Tecnologia

Após renúncia do CEO, startup pioneira em carros autônomos faz nova leva de demissões

Empresa de sensores LiDAR já cortou 30% da força de trabalho em 2024 e enfrenta incertezas após investigação ética contra ex-CEO

Sensores LiDar da Waymo, uma das principais marcas de robotáxis do mundo. (Waymo/Reprodução)

Sensores LiDar da Waymo, uma das principais marcas de robotáxis do mundo. (Waymo/Reprodução)

Publicado em 21 de maio de 2025 às 10h20.

Na esteira da saída de seu fundador e então CEO, Austin Russell, a Luminar Technologies anunciou uma nova reestruturação organizacional e mais uma rodada de demissões, segundo documento enviado à SEC (Securities and Exchange Commission).

A empresa, conhecida por desenvolver tecnologia LiDAR, os sensores ópticos usados principalmente por montadoras para veículos autônomos e assistidos, não revelou quantos funcionários serão afetados nesta nova fase de cortes.

Os desligamentos ocorrem após uma primeira onda que já havia reduzido em 30% o quadro de funcionários, com 212 demissões e um impacto estimado entre US$ 4 milhões e US$ 6 milhões.

Saída do fundador e mudanças no conselho

Fundador da Luminar, Austin Russell deixou o cargo no início de maio, após o início de uma investigação ética, cujo conteúdo não foi detalhado pela companhia. O executivo, que se tornou bilionário aos 25 anos com a abertura de capital da empresa, em 2021, foi substituído por Paul Ricci, ex-CEO da Nuance Communications.

No dia seguinte à mudança na liderança, outro membro do conselho, Jun Hong Heng, também renunciou. De acordo com documento regulatório, sua saída não teve relação com conflitos internos nem divergências estratégicas com a companhia.

De promissora startup à fase de ajuste

A Luminar foi fundada com a promessa de revolucionar o setor de sensores para veículos autônomos, apostando em uma solução de mapeamento óptico por laser com maior alcance e precisão. O mercado comprou a ideia: a empresa abriu capital via SPAC em 2021, numa fusão com a Gores Metropoulos Inc., que avaliou a operação em US$ 3,4 bilhões.

Antes da saída de Russell, a empresa havia levantado US$ 250 milhões em capital, reforçando o caixa para sustentar sua operação e desenvolvimento tecnológico. Ainda assim, os cortes de pessoal e as mudanças na diretoria indicam uma fase de contenção e reestruturação estratégica, possivelmente pressionada por desafios de comercialização e margens em queda no setor automotivo.

Mercado de LiDAR enfrenta consolidação

A Luminar atua em um mercado altamente competitivo e de difícil monetização. Empresas como Velodyne, Innoviz e Hesai também enfrentam dificuldades para converter contratos com montadoras em lucros consistentes.

A pressão por redução de custos e avanços em câmeras e sensores alternativos também desafiam o posicionamento das empresas focadas exclusivamente em LiDAR.

A nova liderança da Luminar terá o desafio de reposicionar a companhia após o desgaste reputacional da saída de seu fundador e da necessidade de rever estrutura e custos.

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