Nvidia: autoridades chinesas enviaram comunicados a companhias públicas e privadas desencorajando a adoção dos H20, modelo criado pela companhia (VCG/VCG/Getty Images)
Redatora
Publicado em 12 de agosto de 2025 às 07h07.
A China intensificou a pressão para que empresas nacionais evitem o uso dos chips de inteligência artificial H20 da Nvidia, especialmente em projetos ligados ao governo e à segurança nacional, segundo fontes ouvidas pela agência Bloomberg.
A medida complica a estratégia da fabricante americana para recuperar bilhões de dólares em receitas perdidas no mercado chinês e se soma ao embate com o governo de Donald Trump, que recentemente autorizou a retomada dessas vendas sob a condição de receber 15% da receita.
Nas últimas semanas, autoridades chinesas enviaram comunicados a companhias públicas e privadas desencorajando a adoção dos H20, modelo criado pela Nvidia para cumprir restrições impostas por Washington.
Além da Nvidia, a orientação também atinge a Advanced Micro Devices (AMD), que recebeu aval para vender à China o processador de IA MI308 nas mesmas condições.
Os documentos enviados às empresas questionam a preferência por processadores estrangeiros em vez de opções nacionais e levantam dúvidas sobre a segurança e a confiabilidade do H20. Reguladores chegaram a afirmar diretamente à Nvidia que os chips poderiam apresentar vulnerabilidades, o que a empresa nega.
Por ora, a recomendação se limita a aplicações consideradas sensíveis. Fontes ouvidas pela Bloomberg acreditam que o governo pode ampliar a restrição para outros setores. Há precedentes: veículos da Tesla e iPhones da Apple já foram proibidos em instituições e áreas estratégicas por questões de segurança.
A estratégia de Pequim combina preocupações com espionagem e a meta de fortalecer a indústria doméstica de semicondutores, reduzindo a dependência de fornecedores ocidentais.
Embora menos potente que os principais chips da Nvidia, o H20 é valorizado pela eficiência na etapa de inferência de modelos de IA, quando os sistemas identificam padrões e geram respostas. Entre os clientes estão gigantes como Alibaba e Tencent.
Já a Huawei, principal fabricante local de semicondutores, enfrenta dificuldades para produzir componentes avançados em quantidade suficiente para atender a demanda interna.
O endurecimento das diretrizes ameaça reduzir a margem de manobra das empresas americanas no maior mercado de semicondutores do mundo e coloca em xeque a lógica da recente flexibilização das exportações feita por Washington.