Luana Lopes Lara: fundadora da Kalshi
Repórter
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 09h32.
Última atualização em 16 de setembro de 2025 às 09h40.
A plataforma Kalshi, criada pela mineira Luana Lopes Lara nos Estados Unidos, acertou a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais, antecipou uma recessão americana em 2025 e previu que o Gemini, do Google, superaria rivais no mercado de inteligência artificial. Fundada em 2018, a startup usa contratos de “sim” ou “não” para transformar previsões em dados de mercado — um modelo que já mostrou mais precisão do que pesquisas de opinião tradicionais.
Na prática, os usuários compram contratos sobre acontecimentos futuros, que variam de eleições e recessões a campeonatos esportivos. Cada contrato custa entre 1 e 99 centavos e paga US$ 1 caso o resultado previsto se concretize. Se a maioria aposta no “sim”, o preço desse contrato sobe, refletindo uma probabilidade maior. Essa lógica, inspirada em pesquisas sobre a “sabedoria das multidões”, faz com que os mercados da Kalshi funcionem como termômetros em tempo real.
Foi assim que, em plena incerteza eleitoral, os contratos da plataforma já apontavam Trump como vencedor. O mesmo se deu com a recessão americana em 2025, quando as apostas captaram os efeitos de tarifas e mudanças de mercado antes mesmo dos indicadores oficiais. Mais recentemente, em agosto de 2025, 57% dos apostadores indicaram que o modelo Gemini, do Google, seria considerado o melhor sistema de IA textual, o que se confirmou no mercado global.
A trajetória por trás dessa ideia é a da própria Luana. Nascida em Belo Horizonte, filha de um engenheiro e de uma matemática, cresceu cercada por números — mas sua primeira paixão foi o ballet.
Chegou a dançar profissionalmente na Áustria antes de decidir seguir a carreira acadêmica. Foi aprovada em Harvard, Yale e Stanford, mas escolheu o MIT, onde conheceu Tarek Mansour, seu sócio na Kalshi.
Os dois fundaram a empresa em 2018 com a proposta de aplicar mecanismos quantitativos dos mercados financeiros a eventos do cotidiano.
A lógica é inspirada na chamada “sabedoria das multidões”, teoria segundo a qual grupos grandes tendem a prever com mais precisão do que especialistas isolados. Ao colocar dinheiro em jogo, a Kalshi transforma opiniões em métricas de probabilidade.
Antes de abrir ao público, a Kalshi passou por dois anos de revisão junto à CFTC, a agência que regula derivativos nos EUA. Hoje, é a primeira plataforma totalmente regulada desse tipo no país e já movimenta milhões em contratos.
Com investidores como Sequoia Capital, Charles Schwab e KKR, a startup levantou mais de US$ 30 milhões e ganhou notoriedade por seu caráter de “apostas do bem”: o foco em questões de interesse público, como economia, política e até saúde, dá às previsões um peso que vai além do entretenimento.