Data centers espaciais: empresas projetam computação em órbita diante da demanda crescente de energia da IA. (Montagem/Exame/Getty Images)
Repórter
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 12h36.
A discussão sobre infraestrutura para inteligência artificial ganhou um novo capítulo com a defesa de projetos que levam data centers para o espaço.
A ideia, impulsionada por bilionários como Jeff Bezos, Elon Musk e Sundar Pichai, surge em meio ao avanço das tecnologias espaciais e ao aumento acelerado do consumo energético provocado pela corrida da IA.
Bezos relatou recentemente que “a lua é um presente do universo” ao defender o uso do satélite como ponto de apoio para operações de grande escala. A fala ocorre enquanto Blue Origin e SpaceX trabalham para baratear viagens espaciais e torná-las mais frequentes, segundo o The Wall Street Journal.
Especialistas afirmam que os custos atuais tornam o modelo inviável. Entretanto, análises projetam mudanças a partir da próxima década. Phil Metzger, professor da Universidade da Flórida Central e ex-Nasa, afirma que servidores em órbita podem representar o primeiro caso econômico viável para atividades humanas fora da Terra.
O debate coincide com a declaração de emergência energética feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e com alertas do governo sobre a necessidade de ampliar rapidamente a capacidade elétrica nacional. Empresas de IA têm buscado alternativas próprias enquanto aguardam a expansão da rede.
O xAI, de Musk, usa turbinas a gás para suprir operações, e a OpenAI defende parcerias público-privadas para adicionar 100 gigawatts anuais de geração, afirma o WSJ.
Musk, Bezos e outros executivos argumentam que o espaço permitiria capturar energia solar de forma contínua, sem as limitações climáticas da Terra, além de reduzir custos de resfriamento. A ausência de barreiras regulatórias também é citada como vantagem para acelerar a implantação de infraestrutura.
Bezos afirmou que data centers espaciais poderão superar o custo dos terrestres em algumas décadas. No Google, o recém-anunciado Project Suncatcher prevê o lançamento de dois satélites protótipos até 2027, com foco em hardware para aprendizado de máquina em órbita. A Nvidia também firmou parceria com a Starcloud para estudar aplicações semelhantes.
Musk, por sua vez, amplia sua visão: além de satélites Starlink equipados com lasers e painéis solares de alta capacidade, passou a mencionar a possibilidade de uma base lunar produzindo satélites e lançando-os ao espaço via mass drivers. Ele estima que as gerações futuras desses equipamentos poderiam gerar de 100 gigawatts a 100 terawatts anuais, dependendo da escala.