Santos Brasil: em 2024, a empresa teve receita de 2,9 bilhões de reais, alta de 36% em relação ao ano anterior (Germano Lüders/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 22h00.
Em um porto, se planejar para receber a carga que virá é parte da rotina, mas a Santos Brasil levou essa ideia além. A empresa, que opera o terminal de contêineres (Tecon) e outro terminal de veículos no Porto de Santos, o maior do Brasil, criou um plano de dez anos, na década passada, para se preparar para o avanço das exportações brasileiras.
Desde 2019, foi iniciado um ciclo de investimentos de 2,6 bilhões de reais, para elevar a capacidade operacional do porto para 3 milhões de contêineres. Essa capacidade será atingida em 2026, cinco anos antes da previsão inicial. “Não reduzimos o volume de investimentos durante a covid-19. Com isso, seguimos ganhando participação de mercado quando a demanda veio forte”, diz Antônio Sepúlveda, CEO da Santos Brasil. Além de Santos, a empresa opera outros seis terminais pelo país.
A empresa chama atenção por manter o nível de investimento elevado por longos períodos em um setor que exige capital intensivo. Em 2024, a empresa teve receita de 2,9 bilhões de reais, alta de 36% em relação ao ano anterior, com lucro de 741,9 milhões de reais. A movimentação de contêineres nos três portos em que a Santos Brasil opera — Santos (SP), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA) — foi de 1,4 milhão, 22% mais do que em 2023. No ano passado, além do crescimento forte, a empresa concluiu seu processo de compra pelo grupo CMA CGM, uma multinacional francesa de transporte marítimo presente em 160 países que atende 600 portos e opera mais de 60 terminais, o que abre ainda mais possibilidades de negócios.
Em 2025, os números continuam em alta. No primeiro semestre, o volume de contêineres subiu 9% em relação ao mesmo período de 2024. Sepúlveda destaca que a empresa tem endividamento baixo, com alavancagem de 1,33. O choque nas exportações para os Estados Unidos, atingidas pelas tarifas de Donald Trump, teve pouco impacto, pois as cargas seguem cada vez mais para a Ásia. Ao mesmo tempo, a busca de novas concessões prossegue. “Você tem de aproveitar, pois as oportunidades podem levar 70 anos para surgir de novo. É o prazo dos contratos de portos”, diz o CEO.