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Vinhos brasileiros em ascensão: o crescimento e o potencial do mercado nacional

O mercado de vinhos no Brasil se transforma em terreno fértil para negócios

Vinhos: temperatura influencia diretamente nas vendas (Catarina Bessell/Exame)

Vinhos: temperatura influencia diretamente nas vendas (Catarina Bessell/Exame)

Malu Sevieri
Malu Sevieri

Diretora da ProWine São Paulo

Publicado em 25 de setembro de 2025 às 22h00.

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Nos últimos anos, o Brasil passou de promessa a realidade concreta no mercado global de vinhos. Não apenas pelo aumento no consumo, mas pela sua transformação em um destino estratégico para produtores de diversas origens, que veem no país uma alternativa real para expandir os negócios diante da instabilidade em outros mercados.

Segundo a Ideal BI, somente no primeiro trimestre de 2025, mais de 110 milhões de garrafas foram comercializadas no país, movimentando 3,9 bilhões de reais. O avanço das importações, que cresceram 14% em volume e 15% em valor, reforça o apetite do consumidor brasileiro e a maturidade crescente do canal de distribuição.

O câmbio favorável, o redesenho dos hábitos de consumo, com vinhos brancos e espumantes ganhando protagonismo, e o avanço de tratados comerciais, como o acordo Mercosul-União Europeia, estão redesenhando o mapa de oportunidades. Ao mesmo tempo, iniciativas de promoção financiadas por entidades europeias têm ampliado o conhecimento do consumidor e facilitado a entrada de novas marcas no país.

Outro fator que reforça esse movimento é a expectativa positiva em relação à produção nacional. Após os efeitos severos da estiagem em 2023 e das enchentes históricas que marcaram o Rio Grande do Sul em 2024, a safra de 2025 despontou entre as melhores da década. De acordo com a Emater/RS, mais de 860.000 toneladas de uva devem ser colhidas até o final da safra, um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período do ano passado.

Além disso, o inverno brasileiro de 2025 chegou com mais intensidade do que nos últimos anos, o que anima ainda mais o mercado. É comum ouvir no setor que “o frio é o melhor vendedor de vinhos”, especialmente os tintos, que combinam com temperaturas mais baixas e pratos mais robustos.

Em contrapartida, invernos amenos favoreceram, nos últimos anos, o crescimento no consumo de vinhos brancos, espumantes e rosés. Um levantamento da Scanntech mostra como a temperatura influencia diretamente nas vendas: em agosto de 2023, por exemplo, um inverno mais quente reduziu em 7,7% a venda de vinhos em relação ao ano anterior.

O vinho, aqui, deixou de ser apenas um produto para se tornar um elo estratégico entre diferentes culturas, modelos de negócios e expectativas de consumo. A velocidade com que o mercado tem se sofisticado aponta para um futuro em que competitividade andará lado a lado com conhecimento, identidade e propósito.

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