Patinhos de borracha: febre em cruzeiros de turismo (Imagem gerada com auxílio de Inteligência Artificial/Freepik)
Redação Exame
Publicado em 17 de julho de 2025 às 20h36.
Em 2019, uma menina teve uma ideia simples, mas que sem querer desencadeou um dos maiores fenômenos a bordo dos cruzeiros: levou 50 patinhos de borracha em viagem pelo Caribe. O motivo? Ela achava que, caso o navio afundasse, aqueles patinhos poderiam ser úteis para flutuar.
Além da aparente ideia de "segurança", a menina também elaborou um jogo: ela escondia os patinhos em diferentes partes do navio e deixava mensagens para que quem os encontrasse continuasse o ciclo de escondê-los em novos lugares. A ideia era simples: uma caça ao tesouro com patinhos de borracha.
Mas o que começou como uma ideia inocente se transformou em uma verdadeira moda entre os passageiros, que vem dando uma baita dor de cabeça para as empresas que administram cruzeiros.
Em pouco tempo, a brincadeira se espalhou como fogo em palha seca entre os passageiros e o jogo de esconde-esconde passou a ser uma verdadeira competição para ver quem escondia o patinho em lugares mais difíceis ou inusitados. As pessoas retiravam móveis de lugares estratégicos, escondiam os objetos atrás de paredes e até mesmo em locais de difícil acesso.
Como tudo que cresce rapidamente, a mania começou a gerar consequências inesperadas. O impacto nas operações dos navios foi inevitável e, quando as companhias começaram a perceber o que estava acontecendo, o estrago já estava feito.
A Disney anunciou que confiscaria todos os patinhos encontrados em áreas não permitidas. A Royal Caribbean, companhia responsável por lançar a brincadeira, proibiu a prática porque a quantidade de patinhos escondidos estava afetando a vegetação local, já que os passageiros estavam andando sobre as plantas para esconder os objetos. Até placa de zona "livre de patos" rolou.
Outras companhias também lançaram anúncios para que a brincadeira parasse de ser incentivada. Até agora, não deu tão certo assim.
Curiosamente, essa mania de patinhos nos navios não é algo novo. Há mais de 30 anos, um caso semelhante ajudou cientistas a estudar as correntes oceânicas. Em 1992, um navio cargueiro perdeu um container cheio de patinhos de borracha, que foram levados pelas correntes marinhas para diferentes partes do mundo. Eles ajudaram a mapear o movimento das águas e deram origem a uma história científica, que agora é tão famosa quanto a brincadeira nos cruzeiros.
Nos dias atuais, apesar das proibições e das intervenções das empresas, o fenômeno dos patinhos de borracha só cresceu. Com mais de 60 mil membros em uma comunidade do Facebook, os passageiros começaram a compartilhar fotos e relatos dos que encontraram para continuar a brincadeira. Fóruns do reddit, grupos de WhatsApp e páginas no Instagram também são dedicadas à "caça aos patos".
Até as lojas próximas aos portos começaram a vender patinhos temáticos, com design de marinheiros e piratas, e etiquetas personalizáveis para tornar a brincadeira ainda mais interativa. Passaram a ser mais que brinquedos, mas itens com identidade própria, facilitando a interação entre os passageiros.