMagic/Getty Images) (David Benito/FilmMagic/Getty Images)
Até o momento, a empresa não publicou a abertura de vaga para essa função e não se manifestou sobre o assunto. Fontes ouvidas pelo Business Insider indicaram que a função deve ter como prioridade o desenvolvimento de podcasts em vídeo capazes de atingir uma audiência ampla.
Muitos dos podcasts de maior alcance surgiram inicialmente apenas em áudio e, com a mudança no comportamento do público e a ascensão do YouTube, passaram a incorporar também o vídeo. As fronteiras entre talk shows e podcasts têm se tornado cada vez menos nítidas. Atualmente, diversos programas já são concebidos com formato audiovisual desde a origem.
A área de podcasts da Netflix também deve se vincular ao setor de licenciamento de TV e filmes, liderado por Lori Conkling, e não ao departamento de conteúdo original. Isso abriria espaço para licenciamento de produções já existentes e a criação de conteúdos inéditos, replicando parcerias que a empresa já realizou com criadores do YouTube.
O consumo de podcasts segue em expansão. Dados da consultoria Edison Research mostram que 73% dos norte-americanos com 12 anos ou mais consomem podcasts, em áudio ou vídeo, número superior aos 55% registrados em 2020. A mesma pesquisa apontou que 51% dessa faixa etária já assistiram a podcasts em vídeo.
A publicidade no setor também apresentou avanço significativo. O Interactive Advertising Bureau (IAB), organização que reúne as principais empresas do mercado de publicidade digital, reportou que a receita publicitária em podcasts alcançou US$ 2,4 bilhões em 2024, um crescimento de 26,4% em relação ao ano anterior. A empresa de pesquisa eMarketer projeta que esse valor supere US$ 2,5 bilhões em 2025.
A concorrência no setor tem aumentado. Em fevereiro, a Fox comprou a produtora Red Seat Ventures, responsável por programas de Tucker Carlson e Megyn Kelly. A Amazon, por sua vez, desembolsou US$ 300 milhões pela Wondery em 2020, segundo o The New York Times, após ter adquirido a Audible em 2008.
Diante da disputa acirrada com o YouTube pelo tempo de consumo de TV, a Netflix anunciou os resultados financeiros do segundo trimestre de 2025 nesta quinta-feira, 17, com aumento de 45% no lucro, no comparativo anual — acima do esperado pelos analistas de Wall Street.
A empresa registrou US$ 3,77 bilhões em lucro operacional, aumento de 12,8% em comparação ao primeiro trimestre de 2025. Foram também US$ 11,1 bilhões em receita, aumento de 16% no comparativo anual. As ações cresciam 2% no pós-mercado.
O crescimento fez a empresa revisar as projeções para o ano e elevar a receita anual de US$ 44,8 para 45,2 bilhões.
O resultado surpreende quando comparado aos demais anos, dado que o segundo trimestre é historicamente mais lento para a Netflix, sobretudo no que tange a aquisição de usuários. A estratégia foi manter uma programação constante de títulos populares, como a terceira temporada de "Ginny & Georgia" e o aguardado desfecho de "Round 6".
A empresa também se beneficiou de um dólar mais fraco — mais de dois terços de seus clientes residem fora dos Estados Unidos.
Apesar de desafios no mercado doméstico, onde o crescimento de usuários desacelerou nos últimos meses, o mercado norte-americano cresceu 15% no segundo trimestre, impulsionado sobretudo pelo aumento de preços e pela introdução de uma oferta mais barata, com anúncios. A companhia espera, inclusive, que as vendas de publicidade dobrem até o final deste ano, à medida que expande esse modelo em 12 mercados ao redor do mundo.