Embora a assinatura ocorra neste fim de semana, o tratado só entrará em vigor após a ratificação de 40 países (Westend61/Getty Images)
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Publicado em 22 de outubro de 2025 às 10h48.
Um acordo inédito das Nações Unidas sobre crimes cibernéticos está pronto para ser assinado neste final de semana, em Hanói, capital do Vietnã. O objetivo é fortalecer a cooperação internacional contra crimes digitais, que geram trilhões de dólares em prejuízos anuais à economia global, mas o projeto enfrenta críticas por sua linguagem vaga e os potenciais riscos à liberdade de expressão.
Embora a assinatura ocorra neste fim de semana, o tratado só entrará em vigor após a ratificação de 40 países. A União Europeia e o Canadá confirmaram sua adesão, destacando que o acordo inclui salvaguardas para proteger os direitos humanos. Já os Estados Unidos não confirmaram presença na cerimônia.
Chamado de “tratado de vigilância” por big techs como Microsoft e Meta, o acordo prevê o compartilhamento de dados entre governos e tipifica crimes como phishing, ransomware, tráfico online e discurso de ódio. No entanto, por facilitar a troca de informações, empresas alertam que o tratado pode tornar as ações de criminosos mais fáceis, não mais difíceis.
Por sua vez, a ONU defende que o pacto fará a resposta a crimes cibernéticos mais rápida e eficaz. No entanto, ONGs e especialistas alertam que a redação ampla também pode ser usada por governos autoritários para perseguir opositores ou criminalizar hackers éticos, especialmente aqueles que testam sistemas e expõem falhas nas próprias autoridades.
Durante as negociações, o próprio Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos alertou sobre o risco de definições vagas de crime digital serem usadas para restringir a liberdade de expressão. Contudo, o tratado prevê que os países possam rejeitar pedidos de cooperação que contrariem as leis internacionais.
O Vietnã, país anfitrião do evento, também é alvo de críticas. Em 2025, ao menos 40 pessoas foram presas por crimes incluindo publicações online contrárias ao Estado, segundo a Human Rights Watch. Para o governo vietnamita, o tratado reforça a segurança cibernética e, ao sediar o evento, amplia sua projeção internacional.
Le Xuan Minh, chefe de segurança cibernética do ministério de segurança pública do Vietnã, destacou que o país tem sido alvo crescente de ataques a infraestrutura crítica e grandes empresas. Ele acredita que a cooperação internacional facilitará a identificação dos responsáveis pelos ataques.