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Publicado em 7 de julho de 2025 às 08h42.
A Xiaomi conquistou o que a Apple tentou, mas não conseguiu: entrar de forma bem-sucedida no mercado de veículos elétricos. Enquanto a gigante americana gastou dez anos e US$ 10 bilhões em seu projeto automobilístico antes de desistir, a empresa chinesa já lançou dois modelos e acumula mais de 200 mil pedidos realizado em apenas três minutos após o lançamento.
Segundo uma reportagem exclusiva da Bloomberg, o fator decisivo para o sucesso da Xiaomi foi uma estratégia ‘pé no chão’: aproveitar designs já consagrados da Tesla e da Porsche, mantendo o foco em preços acessíveis e, acima de tudo, operar no setor mais favorável do mundo — a China.
O país oferece subsídios estatais, infraestrutura consolidada de recarga e uma cadeia de suprimentos atualizados para o setor, de acordo com o levantamento do site.
Enquanto o Project Titan, da Apple, tentou criar um veículo totalmente autônomo, nível 5, com metas ambiciosas e direção instável, o Lei Jun, fundador da Xiaomi, soube aproveitar o tempo e os recursos que tinha à disposição. Segundo a reportagem, ele apostou sua reputação pessoal no que seria seu “último projeto empreendedor”.
Lei usou a força da Xiaomi para se aproximar de grandes montadoras chinesas, como a Geely, para atrair talentos essenciais ao setor. “Lei e o carisma, reconhecimento de marca e ecossistema da Xiaomi não podem ser subestimados”, afirmou Yale Zhang, diretor da consultoria Automotive Foresight, à Bloomberg.
Para Zhang, os jovens chineses, que já são consumidores dos produtos da marca Xiaomi, pensam naturalmente na empresa quando decidem comprar um carro elétrico.
Além disso, a Xiaomi investiu intensamente para controlar sua cadeia de suprimentos. A empresa aplicou mais de US$ 1,6 bilhão entre 2021 e 2024 em empresas de baterias, chips, sensores e outros componentes, reduzindo riscos de interrupções no fornecimento - um problema que enfrentou no passado ao depender de fornecedores externos para seus smartphones.
Mesmo com acusações de que o SUV da marca imita o design da Porsche - a ponto de internautas apelidarem o carro de “Porsche Mi” - a Xiaomi afirma que as escolhas estéticas visaram eficiência, aerodinâmica e desempenho. Apesar de um acidente fatal em março envolvendo o SU7 ter afetado a confiança dos consumidores, o modelo continuou entre os mais vendidos na China.
Hoje, a Xiaomi planeja expandir a produção para 350 mil veículos em 2025 e já fala em vender seus carros fora da China a partir de 2027, como na Alemanha, Espanha e França, de acordo com apuração da Bloomberg.
Ainda que opere em escala muito menor do que gigantes como BYD ou Tesla, a empresa parece ver espaço para crescer. “A Xiaomi é uma novata na indústria automotiva”, admitiu Lei no Weibo em junho. Mas, segundo ele, num mercado movido por tecnologia e inovação, “sempre há oportunidades para os novatos”.