'Swifteconomics': Taylor Swift pode gerar até US$ 80 bi para gravadora — e bater novos recordes
Segundo a Wolfe Research, Swift é responsável por gerar entre US$ 40 milhões e US$ 80 milhões anuais para o Universal Music Group (UMG); é hora de investir?
Taylor Swift: cantora construiu um império em quase duas décadas de carreira (Emma McIntyre/TAS24 / Colaborador/Getty Images)
Última atualização em 14 de agosto de 2025 às 12h57.
A turnê mais lucrativa da história, US$ 1 bilhão em fortuna estimada e 14 prêmios do Grammy em quase duas décadas de carreira: são estes os números que marcam a vida da cantora Taylor Swift nos palcos e nos negócios.
No ano passado, seu álbum The Tortured Poets Department foi responsável por mais de 6% de todas as vendas de discos nos Estados Unidos. Agora, com o 12º álbum de estúdio, The Life of a Showgirl, Swift — e o mercado — esperam ultrapassar o feito anterior.
Segundo a Wolfe Research, Swift é responsável por gerar entre US$ 40 milhões e US$ 80 milhões anuais para o Universal Music Group (UMG). Os analistas apontam que o lançamento do álbum, marcado para o dia 3 de outubro deste ano, é um "grande evento de mercado", que pode elevar temporariamente as previsões de receita e lucro de UMG para o trimestre.
A Wolfe Research ainda apontou que, sem novos lançamentos de estrelas do porte de Swift, o crescimento de UMG seria moderado, o que reforça a dependência de hits de alto perfil para atingir as metas de curto prazo. A ação da Universal foi definida como "atraente" para investidores que buscam exposição ao segmento de música.
Para o UBS, o lançamento de Swift é uma das principais alavancas de crescimento para o UMG. O banco destacou que, apesar de expectativas de crescimento a longo prazo para a gravadora, o real impulso financeiro vem de lançamentos e anúncios de grande porte, como o de Swift que criam um efeito multiplicador em várias áreas da empresa, desde o streaming até o merchandising e as turnês.
O Deutsche Bank aponta que o lançamento de The Life of a Showgirl é uma oportunidade de "resetar a narrativa de crescimento" do UMG. Os analistas da instituição acreditam que o sucesso de Swift ajudará a elevar os resultados financeiros da gravadora, que recentemente teve um desempenho mais modesto devido à desaceleração no crescimento das receitas de música.
No segundo trimestre, a Republic Records, gravadora de Swift e uma das empresas embaixo do guarda-chuva da Universal, teve redução de 12,4% nas vendas físicas e 12,7% na receita de merchandising — abaixo das expectativas do mercado.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, quando a gravadora se beneficiou de lançamentos como o The Tortured Poets Department, a ausência de novos lançamentos da artista no primeiro semestre do ano resultou em números mais fracos.
O álbum anterior de Swift, disponível em CDs, vinis e fitas cassetes, foi fundamental para o crescimento de 14,4% nas vendas físicas do Universal Music Group no segundo trimestre de 2024.
A receita de merchandising no mesmo período do ano passado cresceu 43,7%, com um aumento impulsionado pela forte demanda dos itens da turnê de Swift, a The Eras Tour. A receita total de merchandising da UMG no segundo trimestre de 2024 chegou a US$ 245 milhões, em um crescimento de 44,6% em relação a 2023.
Taylor Swift mostra capa do novo álbum no podcast New Heights, de Travis e Jason Kelce (YouTube/Reprodução)
Sem grandes lançamentos no radar durante o começo do ano, a Republic viu sua participação de mercado diminuir para 9,88%, uma queda em relação ao primeiro trimestre, quando o índice foi de 12,52%.
Para o Citi Research, o UMG precisa de lançamentos de alto perfil para mostrar seu potencial de crescimento, especialmente em tempos de transição no mercado de streaming.
Nisso, segundo os analistas, o lançamento de The Life of a Showgirl terá um "impacto crucial" para revitalizar o crescimento da gravadora nos próximos trimestres, uma vez que a popularidade de Swift continua sendo uma das maiores fontes de geração de receita no setor musical.
'Mastermind' nos negócios
Em 2021, Swift deu um passo ousado que parecia impensável até para os executivos mais experientes da indústria: ela pediu publicamente aos seus milhões de fãs para abandonarem os álbuns que a tornaram famosa e começarem a consumir versões regravadas desses mesmos discos, agora sob seu controle. Em maio, Swift anunciou que conseguiu comprar seus masters de volta.
“Desde que eu era adolescente, venho economizando dinheiro ativamente para recomprar minha música e para, finalmente, possuí-la, porque geralmente é a gravadora que a possui. Eu sempre quis que isso acontecesse", disse ela no podcast New Heights, publicado na quarta-feira, 14.
“Pedir que fãs abandonem as músicas com as quais cresceram e ainda assim vender milhões com novas versões é algo que só ela poderia fazer”, afirma.
Para Kevin Evers, editor sênior da Harvard Business Review, e autor do livro There’s Nothing Like This: The Strategic Genius of Taylor Swift, a estratégia de Swift vai além da música: ela é "menos um fenômeno artístico e mais um estudo de caso sobre marca, controle narrativo e visão de longo prazo."
O autor compara a trajetória de Taylor à de grandes visionários como Steve Jobs e Elon Musk, afirmando que a cantora trilhou seu caminho com a mesma disciplina estratégica vista no Vale do Silício.
"Taylor teve sucesso porque trilhou um caminho único. Suas decisões foram moldadas pelas circunstâncias dela. Assim como nunca haverá outro Beatles ou Madonna, nunca haverá outra Taylor Swift. Os artistas inteligentes aprenderão com ela — e buscarão sua própria versão de sucesso", afirma.
A expressão “Swifteconomics” se popularizou para descrever o impacto da Eras Tour, que arrecadou mais de US$ 2 bilhões em bilheteiras e aqueceu economias locais, como em Denver, onde os shows geraram US$ 140 milhões em consumo. Mas, para Evers, não é apenas sobre números.
“O sucesso dela não é apenas talento, mas também timing, adaptabilidade e inteligência digital”, afirma o autor. Ele acredita que o sucesso de Swift não foi um acidente, mas sim resultado de decisões pensadas e calculadas.
Antes mesmo de sua fama, Swift já mostrava uma habilidade única para tomar decisões difíceis com confiança. Quando ainda era adolescente, ela tomou a decisão de sair de uma gravadora que não acreditava em seu potencial como compositora, confiando no executivo independente Scott Borchetta, com quem moldou sua própria carreira e identidade. Isso foi apenas o começo.
“A clareza da ‘estrela do norte’ permitiu que ela seguisse seu caminho, saindo do country para o pop sem perder sua autenticidade”, explica Evers, destacando a coragem e visão da artista em cada fase de sua carreira.
Swift também se destacou por perceber uma lacuna no mercado musical. Enquanto Nashville era dominada por compositores profissionais que escreviam para outros artistas, Taylor apostou em outro segmento da música. “Ela queria contar suas próprias histórias”, explica Evers.
Essa percepção, aliada à visão de "oportunidades não concorridas", levou Swift a criar um “oceano azul”, um espaço de mercado praticamente vazio, focado em jovens mulheres escrevendo para outras jovens mulheres. Com seu álbum Speak Now (2010), onde todas as canções foram compostas exclusivamente por ela, Swift abriu as portas para um novo nicho de mercado.
Evers afirma que, “a carreira de Swift foi construída não apenas por talento natural, mas pela disposição de se esforçar mais do que os outros”. O livro de Evers ilustra como, com o apoio de Scott Borchetta, ela não apenas preencheu esse nicho, mas dominou o mercado musical com sua autenticidade emocional, algo raro de ser replicado.
Quando a venda dos seus masters para a Ithaca Holdings em 2019 aconteceu, e Swift perdeu o controle sobre as gravações originais, ela não se intimidou. Ao contrário, “ela decidiu regravá-las para retomar a posse”, e essa decisão ousada gerou resultados impressionantes.
O álbum Red (Taylor’s Version), por exemplo, vendeu 1,56 milhão de unidades em suas primeiras semanas, mais do que o dobro da versão original. E ainda mais surpreendente foi a estreia de Speak Now (Taylor’s Version), que debutou em primeiro lugar na Billboard 200, consolidando Swift como a mulher com mais álbuns no topo da parada.
“Foi um ato ousado: ela pediu que os fãs deixassem de ouvir as versões com que cresceram — e funcionou”, afirma Evers. Essa ousadia e coragem, combinadas com uma estratégia de marketing de guerrilha, também foram fundamentais para seu sucesso. Ela foi uma das primeiras artistas a usar o MySpace para se conectar diretamente com seus fãs, criando uma base de seguidores leais e engajados, algo que foi reforçado com as “secret sessions”, onde ela convidava fãs para ouvir seus álbuns antes do lançamento.
Ao longo de sua carreira, Taylor entendeu que o verdadeiro crescimento exige escolhas corajosas. “Ela não tem medo de fazê-las”, afirma Evers. Desde sua transição do country para o pop com 1989, até a regravação de seus álbuns, ela nunca parou de se desafiar. “O que a diferencia é que, mesmo sendo uma das maiores estrelas do mundo, ela continua se desafiando”, completa.
Por fim, Evers acredita que “Swift pode parecer improvável, mas o que faz não é magia. É método”. E tem funcionado.
Taylor Swift: cantora bateu recordes com últimos álbuns (Matt Winkelmeyer/Getty Images for The Recording Academy/Getty Images)
Taylor Swift em 13 pontos
Além de movimentar o mercado financeiro, Swift também é conhecida por seu desempenho nos rankings musicais e premiações — e pela crença supersticiosa sobre o número 13.
Maior número de "Álbuns do Ano" no Grammy Swift é a única mulher a conquistar quatro prêmios de “Álbum do Ano” no Grammy, com os álbuns Fearless (2010), 1989 (2016), folklore (2021) e Midnights (2023), superando a marca de três troféus que dividia com lendas como Stevie Wonder e Frank Sinatra.
Recorde no Billboard 100 Com 263 canções ranqueadas na Billboard Hot 100, Swift tem o maior número de entradas de qualquer artista feminino na história da parada.
Sucesso no "debut" Swift também fez história ao ser a primeira artista a debutar no #1 da Hot 100 e da Billboard 200 na mesma semana, feito que repetiu seis vezes. Exemplos incluem o lançamento de Cardigan com"folklore" e Anti-Hero com "Midnights".
Top 10 da hot 100 Em novembro de 2022, Swift se tornou a primeira artista a ocupar simultaneamente as 10 primeiras posições da Billboard Hot 100, com faixas do álbum Midnights.
Recorde de consumo na primeira semana O álbum The Tortured Poets Department alcançou 2,61 milhões de unidades equivalentes a álbuns em sua estreia nos Estados Unidos, estabelecendo um novo recorde para a maior semana de consumo desde 2015.
Maior venda de vinil em uma semana Na estreia de The Tortured Poets Department, Swift quebrou o recorde de maior venda de vinil desde 1991, com 859 mil cópias de LPs vendidos, segundo o Nielsen SoundScan.
Álbum mais vendido globalmente Com 5,6 milhões de cópias vendidas mundialmente, The Tortured Poets Department foi o álbum mais vendido do ano de 2024.
Álbum-equivalente nos EUA Até meados de 2025, Swift acumulou 116,7 milhões de unidades de álbum-equivalente (consumo por streaming e vendas físicas) vendidas nos Estados Unidos, com 54 milhões de cópias físicas puras.
Recordes no streaming Swift ultrapassou a marca de 70,7 bilhões de streams nos serviços de streaming dos EUA, colocando-a entre os artistas mais ouvidos da era digital.
14 Vitórias e 52 indicações ao Grammy Com 14 vitórias e 52 indicações ao longo de quase duas décadas de carreira, Swift também é uma das artistas mais premiadas da história do Grammy.
US$ 1 bilhão em fortuna A fortuna pessoal de Taylor Swift é estimada em US$ 1 bilhão, segundo a Forbes. Swift é a primeira mulher a atingir o status de bilionária somente com sua música.
A turnê mais rentável da história A Eras Tour se tornou a turnê mais lucrativa de todos os tempos, superando US$ 2 bilhões em vendas de ingressos globalmente.
Todos álbuns em primeiro
A cantora também é a primeira artista na história a ter dez álbuns consecutivos estreando diretamente no topo da Billboard 200.
Se tornando porta de entrada para jovens atores, a série da Rede Globo foi fundamental para consolidar a carreira de artistas e conquistar o público mais nostálgico