Constelação Guowang é gerenciada pela China SatNet
Redator
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 11h19.
Autoridades de defesa dos EUA têm se preocupado há tempos com a possibilidade de a rede de satélites Guowang proporcionar ao exército chinês uma conectividade onipresente, similar à que as forças norte-americanas têm com a rede Starlink, da SpaceX. No entanto, a constelação chinesa pode oferecer muito mais do que uma simples alternativa ao serviço da empresa de Elon Musk.
Apesar da escassez de informações sobre o sistema, algumas evidências sugerem que a rede de satélites pode oferecer uma vantagem tática significativa para as forças armadas chinesas em um possível conflito armado na região do Pacífico ocidental.
Isso porque a Guowang oferece à China conectividade global, monitoramento em tempo real e a capacidade de detectar e rastrear ameaças, como mísseis e aeronaves, em regiões de interesse estratégico. Além disso, ela proporciona suporte a operações militares avançadas, garantindo autonomia e resiliência operacional mesmo em cenários de conflito, sem depender de sistemas externos.Essa constelação é gerenciada pela China SatNet, uma empresa secreta criada pelo governo chinês em 2021. Até o momento, o grupo não divulgou detalhes sobre as capacidades dos satélites Guowang, nem indicou intenções de comercializar seus serviços. Ele tampouco possui um site.
Outro projeto em desenvolvimento é a megaconstelação Qianfan, que se assemelha mais ao serviço comercial Starlink. Esses satélites têm formato plano, facilitando o empacotamento nos foguetes antes do lançamento, uma abordagem de design pioneira da SpaceX. Os primeiros satélites de Qianfan, que totalizarão até 1.300 unidades, começaram a ser lançados no ano passado.
O Guowang é composto por satélites fabricados por várias empresas e lançados em diferentes tipos de foguetes. Seu modelo parece mais alinhado aos dispositivos Starshield, também da SpaceX, mas voltados para uso militar, e aos futuros satélites de rastreamento de mísseis e transmissão de dados da Agência de Desenvolvimento Espacial dos EUA (SDA).
Além disso, a China chama sua versão de "rede nacional", podendo ser comparada à MILNET – a proposta do governo dos EUA para integrar satélites militares em uma rede híbrida, confiável para uma variedade de aplicações.
Nas últimas semanas, o lançamento de satélites Guowang foi acelerado pelo país asiático, com cinco lotes lançados desde 27 de julho. O ritmo é semelhante ao da Starlink, que enviou um lote a mais no mesmo período.
Até agora, 72 satélites Guowang foram lançados, um número ainda pequeno comparado aos 12.992 planejados pela China ou aos 8 mil satélites da Starlink. No caso da Starshield, estima-se que cerca de 200 dispositivos estejam em órbita para inteligência, vigilância e missões de reconhecimento.
A constelação de satélites Guowang poderá acomodar uma gama de instrumentos, como terminais de comunicação via laser, radares de abertura sintética e sensores ópticos. Isso se assemelha muito às capacidades dos satélites Starshield e aos planos dos EUA para desenvolver redes capazes de detectar, rastrear e atingir alvos, criando uma "kill chain" (cadeira de destruição) espacial. Por isso, o monitoramento e a preocupação com as operações da rival.