P. Diddy escapa da prisão perpétua, mas é condenado por crimes relacionados ao tráfico sexual e transporte para prostituição (Ziyadat/Getty Images for Sean "Diddy" Combs)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 2 de julho de 2025 às 11h41.
Última atualização em 2 de julho de 2025 às 20h58.
O magnata da música Sean "Diddy" Combs foi absolvido, nesta quarta-feira, 2, das acusações de associação criminosa e tráfico sexual, mas o júri o considerou culpado de tráfico de pessoas para fins sexuais.
Após sete semanas de julgamento e pouco mais de dois dias de deliberações, o porta-voz do júri anunciou seu veredicto ao juiz Arun Subramanian, uma vitória para Combs, de 55 anos, e sua equipe de defesa. O júri o absolveu das principais acusações, associação criminosa e tráfico sexual, e o considerou culpado de duas acusações de tráfico com fins sexuais, o que leva a uma pena de até 20 anos de prisão, dez para cada uma.
Diante dos protestos da Promotoria, os advogados de Combs propuseram uma fiança de US$ 1 milhão (R$ 5,4 milhões) e a entrega do passaporte de seu cliente. "Este júri lhe deu a vida", disse seu advogado, Marc Agnifilo, antes de acrescentar que seu cliente "seria um imbecil" se violasse qualquer condição imposta pelo tribunal.
Contudo, o juiz negou seu pedido de fiança ao alegar que tanto o magnata quanto sua defesa não conseguiram demonstrar que ele "não representa perigo para ninguém", particularmente para suas acusadoras. Diddy está recluso desde setembro em um presídio do Brooklyn.
Diddy, de 55 anos, foi considerado culpado por ter transportado suas ex-namoradas — incluindo Cassie Ventura e uma mulher identificada como “Jane Doe” — e acompanhantes pagos para festas sexuais em diferentes estados, violando a Lei Mann, que criminaliza o transporte interestadual para fins de prostituição.
Durante o julgamento, Cassie Ventura testemunhou que participou das festas por medo das explosões de raiva de Diddy e pelo controle que ele exercia sobre sua carreira e finanças, mas o júri não considerou suficientes as provas para condená-lo por tráfico sexual. A defesa argumentou que os relacionamentos e as festas eram consensuais e que o governo exagerou o comportamento do artista.
O julgamento, iniciado em maio de 2025, contou com um júri formado por 12 pessoas que analisaram depoimentos, imagens e vídeos relacionados às acusações. Entre as testemunhas, duas ex-namoradas de Diddy relataram que ele promovia festas com drogas e sexo, nas quais as obrigava a participar de atos sexuais com ele e outros homens.
Um dos episódios envolveu agressão à cantora Cassie Ventura, ex-companheira de Diddy por 11 anos, que tentou fugir de uma dessas festas em 2016, mas foi perseguida e agredida pelo rapper.
Diddy, que está preso desde setembro de 2024, sempre negou as acusações, afirmando que os relacionamentos e as festas eram consensuais. Ele rejeitou um acordo pré-julgamento e se declarou inocente de todas as acusações.
O júri demonstrou divisões desde o início do julgamento. Na terça-feira, tinha chegado a um acordo sobre quatro das cinco acusações (as de tráfico sexual e tráfico com fis sexuais), mas declarou que as divisões entre os membros impediam um acordo final sobre a de associação criminosa, a mais importante e que leva à prisão perpétua.
O juiz pediu aos jurados que seguissem com as deliberações e, nesta quarta-feira eles chegaram a um acordo unânime.
Cassi Ventura "abriu o caminho" para que um júri declarasse Sean "Diddy" Combs culpado de algumas acusações que lhe eram atribuídas, disse seu advogado, Doug Wigdor.
"Este caso demonstrou que há tempos uma mudança deveria ter ocorrido, e continuaremos lutando em nome dos sobreviventes", disse, em nota enviada à AFP.
Ventura, ex-companheira de Combs por mais de uma década, denunciou o rapper na Justiça civil por estupro e agressão sexual. O caso foi resolvido extrajudicialmente com o pagamento pelo magnata da música de US$ 20 milhões (R$ 109 milhões, na cotação atual), mas levou a uma enxurrada de ações civis e, por fim, a acusações criminais.
O julgamento de Combs, que durou sete semanas, incluiu depoimentos por vezes perturbadores, assim como milhares de páginas de registros telefônicos, financeiros e audiovisuais.
Combs se declarou inocente das acusações e optou por não depor, uma estratégia de defesa comum nos Estados Unidos.
Até o momento, o júri considerou Diddy culpado em duas acusações de tráfico sexual e em duas de transporte para prostituição, crimes que podem levar a penas de até 15 anos e 10 anos de prisão, respectivamente.
No entanto, os jurados permaneceram divididos em relação à acusação de associação criminosa, que pode resultar em prisão perpétua. A decisão final sobre essa acusação ainda será anunciada.
(Com AFP)