Tecnologia

Alemanha estuda pagar US$ 2,3 bi para tirar Huawei da segurança do país

Governo avalia usar recursos públicos para cobrir custos de retirada da tecnologia chinesa das redes de telecomunicações

Deutsche Telekom chegou a negociar diretamente com o governo de Merz para utilizar novos mecanismos de financiamento público na substituição dos equipamentos (Getty Images / Allison Shelley)

Deutsche Telekom chegou a negociar diretamente com o governo de Merz para utilizar novos mecanismos de financiamento público na substituição dos equipamentos (Getty Images / Allison Shelley)

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 06h36.

O governo da Alemanha prevê usar recursos públicos para compensar a Deutsche Telekom AG e outras operadoras de telecomunicações pelos custos de substituição de equipamentos da Huawei Technologies Co., segundo informações da Bloomberg divulgadas nesta quinta-feira, 30.

A proposta representaria uma intervenção direta do Estado em redes privadas após anos de resistência das empresas em remover os componentes da fabricante chinesa, citada em diversas preocupações de segurança nacional.

O plano ainda está em fase de discussão e não há decisão sobre se a substituição seria feita de forma gradual ou imediata.O custo total da operação pode ultrapassar 2 bilhões de euros (US$ 2,3 bilhões). Uma das possibilidades avaliadas é o uso de verbas dos orçamentos de defesa ou de infraestrutura, o que ampliaria os gastos federais com a modernização da infraestrutura digital do país, segundo a Bloomberg.

Fundo público e pressões políticas

A medida seria parte de um novo fundo especial de 500 bilhões de euros, criado para fortalecer a competitividade da Alemanha e financiar projetos de infraestrutura. O fundo também serve para contornar os limites constitucionais de endividamento e cumprir os compromissos de gastos militares com a OTAN, uma exigência do governo dos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump.

Embora o Ministério do Interior tenha negado oficialmente conhecimento sobre tal proposta, as discussões estão em andamento. Deutsche Telekom, Vodafone Group Plc e Telefónica SA, que operam redes no país, recusaram-se a comentar, segundo a Bloomberg. A Huawei também não respondeu.

Debate sobre segurança e dependência tecnológica

A substituição de equipamentos da Huawei é uma pauta recorrente na União Europeia, que pressiona os países-membros a reduzirem a presença de fornecedores chineses em suas redes. Enquanto Reino Unido e Suécia já determinaram a remoção completa, a Alemanha vinha adotando uma postura mais cautelosa.

O governo de Friedrich Merz determinou, em 2024, que as operadoras não utilizem fornecedores chineses nas redes principais a partir de 2026 e que substituam os equipamentos em funções críticas de redes 5G até 2029. Ainda assim, a Huawei segue fornecendo estações-base e antenas — consideradas menos vulneráveis a riscos de espionagem.

As operadoras alegam que os produtos da Huawei são mais acessíveis e tecnologicamente avançados do que alternativas ocidentais. A Vodafone manteve contratos de compra de rádios e antenas chinesas em 2025.

A Deutsche Telekom chegou a negociar diretamente com o governo de Merz para utilizar novos mecanismos de financiamento público na substituição dos equipamentos, o que levou à abertura das atuais tratativas.

Segundo a Bloomberg, a empresa influenciou a redação final do acordo de coalizão entre conservadores e social-democratas no ano passado, que acabou suavizando a proibição a fornecedores chineses. A versão final do texto passou a restringir o uso de equipamentos a “componentes confiáveis”, sem mencionar países específicos.

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